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Entrevista do Diário da Manhã com Armando Vergilio

Fonte: Diário da Manhã - GO

Candidato a deputado federal pelo PMN promete esforço no Congresso para aprovar reforma política, propõe leitos públicos para doentes psiquiátricos e internação de jovens viciados em crack

Candidato a deputado federal pela primeira vez, o ex-secretário estadual de Trabalho e Previdência Armando Vergílio (PMN) promete engrossar o time de parlamentares que defendem a votação da reforma política no Congresso Nacional. Para Armando, a aprovação do projeto Ficha Limpa significou um importante passo, mas é preciso dar continuidade ao trabalho de correção das distorções que existem no sistema representativo brasileiro. "Política tem que ser feita por pessoas com as mãos limpas", afirma Armando. Veja os melhores trechos da entrevista concedida ao Diário da Manhã.

DM - Por que o senhor decidiu ser candidato a deputado federal depois de uma carreira bem-sucedida na iniciativa privada?

Armando Vergílio - Me considero uma pessoa inconformada, inquieta. E foi por conta deste inconformismo, aliado a valores éticos e morais que preservo desde pequeno, que decidi ser candidato a deputado federal. A gente vê, com muita tristeza, a corrupção tomar conta do meio político. E isso me deixa determinado a ajudar a mudar essa realidade. A política tem que ser feita por pessoas com as mãos limpas, e tem que ser um instrumento para atender as necessidades daqueles que mais precisam. E não para servir a interesses pessoais, muitas vezes escusos.

DM - O Ficha Limpa, na sua opinião, foi eficiente no expurgo dos maus políticos da vida pública?

Armando - Este foi, digamos, o primeiro passo que precisava ser dado. Por isso tem que ser valorizado. Mas nós temos que fazer uma reforma política completa. Eu vou lutar por isso, é um compromisso que desde já estabeleço. Se for da vontade de Deus que eu possa ter o mandato confirmado nas urnas, eu vou, no primeiro dia, iniciar uma luta para que se faça uma reforma política. Agora, o Ficha Limpa é importantíssimo. Eu torço para que as cortes superiores confirmem a sua total aplicabilidade nessas eleições.

DM - Apesar de ser a primeira vez que disputa cargo político, a sua campanha está muito bem estruturada. Como conseguiu montar essa estrutura? Tem tido facilidade para arrecadar recursos?

Armando - Minha campanha nÃo tem sobra, excesso ou abundância de recursos financeiros, pelo contrário. O que ela tem é planejamento. Organização. Nós temos visto, nos últimos anos, principalmente no Estado de Goiás, campanhas serem feitas na base do improviso. Eu tive a oportunidade de planejar a minha campanha e venho fazendo isso nos últimos três anos. Em 2006, quando eu era secretário do Trabalho do governo Marconi Perillo, eu fui convencido por meus companheiros a me candidatar a deputado federal. Eu até me desincompatibilizei. Saí junto com o então governador Marconi, que renunciou ao mandato para poder ser candidato ao Senado. Só que a minha família entendeu que não era chegado o momento. No início, eu fiquei de certa forma entristecido, e não entendi a postura deles. Só depois fui compreender A minha família estava correta. Era necessário que eu me planejasse melhor. Era necessário que eu pudesse amadurecer mais, que eu pudesse me preparar mais, ter mais conhecimento, ter mais experiência para honrá-los dignamente. Ao disputar um mandato, você é atacado de todas as formas. Começam a inventar um monte de coisa a seu respeito. Principalmente se alguém que vem de forma tão organizada pra a campanha. Agora, tudo que eu arrecadei vai ser declarado de acordo com os ditames da legislação eleitoral. Espero que todos candidatos ajam da mesma maneira. Minha campanha representa a forma como eu vou agir se for eleito. Chega de improviso. Eu vou ter uma atuação planejada no sentido de ouvir a sociedade, me orientando e traduzindo isso em projetos lá na Câmara dos Deputados.

DM - O senhor construiu uma sólida carreira no setor de seguros. Se o senhor for eleito, vai defender os interesses destes grupos na Câmara?

