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Disputa por participação

Fonte: Valor Econômico

Setor projeta crescimento superior a 15% em 2012 e parte para a diversificação de riscos em nichos e regiões diferentes.

O fim de 2011 marca mais um ano de crescimento nas vendas e nos lucros das seguradoras. A estabilidade da economia brasileira e o aumento da renda ajudaram a amadurecer um mercado que exibe avanço na casa de dois dígitos ao ano na última década.

Cálculos apresentados por Marco Antonio Rossi, presidente do grupo Bradesco Seguros, no Investors Day em Nova York e em Londres em novembro último mostram o poder de fogo do setor: crescimento nominal acumulado de 233,7% entre 2001 e 2010. O faturamento da indústria saiu dos R$ 37 bilhões em 2001 para R$ 125,6 bilhões em 2010.

O segmento de pessoas, que consolida apólices de vida e previdência, avançou 385%. O seguro saúde, que segundo pesquisas é o objeto de desejo mais importante dos consumidores da classe C, perdendo apenas para a casa própria, registrou crescimento nominal de 231,8%. "A expansão da formalização do emprego e a necessidade das empresas de oferecer benefícios para reter mão de obra dão aos segmentos de saúde e dental grande potencial de expansão nos próximos anos", diz Thomaz Menezes, CEO da SulAmérica.

Nesse período, as vendas de seguros gerais, com apólices que garantem o patrimônio dos clientes, saltaram 167%. Já os títulos de capitalização registraram vendas 151% maiores no período analisado. "O Brasil está no radar dos investidores. Apesar dos impactos da crise mundial, o país conta com um ambiente positivo, que estimula projeções da indústria de seguros crescer acima dos 15% em 2011 e 2012, principalmente pelas oportunidades de uma melhor penetração do seguro na sociedade brasileira", enfatiza Acácio Queiroz, CEO da Chubb.

Em 2011, o setor consolidou o crescimento da última década e partiu para diversificar o risco, tanto em nichos como geograficamente. A diversificação em produtos e regiões é um ponto fundamental para as seguradoras manterem a lucratividade. Afinal, a regra básica de um bom gestor de risco é não colocar todos os ovos em uma única cesta. "Na Bradesco, temos segurados em todos os municípios do país e com o lançamento recente da tecnologia que nos permite efetuar venda por meio do celular vamos conseguir ampliar ainda mais nossa penetração", afirma Rossi.

Assim como as vendas, a rentabilidade local apresenta bom desempenho. Segundo dados da consultoria Siscorp, a rentabilidade sobre patrimônio apresentada pelas seguradoras está em 18%. Na Europa, não ultrapassa 10%. Para tornar o pais ainda mais apetitoso, o potencial de expansão é alto, ao avaliar a participação do setor no PIB. Enquanto a média mundial está em 7%, o Brasil apresenta índice de 3,4%. Tal desempenho, aliado ao potencial de crescimento da economia com os mundiais esportivos, PAC e pré-sal, chama a atenção até mesmo das instituições como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), bem como do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird), uma parte do Banco Mundial. Nas contas da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNSeg), o aporte de R$ 300 bilhões estimado na área de infraestrutura no Brasil nos próximos seis anos vai gerar receita de até R$ 8 bilhões para as seguradoras.

O International Finance Corporation (IFC), braço financeiro do Banco Mundial, por exemplo, já entrou de sócio na seguradora UBF, controlada pela Swiss Re, bem como na Terra Brasis, resseguradora local controlada pela Plural Capital. "São negócios que exigem a cobertura de um seguro e por isso a aposta no setor atrai investidores como nós", diz Paulo Botti, que trabalhou 30 anos no Itaú e agora preside a Terra Brasis.

Ao contrário do IFC, que visa apoiar proteção aos financiamentos de grandes projetos de infraestrutura, o foco do BID está no microsseguros, apólices desenhadas para proteger a população de menor renda de imprevistos, como morte ou doença do responsável financeiro. Nancy Lee, técnica do BID, diz que o banco de fomento tem interesse em ajudar a desenvolver o setor de seguros na região. "Nosso interesse está em fomentar a educação financeira como forma de assegurar o crescimento econômico local a partir da garantia de que as pessoas podem contar com apoio financeiro do seguro em casos de catástrofes ou fatalidades".

Quando o assunto é menor renda, o potencial do pais chega a ser comparado com os asiáticos. "O Brasil pode ser a Índia da America Latina em microsseguros", afirma Craig Churchill, presidente da Microinsurance Network, uma rede mundial que reúne grandes instituições privadas e públicas. Há hoje no mundo 500 milhões de consumidores de microsseguros, sendo quase 50% na Índia. A previsão da instituição é de que esse numero irá chegar a 1 bilhão de clientes de menor renda nos próximos dez anos.

Em vista disso, a comunicação, a educação financeira e a sustentabilidade são as principais prioridades do setor para 2012. "Em 2012 teremos muitas novidades nesses dois temas", afirma a diretora executiva da CNseg, entidade que teve como prioridade nos últimos anos inserir o setor de seguros brasileiro na agenda internacional.

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