Breaking News

Mercado de seguros avança com obras do PAC, da Copa e Olimpíada

Fonte: Brasil Econômico

Parece contradição, mas a falta de maturidade do país é vista por especialistas como alavanca positiva para o fechamento de negócios

O mercado brasileiro de seguros, que passou de uma participação de 3,05% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2005 para perto de 3,45% no ano passado, vem crescendo a taxas de dois dígitos nos últimos anos e em 2011 não será diferente, asseguramos especialistas, que vão além e projetam uma sólida expansão para o setor ao menos até a Olimpíada,em2016. Aliado a esse evento e à Copa do Mundo, em 2014, que deverão movimentar substancialmente a economia, o crescimento sustentável estimado para o Brasil ao longo dessa década permitirá um aumento e maior distribuição de renda, melhora no nível de emprego e, em consequência, o avanço desse mercado, explicam os executivos, sem pestanejar. Eles avaliam também que o setor terá um novo redesenho, com a criação de novos ramos, outros ganhando maior importância e consolidação dos que já lideram o mercado.

Jorge Hilário Gouvêa Vieira, presidente da CNSeg, diz que as grandes obras de infraestrutura que estão sendo implementadas no âmbito do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e para o país sediar as duas competições internacionais vão impulsionar os segmentos de riscos, empresarial e seguro-garantia nos próximos anos. O executivo aposta nos seguros residenciais e agrícolas também como áreas promissoras. "Mitigar riscos não é parte da cultura do brasileiro, mas isso está mudando", diz Vieira.

Luiz Pomarole, vice-presidente de produto da Porto Seguro, baseia-se nos investimentos que estão sendo anunciados em logística, reforma e construção de estádios e hotéis para estimar que alguns segmentos podem crescer em torno de 50% nos próximos cinco anos, em relação a período idêntico imediatamente anterior, como o seguro patrimonial. "O de riscos de engenharia deverá crescer proporcionalmente aos investimentos em obras", observa.

"O crescimento da participação do mercado segurador no PIB demonstra o potencial do setor no Brasil, em relação a outros países onde ele já está maduro", analisa o vice-presidente de negócios e varejo do Banco do Brasil (BB), Paulo Rogério Caffarelli. O setor, que espera atingir 8% do PIB brasileiro, sem considerar saúde, em cinco anos, ainda está realmente longe da participação próxima ou acima de 10% que as seguradoras têm do PIB, por exemplo, nos Estados Unidos, Japão e Inglaterra.

Caffarelli também avalia que os ramos de riscos e voltados a empresas vão ganhar importância, mas lembra das mais de 30 milhões de pessoas que nos últimos passaram a compor a gorda classe C brasileira e aposta no crescimento do seguro popular e no avanço do microsseguro, ainda não regulamentado.

"Esse cenário todo positivo da economia brasileira nos últimos anos, e que deve evoluir, proporciona uma capacidade de poupança que a população não tinha antes e parte dela tem sido direcionada aos seguros", explica Marco Antonio Rossi, presidente do Grupo Bradesco Seguros. As companhias também têm contribuído fortemente para um maior desenvolvimento do mercado, acredita Rossi, ao se modernizar e desenhar produtos que atendam às necessidades dos novos consumidores de seguros e agreguem serviços e benefícios.

"Com criatividade, o mercado pode crescer mais. Mas tem sido um grande desafio criar produtos para essa classe C que está emergindo", complementa Pomarole.

Além da criatividade das empresas para atingir os novos consumidores, Pomarole avalia que os órgãos reguladores e o governo poderiam colaborar para uma maior inserção do seguro na sociedade com a flexibilização de regras e redução de tributos.

"Hoje, não se pode emitir apólice via web e a franquia também não pode ser parcial", ele cita como exemplo de normas que encarecem o produto. Na área de automóveis, o executivo acredita que se a legislação não fosse tão rígida-só permite a reposição de peças novas e originais - o seguro poderia chegar às pessoas que hoje têm veículos, mas não podem arcar com esse custo. "Se queremos uma indústria de seguros forte, é preciso incentivar a criação do seguro popular", diz. "O seguro de automóvel é tradicional, mas tem grande espaço de crescimento, pois a frota segurada não atinge 40% do total de carros no país", afirma Ney Ferraz Dias, diretor da Itaú Seguros de Autos e Residência, que enfatiza que os seguros de automóveis e residência devem continuar relevantes para o crescimento do setor.

Nem as restrições ao consumo que o governo vem implantando desde o fim de 2010 a fim de conter a inflação-especialmente as que atingem a oferta de crédito- irão assustar o consumidor, avalia o vice- -presidente comercial da SulAmérica, Matias Ávila. "Com Copa, Olimpíadas e a economia muito ativa é muito difícil frear o consumo." A SulAmérica, ele informa, está ampliando suas filiais para 70 até o final do ano, ante as 60 atuais, para buscar maior crescimento nesse mercado em franca expansão. A ACE seguradora também quer aproveitar os bons ventos e segue estratégia idêntica de expansão geográfica para dobrar o faturamento nos próximos cinco anos, afirma José Altair Couto, seu diretor de filais e marketing. Este ano, a empresa inaugurou três novas sucursais, elevando para treze o número de unidades, e até julho deverá abrir mais quatro.

Nenhum comentário

Escreva aqui seu comentario