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Malucelli arma o jogo

Fonte: Isto É Dinheiro

Após venda de participação para a americana Travelers, seguradora paranaense avança no mercado internacional de resseguros

Alexandre Malucelli, principal executivo do braço de seguros do grupo paranaense J. Malucelli, tem passado muitas horas a bordo de aviões de carreira. No ano passado, foram várias viagens aos Estados Unidos para acertar a venda de 43% das ações da seguradora à americana Travelers por US$ 370 milhões. Nos últimos meses, Malucelli mal tem parado no QG do grupo, em Curitiba. Sua meta é transformar a companhia na primeira resseguradora privada brasileira a atuar em outros países da América Latina. “Seremos uma grande empresa de resseguros latino-americana, em três anos”, diz ele.

"Temos equipes para montar produtos para a Copa" - Alexande Malucelli

Sua aposta nos resseguros – a proteção que as seguradoras compram contra grandes catástrofes – é antiga. A J. Malucelli Re foi a primeira empresa brasileira a ser criada após a quebra do monopólio estatal do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), que começou a ruir em 2007, e agora avança para uma desregulamentação maior do mercado. Malucelli diz estar otimista com as perspectivas para os próximos anos. Segundo ele, esse mercado movimentou R$ 4,6 bilhões no Brasil, no ano passado, e a J. Malucelli ficou com uma fatia de R$ 200 milhões desse bolo, ressegurando projetos como a hidrelétrica de Belo Monte.


“Há espaço para empresas brasileiras e internacionais, e também muitas oportunidades de consolidação, pois o mercado ainda é bastante fragmentado”, diz Paulo Pereira, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Resseguros (Aber). Malucelli não se intimida com a concorrência. Para ele, os grandes projetos de infraestrutura previstos para os próximos anos vão sustentar o crescimento da empresa. “Temos equipes dedicadas para montar produtos visando a Copa do Mundo e a Olimpíada.” A musculatura do grupo paranaense foi fortalecida com o acordo fechado com a Travelers, uma das maiores companhias de seguros dos Estados Unidos, que está autorizada a elevar sua participação no capital da seguradora para 49,99%, nos próximos 18 meses, injetando mais US$ 60 milhões no negócio.

No entanto, quem conhece o mercado avalia que o apetite dos americanos pode ser maior. Um movimento como esse não seria novidade para a J. Malucelli. Em 2004, o grupo vendeu 85% da seguradora para o fundo de private equity Advent International Corporation. Três anos depois, quando ocorreu a abertura de capital do Paraná Banco – que controla a companhia – parte dos recursos foi empregada na recompra das ações. Fôlego financeiro não faltará: o grupo, fundado em 1966 pelo empresário Joel Malucelli, a partir de uma construtora, faturou R$ 1,2 bilhão em 2010 com suas 62 empresas, que atuam em dez setores, das finanças às concessões rodoviárias, passando pela geração de energia, telecomunicações e até mesmo um time de futebol, o Sport Club Corinthians Paranaense.

Bola em campo: investimentos do grupo passam pelos seguros, concessões rodoviárias e
a franquia do time de futebol Sport Club Corinthians Paranaense

No ano passado, o lucro líquido foi de R$ 110 milhões. A J. Malucelli Seguradora também manterá o foco em sua atuação com seguro-garantia, que visa garantir uma obrigação contratual entre empresas. Com um faturamento de R$ 350 milhões, já é uma das maiores do Brasil, com participação de mercado em torno de 30%. “Este deve continuar sendo nosso principal negócio por mais um tempo”, diz Malucelli.A ideia é conquistar novos clientes e se manter à frente da forte concorrência de empresas segmentadas, como a UBF Seguros, que tem como sócios a resseguradora Swiss Re e a International Finance Corporation, uma agência do Banco Mundial.

A J. Malucelli também prepara o retorno ao segmento de seguros gerais voltados para clientes corporativos, que havia abandonado em 2008, após uma malsucedida experiência com seguros de crédito. “A entrada da Travelers nos permitirá reativar essa linha de negócio”, diz Malucelli. O empresário diz acreditar que a soma de sua carteira de clientes ao conhecimento da empresa americana pode render bons frutos. “Nossa estrutura e a expertise da Travelers devem dar um melhor posicionamento de mercado para a nossa área de seguros-gerais”, afirma.

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