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Ações turbinam previdência

Fonte: Valor Econômico

Fundos que aplicam o limite máximo permitido pela regulação em ações lideram os ganhos do setor em outubro, com rentabilidade de 3,93%.

Por Silvia Rosa | De São Paulo

A recuperação do mercado acionário em outubro, com o Índice Bovespa apresentando alta de 11,49%, impulsionou a rentabilidade dos fundos de previdência privada aberta com participação em renda variável, que tiveram a melhor performance do setor no mês passado.

As carteiras que aplicam o limite máximo permitido pela regulação em ações, de 49%, apresentaram o melhor desempenho, com ganho de 3,93% em outubro, segundo levantamento realizado pela NetQuant e Towers Watson.

No geral, todos os portfólios com aplicação em ações conseguiram superar a variação do CDI no período, de 0,88%, enquanto as carteiras de renda fixa não conseguiram bater o referencial.

Para novembro, no entanto, a contribuição das alocações em renda variável deve ser menor, já que o Ibovespa acumulava alta de 0,36% no mês até sexta-feira. "Ainda é esperada grande volatilidade para o mercado acionário neste ano", afirma Marcelo Nazareth, sócio-diretor da NetQuant.

O cenário internacional é de grande incerteza em relação ao desdobramento da crise da dívida soberana na Europa, que ainda deve trazer instabilidade para as bolsas. Depois da Grécia, agora é a vez da Itália entrar no radar dos investidores, que têm demonstrado um aumento da desconfiança em relação aos títulos da dívida soberana do país.

Os fundos com renda variável da Itaú Vida e Previdência foram um dos que se beneficiaram da alta da bolsa em outubro. Os multimercados que investem em cotas Flexprev Fases da Vida 2040 e Flexprev Premium Fases da Vida 2040 apresentaram em outubro rentabilidade de 6,10% e 6,07%, respectivamente.

O resultado foi proporcionado tanto pela alocação de 49% em renda variável quanto pela parte aplicada em títulos públicos atrelados à inflação, as Notas do Tesouro Nacional - série B (NTNs-B).

Os fundos têm uma gestão passiva, tanto na renda fixa quanto na variável, e buscam acompanhar os "benchmarks", no caso o índice IMA-B, para os títulos públicos, e o Ibovespa, para a exposição em ações. "O IMA-B também foi muito bem em outubro e apresentava um retorno de 126% do CDI", afirma Ronaldo Patah, superintendente de renda fixa da gestora do Itaú Unibanco.

O índice que acompanha o desempenho das NTNs-B, cujo retorno é composto pela variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais uma taxa prefixada, apresentou alta de 1,55% em outubro - e acumulava ganho de 12,47% no ano.

Os fundos fases da vida procuram alocar os recursos de acordo com o horizonte de investimento do participante. No caso do 2040, voltado para investidores que planejam a utilizar os recursos daqui a 30 anos, as aplicações em renda variável diminuem ao longo dos anos. "Esses fundos têm mandato definido e não mudam de alocação conforme o risco de mercado", explica Patah, do Itaú.

Na BrasilPrev, os fundos Renda Total Ciclo de Vida 2040 e 2030 trabalham com o mesmo conceito de alocação. As carteiras também apresentaram boa performance em outubro com retornos positivos entre 5,95% e 6,46%.

A alocação em renda fixa, que responde por metade do patrimônio, é concentrada em NTNs-B com prazo superior a cinco anos. Em outubro, o índice que acompanha o desempenho desses papéis, o IMA-B 5+, apresentou alta de 2,38% e acumulava ganho de 11,09% no ano.

Com a perspectiva de queda da taxa básica de juros, as taxas prefixadas dos papéis com prazos mais longos recuaram, trazendo um impacto positivo para os fundos compostos por esses ativos quando marcados a mercado. "Os títulos com vencimento em 30 anos têm oferecido uma taxa em torno de 5,70% mais a variação do IPCA, o que é uma ótima rentabilidade olhando o longo prazo", afirma Augusto Braúna, diretor financeiro, que chegou à Brasilprev há quatro meses, vindo do Banco do Brasil.

No caso da renda variável, os fundos da Brasilprev também têm uma gestão passiva, buscando seguir o Ibovespa. "Eventualmente alocamos uma pequena parcela da carteira em ações ligadas ao setor imobiliário", destaca Braúna, da Brasilprev.

Apesar de os papéis das incorporadoras e construtoras apresentarem um fraco desempenho neste ano, com o Índice Imobiliário (Imob) acumulando queda de 19,79% no ano comparada a recuo de 15,52% do Ibovespa, Braúna vê a aplicação nesse setor como interessante para o longo prazo. "O mercado imobiliário é pouco desenvolvido no Brasil e ainda tem grande espaço para crescer."

Com a recuperação do mercado acionário em outubro, as saídas dos fundos com renda variável diminuíram. Eles fecharam o mês passado com resgate líquido de R$ 616,23 milhões, inferior ao registrado em setembro, de R$ 707, 02 milhões. No acumulado do ano, no entanto, a categoria acumula saída líquida de R$ 5,913 bilhões.

Com um ano pouco favorável para o mercado de ações, as aplicações em renda fixa continuam liderando a captação, que somou R$ 2,726 bilhões em outubro e atinge R$ 24,745 bilhões no ano. "A saída dos fundos de renda variável deve continuar pelo menos até o início de 2012", afirma Nazareth, da NetQuant.

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