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Movimento garantido

Fonte: Valor Econômico

Diferente dos enigmas "quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha", ou "tostines é fresquinha porque vende mais ou vende mais porque é fresquinha", o mercado de seguros sabe exatamente por que tem crescido três vezes acima do Produto Interno Bruto do Brasil (PIB) na última década, chegando em setembro deste ano a uma carteira de investimento acima de R$ 270 bilhões.

Boa parte desse bolo veio dos 30 milhões de novos consumidores que ingressaram no mercado brasileiro.

Para evitar solavancos em um setor essencial para o crescimento sustentável da economia, o governo reforma o arcabouço legal da indústria de seguros, adotando, inclusive, padrões internacionais de transparência e solvência.

As seguradoras brasileiras, mais confiantes e assediadas por uma demanda de consumidores locais e investidores internacionais, passaram a reinventar suas operações. Milhões de reais estão sendo investidos em projetos que vão de tecnologia para dar vazão ao crescimento até programas de educação financeira para disseminar a cultura de seguro no país.

"O investimento foi grande para termos uma operação de seguro popular, que cresce em uma velocidade impressionante", conta Marco Antonio Rossi, presidente do Bradesco Seguros e Previdência, dono de uma fatia de 25% do mercado brasileiro. O grupo tem sido convidado por diversas empresas e entidades do mundo para expor a iniciativa do lançamento, no início deste ano, do seguro desenhado inicialmente para moradores das favelas Rocinha, do Rio de Janeiro, e Heliópolis, em São Paulo, "Já vendemos mais de 350 mil apólices em todo o Brasil", diz Rossi, impressionado com o interesse de estrangeiros pelo setor de seguros em recentes eventos em Londres e Nova York.

A aposta local no setor aguça os estrangeiros, que se debruçam sobre as estatísticas.Em2009, o mercado de seguros brasileiro alcançou faturamento recorde de R$ 107 bilhões, crescimento de 11% sobre 2008, considerando-se todos os segmentos (seguro gerais, seguro-saúde, vida e previdência e capitalização). Para 2010, a estimativa é de crescimento acima de 15%, com uma carteira de investimento acima de R$ 210 bilhões que cresce num ritmo superior ao PIB na última década.

"O seguro é o grande garantidor dos investimentos do país.

Nos próximos cinco anos, a indústria de seguros vai continuar evoluindo muito acima do crescimento da mesma indústria em outros países", aposta Thomaz Cabral de Menezes, CEO da SulAmérica.

Todo esse investimento e crescimento só foi possível porque a equipe econômica se desdobra, mesmo com a volatilidade dos mercados mundiais, para manter índices atraentes, como inflação sob controle, robusto crescimento do PIB, taxas de juros reduzidas e a flutuação cada vez menor da moeda local em relação às principais moedas.

São fatores que transformam o Brasil em um local atraente para os investidores. "O tamanho do país sempre atraiu atenção, mas o fato de agora existirem projetos muito concretos para o futuro, até mesmo com data para serem implementados, faz deste um momento muito especial", diz Patrick Mailloux, chefe de América Latina da Swiss Re, que junto com o International Finance Corporation (IFC), braço financeiro do Banco Mundial (Bird), tornou-se sócio da UBF Seguros há dois meses.

Mailloux repete o tema central da opinião de mais de cem empresas estrangeiras que chegaram ao Brasil desde 2009 em busca de oportunidades. "Da perspectiva de uma resseguradora, temos que mencionar a crescente penetração dos seguros e a abertura do mercado de resseguros, de modo que a questão não seja o tamanho da oportunidade, mas a competição forte e a possibilidade de alcançar o retorno esperado sobre o capital alocado", destaca.

As estrangeiras que já estavam aqui ganharam fama de maior operação do grupo fora da matriz, com a Liberty Seguros, subsidiária de uma das maiores seguradora americanas.

"Somos hoje a maior operação do grupo fora dos Estados Unidos", afirma o presidente Luis Maurette. A Liberty investiu na compra da Indiana Seguros, em 2008, e no início da operação de duas unidades do grupo: a Liberty International Underwriters (LIU), especializada em seguros de grandes riscos, e a Liberty Syndicates, ligada ao Lloyd"s of London, centro mundial de negociações de contratos de seguros e de resseguro.

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