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O seguro do futuro

Fonte: Isto é Dinheiro

Reconhecimento de imagem por computador, vendas pelas redes sociais. Eis as ferramentas, dignas de filmes de ficção, que vão mudar a maneira de você proteger seus bens.

Cena 1: você entra em uma agência bancária ou no escritório de sua seguradora. Uma câmera captura sua imagem. Um programa faz a varredura dessa imagem, encontra seu rosto e define seu gênero (homem ou mulher) e sua idade.

Sem que você tenha dito nada nem apertado qualquer botão, um funcionário, que nunca o viu antes o chama pelo nome e trata da renovação do seu seguro de vida – sem esquecer da última mudança de endereço e dos resultados dos exames médicos mais recentes.

Cena 2: seu automóvel recebe um sensor. Cada vez que você se aproxima de uma região da cidade onde há muitos assaltos, uma voz se faz ouvir: “Mude seu caminho, aqui é perigoso.”

Os avisos também aparecem se você avançar um sinal fechado ou ultrapassar a velocidade máxima permitida. Caso insista em barbarizar ao volante ou andar por caminhos tortos, você vai pagar bem mais caro na próxima renovação de sua apólice contra roubo de automóvel – ou pode até não ter sua proteção renovada.

Essas cenas, que parecem saídas do filme Minority Report, do galã Tom Cruise, podem tornar-se realidade em pouco tempo. “Os recursos já estão plenamente disponíveis e as seguradoras já estão em fase de testes”, disse à DINHEIRO Michael Redding, diretor do departamento de tecnologia da consultoria Accenture, que realizou um seminário sobre seguros em Sophia Antipoli, na França, em 10 de março.

Segundo Redding, duas companhias de seguros alemãs já estão desenvolvendo projetos-piloto para equipar os veículos de seus clientes com os sensores.

Pouco maiores que um maço de cigarros, esses equipamentos podem fornecer não apenas a localização do veículo em tempo real, mas também permitem identificar o trajeto de rotina e a maneira de dirigir.

“Se o motorista esticar as marchas, acelerar e frear subitamente ou conduzir seu veículo habitualmente por regiões perigosas, essas informações serão enviadas à seguradora”, diz Redding. “Elas serão usadas para calcular o risco do segurado – e vão alterar o preço de sua apólice.”

O uso crescente da tecnologia permitirá que as seguradoras disponham de uma massa de informações que cresce exponencialmente e possam usá-las para avaliar o risco de cada cliente com precisão.

Essa capacidade, porém, traz um conflito ético. Se a seguradora pode saber em tempo real se o carro do cliente está estacionado ao lado de um cinema (ou bar ou motel) às quatro da tarde de uma terça-feira, não há garantia de que essa informação não seja transmitida ao chefe – ou ao cônjuge – do segurado no caso de um processo trabalhista ou em uma separação litigiosa.

Redding avalia que o uso das tecnologias não precisa ser obrigatório. “O cliente que valorizar sua privacidade terá a opção de pagar mais caro pelo seguro e não instalar o equipamento”, diz. Mesmo assim, não é uma discussão fácil. “Muitos clientes podem considerar esses sistemas muito invasivos. E eles são mesmo.”

Questões éticas à parte, ferramentas como essas vão provocar mudanças drásticas em breve no mundo das seguradoras. “As empresas vão ver uma operação muito mais automatizada”, diz Raphael de Carvalho, sócio da Accenture no Brasil. Um exemplo simples é o da renovação das apólices.

Cada vez mais segurados estão dispostos a renová-las pela internet. “Será um movimento parecido com o que ocorreu no caso das transações bancárias, da compra de passagens aéreas ou no da reserva de hotéis”, diz Carvalho. Um exemplo: na companhia inglesa Progressive, 90% dos clientes resolvem seus assuntos de seguros pela internet.

