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Seguro saúde ganha impulso

Fonte: Jornal do Commercio - RJ

Doze anos após a regulamentação do setor de seguros de saúde suplementar e a criação da Agência Nacional de Saúde (ANS), a ação das operadoras continua passando por transformações, de cunho econômico, social e regulatório. O aumento de renda das camadas mais pobres está abrindo um novo mercado, enquanto o envelhecimento da população obrigará o setor a modificar o seu modelo.

O crescimento econômico do Brasil nos últimos oito anos criou um verdadeiro mercado de planos de saúde para a classe C, D e E. De acordo com dados do instituto de pesquisa Data Popular, 59% dos brasileiros da classe A e B contam com planos de saúde, contra 44% da classe C e 16% da classe D e E. A pesquisa do instituto, realizada com 3 mil pessoas em 143 municípios, aponta ainda que 63% das pessoas com plano de saúde são da classe C, contra 18,6% da A e B, e 18,4% da D e E. Este quadro está mudando, com os números em alta.

Assim como cresce o acesso de pessoas de classes de renda mais baixa a planos de saúde, o mesmo se dá no âmbito de pequenas e médias empresas. O presidente da Bradesco Saúde, Márcio Coriolano, aposta no potencial desse mercado. "O segmento de planos de saúde para pequena e média empresa tem crescido, o que reflete o comportamento da economia." De acordo com ele, o que garante a concorrência no mercado é a diferenciação de produtos.

Coriolano aponta como preocupação constante da empresa ter uma carteira com serviços para todos os bolsos.

Como forma de garantir espaço no segmento de pequenas e médias, a Bradesco lançou um plano 30% mais barato que o comum, o Bradesco Saúde Perfil.

O plano existe nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte (MG), Blumenau (SC), Salvador (BA), Recife (PE) e Campinas (SP), e nos próximos meses chegará Curitiba (PR), e Porto Alegre (RS).

"Por seu caráter regional, ele é mais barato para empresas que os planos nacionais. É uma opção para a empresa pequena", explica Coriolano. "No caso de uma crise, o cliente pode optar por reduzir custos saindo de um plano nacional para o plano Perfil, o que evita a perda do cliente." Crises na economia são preocupação constante de operadoras de planos de saúde, pois o setor sente pesadamente os efeitos de paradas no crescimento.

"O mercado de saúde suplementar vinha crescendo a 5%. No ano passado, por efeito da crise, o crescimento foi de 4,5%", exemplifica Coriolano, deixando claro que o setor de saúde sente com atraso as crises, pois as decisões em relação a planos de saúde são feitas com antecedência pelas empresas.

GOLDEN CROSS.

Cláudio Brabo, diretor de Marketing da Golden Cross, também vê a relação entre o comportamento da economia e o mercado de planos de saúde para empresas. "Com o crescimento no número de micro e pequenas empresas no País, a concorrência nunca esteve tão forte." O executivo acredita que o crescimento na venda de planos para este tipo de empresa deve continuar, com a Região Sudeste na liderança. O Nordeste, no entanto, apresenta bom potencial para crescimento, devido aos investimentos que têm sido feitos pelo governo nos últimos anos, afirma Brabo. "A Golden Cross nota claramente que existe um aumento de participação do Nordeste na nossa carteira de clientes.

Para crescer dentro deste mercado, a Golden Cross acredita ser necessária uma melhora constante no canal de vendas.

O mercado para pessoas físicas cresce de forma diferente.

Desde a regulamentação do setor, a ANS é a responsável por estabelecer preços-teto para os serviços oferecidos pelas operadoras, o que afastou algumas empresas do negócio.

A Golden Cross ainda vende planos para pessoas físicas, mas aposta em crescimento abaixo do ritmo da economia para o segmento. A venda de planos individuais está sendo substituída por planos empresariais e por planos de adesão, que são aqueles em que uma administradora registrada junto à ANS congrega diversas pessoas físicas. As administradoras variam, mas podem ser associações, sindicatos profissionais etc.

SOCIAL.

Hoje, os clientes mais jovens pagam comparativamente mais por seus planos de saúde, subsidiando os tratamentos mais numerosos e mais caros dos idosos. Com o envelhecimento da população, este modelo vai se alterar, alerta o presidente do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), José Cechin.

Segundo ele, as operadoras terão que trabalhar mais com prevenção de doenças, para reduzir custos com futuras internações.

O especialista também acredita que será necessário haver uma diferenciação entre o cliente de risco e aqueles com hábitos saudáveis. "Não me parece justo que duas pessoas, uma com hábitos desregrados e outra com uma vida saudável devam pagar o mesmo valor pelo plano de saúde." Para o diretor técnico da Amil Assistência Médica Internacional, Antonio Jorge Kropf, vão sobreviver neste cenário as operadoras que souberem melhorar a eficiência do modelo assistencial.

"O resultado financeiro tem que ser uma conseqüência natural da eficiência do modelo, seja do ponto de vista do trabalho preventivo de saúde, seja no atendimento." De acordo com ele, é possível reduzir custos, número de atendimentos e de exames desnecessários com ações mais eficientes e uso inteligente da tecnologia

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