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Médicos abandonam planos de saúde

Fonte: Jornal da Cidade - SE

Dados da Agência Nacional de Saúde sobre as atividades do setor no ano passado, mostram que cerca de 230 mil sergipanos têm plano de saúde. O crescimento no número de usuários em relação a 2008, foi de 9,9%, o dobro da média nacional, que foi de 4,9%. Mas, o número crescente de adesões não tem acompanhado o ritmo de médicos que aderem aos planos, na avaliação do Sindicato dos Médicos de Sergipe (Sindimed).

O presidente do Sindicato dos Médicos de Sergipe, José Menezes, disse que os médicos estão se descredenciando dos planos de saúde porque as operadoras não negociam com a classe. “Os planos de saúde reajustam anualmente as suas mensalidades, mas não querem reajustar os honorários dos médicos”, disse José Menezes.

Cerca de 30% dos médicos abandonaram os planos de saúde, segundo o Sindimed. De acordo com José Menezes, o número de médicos que atendem pelos planos está reduzindo a cada ano. “São poucos os que atendem pelos planos, isso porque os planos vendem o trabalho dos médicos e não querem remunerar”, estimou.

José Menezes informou que os médicos recebem em torno de R$ 40 e R$ 50 por consulta, cujo valor só é pago cerca de três meses depois do procedimento realizado. “A CBHPM já está na 5ª edição com valor de consulta de R$ 52 e nem isso é pago aos médicos”, falou ao se referir à Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM).

Ele explicou que essa situação acontece em todo o Brasil e que a categoria vem discutindo nacionalmente a implantação do CBHPM e formas de melhorar a remuneração e condições de trabalho do profissional. O presidente do Sindimed disse que apenas a Petrobras remunera as consultas dos médicos conveniados ao seu plano de saúde com valores que chegam a R$ 80. “A Petrobras como estava perdendo muitos médicos conveniados aumentou para R$ 80 o valor da consulta”, disse. Segundo ele, muitos médicos estão optando atender apenas particular ou em clínicas populares onde a consulta é de R$ 50 e paga de imediato.

Referência

Em dezembro do ano passado, havia em Sergipe 12 operadoras de planos de saúde, entre elas a Unimed que detém 40% dos usuários de planos de saúde no Estado. São cerca de 85 mil usuários, o que confere a ela o título de ser a maior operadora de Sergipe. Em segundo lugar aparecem os planos de auto-gestão (Petrobras, Cassi, etc.).

Para José Menezes, por ser o maior do Estado e por se tratar de uma cooperativa médica, a Unimed deveria ser um referencial para os demais planos. “A própria Unimed é que deveria dar o exemplo por ser uma cooperativa médica”, opinou. Mas, segundo José Menezes, a Unimed é um dos planos que mais mal remunera o profissional (ver boxe com a explicação da Unimed).

Reajuste

Somente este ano, a maioria das operadoras dos planos de saúde teve autorização da Agência Nacional de Saúde (ANS) para reajustar os preços dos planos vendidos em até 6,73%, índice maior do que a inflação para o período. Para cinco operadoras com planos de saúde mais antigos, o reajuste variou entre 7,3% e 10,91%, autorizado na última semana de julho.

Cerca de 5 médicos se desligam da Unimed por ano

O desligamento de médicos na Unimed é mínimo, segundo assegurou o assessor jurídico da Unimed, Marcos Andrade. Segundo ele, desligam-se do plano em média cinco médicos por ano por razões diversas, entre elas, a opção de atender somente a particulares.

De acordo com o assessor, a Unimed tem 750 médicos cooperados nas mais diversas especialidades na capital e no interior. “Em algumas especialidades médicas há carência, de fato, como há na rede pública e em todos os planos de saúde do país, como pediatria e ortopedia”, falou.

Para operacionalizar melhor o sistema e suprir as carências de médicos, ele disse que a Unimed recentemente abriu processo seletivo para ingresso de novos cooperados na área da endocrinologia. Foram ofertadas seis vagas, mas apenas duas foram preenchidas. “Faltam especialistas”, atestou

Marcos Andrade destacou que a dificuldade de marcação de consultas reside, na maioria das vezes, na eleição do usuário que insiste em ser atendido apenas por um médico. Outro aspecto é que o médico não atende apenas pela Unimed, mas a particulares e a outros convênios. “Por uma questão ética, não podemos interferir na agenda do médico”, disse.

Ele explicou que como o médico atende não só pela Unimed, ele destina uma cota diária a cada um dos tipos de atendimento. Acontece que, pela demanda da Unimed ser maior, isso explica porque o mesmo médico só atende ao usuário da cooperativa para dois três meses depois, enquanto que o particular é atendido no mesmo dia ou no dia seguinte.

Remuneração

Com relação à queixa da baixa remuneração, ele explicou que a Unimed não remunera o seu médico por ele ser um cooperado. “Os médicos da Unimed não são credenciados, mas cooperados, isso quer dizer que são donos, também. Enquanto os demais planos remuneram com base nos serviços que prestam, na um Unimed, a nossa forma de remuneração é sob forma de rateio daquilo que a Unimed arrecadou e de acordo com a produção de cada um”, informou. Ele disse, ainda, que a cooperativa oferece outros ganhos ao cooperado, como plano de previdência, de saúde e um fundo de amparo.

Marcos Andrade assegurou que a Unimed não atrasa os repasses feitos aos médicos. “Não atrasamos, até mesmo porque sofreríamos penalidades da ANS, que exerce um controle rigoroso sobre as operadoras”, disse.

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