Armando - Eu vou defender, sim, o setor de seguros. Já assumi esse compromisso. As empresas sérias que existem por aí têm de ser valorizadas, porque geram emprego, pagam impostos, geram oportunidades e, principalmente, divisas para o nosso país. É um setor que está crescendo, que está se desenvolvendo. Para quem não sabe, a crise financeira mundial começou nos Estados Unidos, pelo setor de seguros. No Brasil, as nossas empresas se comportaram de forma exemplar. Elas ajudaram o País a criar uma poupança interna, a juntar mais recursos para aplicar no setor produtivo e no financiamento de grandes obras. Então, o setor de seguros merece expandir. Em alguns países, cujas economias se assemelham à do Brasil, o setor de seguros é 8% ou 9% do PIB. Aqui é 3,5%. Então existe espaço para crescer. Minha origem, minha formação é do setor de seguros, e eu acho que ele presta um grande serviço para nação. Agora, na minha vida toda, eu represento os trabalhadores, e não os empregados. Sou presidente da Federação Nacional dos Corretores de Seguros. Dos corretores, vale a pena frisar, e não das empresas corretoras.

DM - Em visita ao Entorno do Distrito Federal, na semana passada, o senhor defendeu a participação ativa do Estado no combate à epidemia de crack. O senhor é a favor da internação compulsória dos jovens viciados?

Armando - Sou, por um motivo óbvio: qual jovem viciado vai aceitar ser internado por vontade própria? A esmagadora maioria não reconhece que enfrenta este problema. Então temos que interná-lo, porque deixá-lo nas ruas é pior. Agora, não é só isso. O Estado também precisa investir na prevenção, e como fazer isso? Criando programas de qualificação profissional, preparando os jovens para o primeiro emprego, oferecendo opções de lazer, cultura, e promovendo a inclusão através do esporte. A internação compulsória precisa ser vista apenas como uma ação emergencial. A longo prazo, investir na prevenção. Eu vou fazer um projeto nesse sentido. O crack tem desestabilizado e até dizimado famílias. São crianças, e o Estado se omite à esta questão. É algo que precisa ser repensado. Outra grande preocupação da sociedade é com os doentes psiquiátricos. Hoje, o doente psiquiátrico não tem como se tratar. Se a família é bem de vida, vai legar então para uma clínica particular. Se é uma pessoa de família humilde, as pessoas não têm opção. Acabaram com os manicômios, que eram realmente degradantes, mas não veio nada para substituir em nome do Estado. Temos que criar, na rede pública de saúde, os leitos psiquiátricos.

DM - O senhor disse que, como deputado, vai buscar recursos federais para viabilizar o projeto de educação e qualificação profissional proposto por Marconi. Qual será a fonte?

Armando - Existe um absurdo que é praticado no nosso País, que ninguém contesta, que é o dinheiro do Fundo de Amparo ao Trabalhador, do FAT. O Fundo de Amparo ao Trabalhador tem recursos vultosos que não pertencem ao governo, mas que o governo fica fazendo contingenciamento. Não deixa esse recurso, que pertence ao trabalhador, chegar às mãos dele e beneficiá-lo, principalmente para área de qualificação. Eles contingenciam para fazer os chamados superavits, em cima de um recurso que não é do governo. Aquilo não é imposto. É recurso do trabalhador. É descontado parte da empresa, parte do trabalhador e tem uma regra: tem que ser usado em benefício do trabalhador. Então isso é uma apropriação indébita. É um crime que está sendo cometido. E eu vou lutar para que os recursos do FAT sirvam para geração de emprego, financiamento de obras, construções, e sirva, principalmente, para a qualificação profissional.

DM - O senhor não é evangélico e recebeu o apoio da igreja. Como isso aconteceu?

Armando - Sou católico e tenho princípios cristãos muito fortes. Tenho tentado, ao longo da minha vida, contribuir sempre com as obras da igreja católica e evangélica. Precisamos é de pessoas que tenham princípios e valores que venham ao encontro daquilo que a igreja defende. A igreja evangélica entendeu a necessidade de ter um cristão representando. Falta o quê? Falta apoio aos projetos que ela desenvolve. Falta alguém que entenda verdadeiramente a importância que a igreja tem e alguém que possa apoiar diuturnamente as obras sociais, que são imprescindíveis para os excluídos.

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