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Por seguro, fraudadores cortam os próprios dedos e matam marido

Fonte: IG Economia

Suspeitas de irregularidades somam R$ 1,9 bilhão em 2010, mas pesquisa mostra que menos gente está disposta a trapacear

Uma pedagoga suspeita de mandar matar o marido para receber R$ 120 mil de seguro no Recife (PE), carros roubados no Rio levados para Santa Catarina, caminhões roubados legalizados em outros Estados, pequenos agricultores catarinenses cortam seus próprios dedos para receber seguro de até R$ 720 mil.

Suspeitas de fraudes em seguros, como essas, somaram R$ 1,9 bilhão em 2010 no Brasil (equivalente a 9,1% dos sinistros), de acordo com pesquisa da CNSeg (Confederação Nacional das Empresas de Seguros), junto a 53 das maiores seguradoras do Brasil.

As seguradoras, equipadas com equipes de investigação e detecção de fraudes, detectaram fraudes no valor de R$ 370 milhões e comprovaram essas irregularidades no total de R$ 290 milhões, que deixaram de ser pagos.

“As fraudes impactam diretamente no bolso dos segurados e contaminam o preço do seguro. Atuar na redução das fraudes é agir em favor do segurado. Queremos estimular ações para gerar um círculo virtuoso e fazer um seguro mais barato, porque aí mais gente compra e temos maior economia de escala”, disse Júlio Avellar, superintendente-geral da Central de Serviços e Proteção de Seguros da CNSeg.

“Na hora em que a população se convencer de que quem paga a conta não é a seguradora, mas a sociedade, todo mundo vai zelar pelo seu”, afirmou o advogado do setor Antônio Penteado Mendonça.

Menos gente disposta a fraudar seguro

A boa notícia é que o índice de pessoas dispostas a cometer fraude caiu quase à metade – de 41% para 24%. Pesquisas quantitativas – 2.000 entrevistados – e qualitativas – 12 grupos de discussão em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Goiânia e Porto Alegre – encomendadas pela CNSeg ao Ibope no fim de 2010 mostram que menos pessoas estão dispostas a fraudar seguros, em comparação com levantamento do gênero feito em 2004.

O Estudo aponta que 73% dos entrevistados dizem que “não fraudariam o seguro de forma alguma”, em comparação com 55% em 2004. As pessoas também consideram mais difícil fraudar o seguro. Só um quarto dos ouvidos afirmou que considera fácil, número 12 pontos percentuais menor que em 2004, 37%.
A explicação para essa melhora não é consensual, mesmo entre os especialistas e foi um dos temas de seminário nesta terça, no Rio.

“Há o componente econômico, o País está melhor, mas sou otimista e acredito que as pessoas estão também com mais consciência em relação à questão moral, à corrupção e à fraude. A Lei de Gerson está perdendo o vigor.

Homens jovens, com ensino médio, são principais fraudadores

Os mais propensos a fraudar – de acordo com os próprios entrevistados – são homens jovens, de 18 a 24 anos, com ensino médio, renda entre dois e dez salários mínimos (de R$ 1.090 a R$ 5.450). Os menos propensos estão entre as pessoas que recebem até dois salários mínimos (R$ 1.090). Para os entrevistados, pessoas com menor poder aquisitivo têm a dignidade como patrimônio e são mais temerosas quanto às punições.

“Precisamos agregar medidas de segurança e ações coordenadas de inteligência e comunicação. Campanhas de informação para divulgar casos práticos e que há punições de prisão para que se entenda que é um crime. Há fraudes de oportunidade, em que um cidadão comum que se deixa seduzir, e tem quadrilha. Ninguém sabe o tamanho total”, disse Renato Pita, superintendente da Ceser.

Casos mais comuns

Apesar dos casos extremos de matar marido e de automutilação, a maior parte das fraudes diz respeito a ações menos dramáticas. Abaixo a lista dos tipos mais comuns de fraudes:

1. Emprestar a carteira do convênio médico para outra pessoa usar

2. Obter mais de um recibo para o mesmo procedimento médico

3. Fazer cirurgia plástica, aproveitando-se de outra operação

4. Combinar o superfaturamento de orçamento em oficinas de conserto de automóveis

5. Omitir fatos na vistoria do veículo

6. Falsificar dados da ocorrência do sinistro em roubo, incêndio ou colisão

7. Contratar seguro de vida, omitindo doença preexistente

8. Contratar seguro de vida, usando informações falsas de médico em atestado de saúde

9. Simular acidente ou a própria morte

10. Atear fogo ao próprio negócio

11. Usar "notas frias" para reclamar prejuízos

12. Declarar perdas inexistentes

13. Usar falsa declaração de roubo

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