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Seguro em tempos de crise

Fonte: Brasil Econômico

Mauro César Batista, Presidente do Sindicato das Seguradoras, Previdência e Capitalização do estado de São Paulo (SindSeg -SP)

Foi nas crises, quando a incerteza prevalece, que o papel protetor do seguro de crédito primeiro se evidenciou. Em cenários desfavoráveis, a instabilidade dos mercados deixa cidadãos inseguros quanto a seus empregos e à manutenção do seu poder de compra; empresas ficam preocupadas quanto à garantia de recebimento de produtos ou serviços já adquiridos, e também quanto à capacidade de pagamento dos seus clientes. O receio de um amanhã menos generoso induz à redução no consumo, levando à desaceleração da economia e assim retroalimenta a crise, que se agrava. A possibilidade de interromper esse círculo vicioso alimentado pela imprevisibilidade financeira e as dificuldades econômicas transformaram o seguro de crédito em uma modalidade cada vez mais comum. Em grandes linhas, trata-se de uma ferramenta que permite aos credores assegurarem que parte da dívida que não seja paga pelos seus clientes, por qualquer motivo, seja recuperada. A utilidade dessa ferramenta durante o período de crises - e como sua aplicação transbordou para ser uma ferramenta de gestão nos períodos de bonança - é um exemplo extremo, mas serve para demonstrar cabalmente como o ramo securitário adquiriu importância tal para o funcionamento da economia que não pode mais ser simplesmente visto como um mal necessário.

Não é exagero afirmar que o aquecimento da atividade econômica no Brasil foi favorecido - e em parte propiciado-pelas garantias que o setor proporciona.

A transformação social que, nos últimos dez anos, aumentou o poder aquisitivo e viu inflar a classe C. Com maior acesso a recursos e bens de consumo, mais pessoas passaram a querer proteger seu patrimônio ou garantir o nível de vida de seus entes próximos. Com a economia aquecida, mais empresas (do Brasil e do exterior) buscaram garantias para novos projetos visando ampliar seu mercado. Decorrência desse processo, a atividade seguradora se fortaleceu e acompanhou o crescimento do país.

Entre 2007 e 2010, o setor teve um crescimento superior a 50%. De janeiro a maio de 2011, o mercado segurador no Brasil arrecadou R$ 50 bilhões em prêmios (valor pago pelos segurados), sem considerar o seguro saúde - um crescimento de 19% sobre igual período de 2010. A expectativa é que em 2011 o mercado brasileiro arrecade R$ 148 bilhões nesse mesmo universo. O setor encerrou 2010 representando 3,5% do PIB, mas a expectativa é de que essa participação duplique em cinco anos, deixando o setor segurador brasileiro com tamanho proporcional à importância da economia do País.

Existe ainda grande expectativa quanto ao tão falado microsseguro, que poderá trazer números surpreendentes para o setor. Aliás, registre-se o exemplo do mercado segurador europeu, que num passado nem tão distante não tinha nenhum apetite pelo microsseguros, mas nos dias atuais tem demonstrado um comportamento inverso, buscando soluções nesse segmento para a dura crise que atinge o velho continente.

A pujança do setor não é apenas de interesse das próprias empresas. As seguradoras, por sua característica, têm papel fundamental na formação da poupança interna de longo prazo do País, por exemplo. É com essas reservas geradas que os governos mundo afora financiam o desenvolvimento social.

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