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Previdência Privada: Consumidor está disposto a correr riscos maiores

Fonte: Valor Econômico

Para conquistar e atender o consumidor interessado em otimizar sua poupança, as empresas de previdência lançam novidades em tipos de fundos e treinam um batalhão de pessoas para explicar de forma simples os benefícios fiscais dos planos de previdência conhecidos como PGBL e VGBL. "Essas são apenas siglas de uma enorme grade de portfólios de produtos com incentivos fiscais por se tratar de um investimento de longo prazo", diz Aura Rebelo, diretora de marketing da Icatu Seguros.

"As pessoas começam a perceber que as aplicações financeiras não rendem tanto quanto na época inflacionária. Por outro lado, existe a previsibilidade de poder planejar como usar o dinheiro e o tempo em seu próprio benefício", diz Osvaldo do Nascimento, diretorexecutivo do Itaú Unibanco.

O casal de dentistas Lúcia e Ruy Oliveira percebeu há dez anos que o futuro dependia deles mesmos. "Minha contribuição ao INSS é a mínima, pois sei que o governo não vai atender as minhas necessidades", diz Ruy, que tem dois tipos de planos, PGBL e VGBL. "Aproveitamos os incentivos fiscais dos dois produtos." Boa parte dos R$ 209 bilhõesem reservas dos planos de previdência está aplicado em títulos de renda fixa, principalmente os atrelados ao governo. "Mas o consumidor começa a entender que há risco também em títulos conservadores e que há oportunidades de ganhos em outros tipos de investimentos que oferecem um risco mais elevado, como as ações", diz Hélio Kinoshita, que recentemente assumiu a presidência da operação local da MetLife, uma das maiores administradoras de planos de previdência dos Estados Unidos.

A participação de ações em fundos de previdência é pequena no Brasil, com cerca de 12% do total investido, diante de uma média de 40% nos países com indústrias maduras.

"As pessoas começam a entender melhor o sobe e desce da bolsa e a saber avaliar os resultados no longo prazo", diz Marco Antonio Rossi, presidente da Federação Nacional de Previdência Privada e de Vida (Fenaprevi) e da Bradesco Seguros e Previdência.

Além disso, cresce o número de empresas com ações em bolsas e o investidor passa a ser estimulado a aproveitar a oportunidade de ser sócio de companhias que buscam recursos no mercado acionário.

"Nesse sentido a assessoria e a transparência na informação são fundamentais, bem como mostrar consistência e disciplina na gestão de ativos, com uma visão estratégica e de longo prazo no momento de construir as carteiras", diz Mauro Guadagnoli de Sousa, superintendente comercial da Brasilprev.

O otimismo dos executivos é embalado pela estabilidade monetária e aumento de emprego e de renda. Mas há três "más notícias" e uma boa para o investidor privado, segundo o economista e autor de vários livros sobre o tema, Fábio Giambiagi.

A primeira "má notícia" é que, se o país der certo, a pessoa vai ter que contribuir com um percentual maior do seu salário. "Nos últimos 20 anos, parte do esforço de formação de capital na conta de cada participante veio dos juros exorbitantes que o país teve no período, ao passo que se o país evoluir positivamente, os juros vão ser menores e parte do que cada um poupava deixando os juros capitalizarem terá que vir de uma maior poupança", afirma.

Asegunda é que as pessoas vão viver mais tempo: se o indivíduo faz as contas pensando em ter uma poupança que gere uma renda complementar X até a idade Y, "pode dar o azar de algo dar errado neste planejamento, como aconteceu com Silvio Santos".

A terceira "má notícia", segundo Giambiagi, é que possivelmente o indivíduo "dormiu no ponto" e ao invés de ter começado a poupar aos 20 anos, vai fazer a conta de quanto precisará poupar e descobrir que uma renda complementar vai lhe custar muito mais caro do que se ele tivesse começado a poupar mais cedo.

A boa notícia, segundo ele, é que a indústria de fundos de previdência está cada vez melhor, a regulação vem se aprimorando, a expertise na área é crescente, a profissionalização é grande e o dinheiro dos depositantes em geral é bem cuidado, o que deixa o país anos luz à frente em relação a situação que o setor vivia há 20 ou 25 anos e muito à frente de outras economias emergentes.

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