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Futuro promissor

Fonte: Valor Econômico

Seguradoras avaliam que provisões dos planos de previdência privada devem alcançar R$ 1 trilhão em sete anos. Por Roseli Loturco, para o Valor, de São Paulo

A previdência privada aberta tem sido um dos segmentos do mercado financeiro que mais crescem na última década. De 2001 a 2010, essa indústria viu seus aportes avançarem em média 25,5% ao ano, fazendo inveja a qualquer outra aplicação financeira de longo prazo.

Fatores como longevidade, estabilidade econômica, modernização dos produtos - com a criação dos Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) e Vida Geradora de Benefício Livre (VGBL)-, mesclados ao desejo das pessoas de ter uma situação financeira melhor no futuro alavancaram significativamente esse tipo de investimento. Junte-se a isso uma nova cultura que vem se disseminando entre os brasileiros: a do planejamento financeiro para ter uma vida mais tranquila.

Os números endossam esse cenário. As captações dos planos de previdência complementar aumentaram em 630% na última década, passando de R$ 7,3 bilhões, em 2001, para R$ 46 bilhões no ano passado, segundo levantamento feito pela Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi). As poupanças acumuladas em produtos do segmento (provisões) também registraram forte expansão e avançaram de R$ 20,96 bilhões, em 2001, para R$ 216,2 bilhões, ao final de 2010. Até setembro, o volume de novos investimentos somou R$ 37,3 bilhões, alta de 20,57% ante o mesmo período do ano anterior, e as reservas já bateram os R$ 255 bilhões.

Para os mais otimistas, essa indústria tem fôlego para alcançar o primeiro R$ 1 trilhão em breve. A aposta é que esse patamar virá em sete anos. "Um dos propulsores desse mercado foi, sem dúvida, o controle da inflação, que junto com a regulamentação do setor, que começou rígida com a Lei 6435, e foi evoluindo, teve um importante marco em 2001, com a modernização do sistema, e outro em 2005, com a criação da tabela regressiva. Esses fatores foram fundamentais para o estímulo a este tipo de investimento", afirma Lúcio Flávio de Oliveira, diretor-presidente da Bradesco Vida e Previdência. O executivo salienta que o aumento do poder aquisitivo da população aliado a uma economia melhor estruturada também balizaram os resultados obtidos.

O fato é que, se as previsões da maioria se confirmarem, e as captações mantiverem o ritmo, avançando 20% ao ano, essa conta deve atingir à meta prevista. "Certamente continuaremos a crescer nesse ritmo nos próximos anos, pois a população brasileira está mais preocupada com sua saúde financeira futura. As pessoas sabem que irão viver mais e querem se preparar para isso", considera Sérgio Rosa, presidente da BrasilPrev.

Outro indicador de crescimento potencial dessa indústria é a sua baixa representatividade em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). Que hoje não chega a 10%. "Nos países desenvolvidos a participação da previdência complementar no PIB varia de 40% a 80%, o que demonstra que temos muito a avançar", compara Osvaldo Nascimento, diretor executivo de investimentos e previdência do Itaú Unibanco.

A crise financeira internacional que teve seu ápice em 2008 passou ao largo da indústria de fundos de previdência no Brasil. Enquanto algumas seguradoras gigantes internacionais desabaram, como a americana AIG, por aqui elas continuaram a crescer pegando carona no aumento da renda da população brasileira. Esse cenário mostrou, na opinião de especialistas, a solidez das empresas nacionais, o que tranquiliza o poupador e o faz ter mais confiança no mercado. O Brasil tem a vantagem de possuir uma regulação mais rigorosa do que outros países. "Os recursos dos planos têm que ser segregados em fundos exclusivos, totalmente desvinculados das contas da seguradora. Se acontecer algo com a seguradora, os investimentos da previdência estão garantidos e não podem ser usados", diz Nascimento.

Outro ponto importante é o controle da Superintendência de Seguros Privados (Susep) em relação às reservas das seguradoras e a composição de ativos na carteira de previdência. Não permitindo, por exemplo, aplicar mais de 49% dos recursos em renda variável. "Também não é permitido investir em derivativos e em papéis da própria empresa. O que assegura o baixo risco dessas carteiras de investimentos e uma diversidade", analisa Marco Antonio Rossi, presidente da Fenaprevi.

Mesmo com o leve desaquecimento da economia nacional neste ano, as seguradoras não acreditam em arrefecimento nas captações de recursos, pois os indicadores de investimentos no país no longo prazo garantirão, para elas, a continuidade na evolução da geração de renda e nos investimentos.

O crescimento do mercado tem sido estimulado não só pela maior consciência das pessoas sobre a responsabilidade pelo seu futuro, mas também porque os planos de previdência ficaram mais acessíveis, com custo menor. Hoje é possível contribuir com R$ 25 mensais. Há sete anos, era preciso desembolsar ao menos R$ 150 de contribuição mensal.

Outro impulso vem do nível de quase pleno emprego no país. O apagão de mão de obra leva o mundo corporativo a embutir no pacote de benefícios a previdência complementar como forma de reter profissionais. Segundo a Fenaprevi, enquanto 70% das grandes empresas oferecem esse tipo de benefício, o percentual cai para 40% entre as médias e a quase zero nas pequenas, o que demonstra o potencial de crescimento do mercado.

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