Parece excessivamente Primeiro Mundo? Pense de novo. Uma pesquisa ouviu seis mil pessoas em 19 países, 400 delas no Brasil. A conclusão: 12% dos entrevistados dispensam a atuação de um corretor. Mais significativo, esse percentual dobra nos próximos 12 meses.

A vinda de novas tecnologias vai colocar em discussão um tema que é tabu no Brasil: o percentual da fatura que fica com o corretor. Segundo Carvalho, as estimativas do setor são de que 20% do preço das apólices de automóveis vai para esses intermediários. “O valor da comissão não aparece na hora da contratação do seguro, mas o consumidor tem direito de saber quanto está pagando de comissão de corretagem”, diz ele. Só essa discussão vai provocar emoções mais fortes do que qualquer roteirista de cinema poderia imaginar.

A nova face dos riscos

O desenvolvimento acelerado da tecnologia não é o único desafio que terá de ser enfrentado pelas seguradoras. “Elas terão de lidar com um ambiente em que os riscos estão maiores e menos previsíveis”, diz Thomas D. Meyer, diretor da Accenture responsável pelos seguros na Europa, África e América Latina.

Para ele, as mudanças climáticas elevam os riscos de catástrofes como as enchentes recentes na Austrália e na Nova Zelândia. Outro problema é o envelhecimento acelerado da população, que vai gerar uma pressão elevada sobre os sistemas de previdência, tanto estatais quanto privados.

Isso em um ambiente no qual os clientes serão mais exigentes em relação à qualidade do serviço e aos preços, e no qual as autoridades vão elevar o rigor da fiscalização e endurecer as normas, especialmente depois de a crise de 2008 ter vitimado várias companhias americanas. “As empresas terão de alterar a forma como calculam os riscos, estabelecem seus preços e distribuem seus produtos”, diz ele.

Nesse cenário é possível prever duas grandes mudanças. Uma delas é na maneira de distribuir produtos. Em vez dos meios tradicionais, o setor vai depender pesadamente da tecnologia e buscar alianças estratégicas com empresas além do mercado financeiro. “Um bom exemplo vem da Índia, onde uma empresa de pneus, a Alliance, usa sua rede para vender seguros”, diz ele.

No Brasil, essa mudança será menos visível devido às restrições legais que garantem a existência dos corretores. Mesmo assim, as companhias vão depender cada vez mais do varejo para distribuir produtos massificados, como os seguros de garantia estendida para eletrodomésticos e os microsseguros.

O perfil das seguradoras também vai mudar. Segundo Meyer, uma pesquisa realizada pela consultoria com cerca de 650 seguradoras em todo o mundo mostra que sua rentabilidade patrimonial vem caindo de uma faixa entre 15% e 20% ao ano na década passada para um intervalo entre 10% e 15%.

“Os riscos maiores vão forçar essas margens ainda mais para baixo nos próximos anos.” Por isso, as grandes companhias que vendem apenas alguns produtos vão dar lugar a firmas especializadas. “Haverá os gigantes supranacionais, que vão atuar em todos os mercados e vendendo todos os produtos; haverá os especialistas em um determinado tipo de risco e também aqueles que vão agir apenas em nichos muito específicos de mercado”, diz Meyer.

Em todos eles, porém, o denominador comum será o uso cada vez mais intensivo da tecnologia e das redes sociais. “Os distribuidores mais eficientes serão o Twitter e o Facebook.”

Nota do blog: Em parte da matéria o sr. Raphael de Carvalho, sócio da Accenture, tenta passar que o Corretor de Seguros onera o custo do seguro no Brasil,  o que é uma grande mentira. O Corretor de Seguros atua sempre para pesquisar entre as diversas seguradoras, que atuam no mercado, a que oferece a melhor opção levando em consideração o perfil do cliente, apresentando assim a proposta que mais se adequa às suas necessidades. O custo das apólices podem variar até mais de 100% dependendo da seguradora, sabendo que existem dezenas delas, é fácil visualizar a importância do Corretor de Seguros na indicação do melhor contrato para o segurado. Só o sr. Raphael de Carvalho não vê isso.

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