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Banco Santander encolhe na América Latina

Fonte: Brasil Econômico

Grupo espanhol vende 95% da unidade colombiana por US$ 1,16 bilhão, já se desfez de operação chilena e parte da seguradora

Ana Paula Ribeiro e Flávia Furlan

Em mais uma tentativa de reforçar o caixa na matriz, o Santander vendeu quase que integralmente a sua operação na Colômbia por US$ 1,16 bilhão. O anúncio se junta à conclusão da venda de 7,8% da unidade chilena por US$ 950 milhões ontem. O grupo pode ainda buscar capital no Brasil. "O Santander poderá vender ações da unidade no Brasil dentro de umano, dependendo do preço que consiga", disse Gonzalo Milans, diretor de investimento estratégico da instituição, em Santiago.

A necessidade de elevar o nível de capital na Espanha, além de levantar recursos para se proteger de eventuais perdas com títulos soberanos, tem feito o Santander se desfazer não só de ativos que deixam de fazer sentido para a operação global, mas também do que até então era considerado estratégico. Na Colômbia, onde o banco vendeu 95% de sua unidade para o chileno Corpbanca, a ideia do Santander era crescer, fazendo aquisições no médio prazo.

Em julho, o diretor geral da divisão América da instituição, Francisco Luzón, afirmou que compras estavam no radar para elevar a participação naquele mercado de 2,7% para 10%. O sistema bancário colombiano é visto por instituições financeiras hoje como um dos mais atrativos na América Latina. Banco do Brasil e Itaú, por exemplo, não escondem o desejo de operar no país.

"A venda parece estranha porque a Colômbia é um dos países de crescimento mais rápido.

Se uma instituição realmente quer ter uma presença forte na América Latina, precisa estar lá", avaliou Jose de Ochoa, especialista do setor e que já compôs a equipe do Santander. "Tudo se limita à necessidade de capital", completou.

A Autoridade Bancária Europeia (EBA) exige que os bancos da Europa tenham um índice "core capital" - capital formado por ativos de maior qualidade - de 9%. Em visita ao Brasil no mês passado, o presidente do conselho de administração do Santander, Emilio Botin, afirmou que iria cumprir essa exigência ainda neste ano e que, até junho do ano que vem, chegaria a 10%. Em setembro esse indicador estava em 8,12%.

Na ocasião, Botin afirmou que o fato do banco ter operação em diversos mercados era um trunfo no momento em que as instituições europeias precisam buscar alternativas para buscar recursos e reforçar o capital.

No entanto, para atingir a meta exigida de 9%, precisa de US$ 7,1 bilhões adicionais. Esse montante seria possível apenas com melhorias no gerenciamento de ativos e retenção de lucros.

Mas, para um ponto percentual extra, chegando à meta pretendida por Botin de 10%, precisa de valor equivalente - ou seja, mais US$ 7 bilhões.

Além da venda da operação na Colômbia, da qual embolsará US$ 820 milhões, e da participação no Chile, o Santander espera conseguir ainda US$ 2,3 bilhões no Brasil. A oferta de ações da unidade brasileira ajudará o banco a atingir os 25% de free float (circulação de ações no mercado) no ano que vem, ainda que o prazo final para cumprir a exigência seja outubro de 2014. A instituição financeira está com um free float de 18% atualmente.

Segundo o analista da Lopes Filho Consultoria, João Augusto Salles, o que sinaliza realmente o tamanho do problema da matriz do Santander são as pretensões do banco em relação ao Brasil, tido como país estratégico para instituições financeiras estrangeiras.

"O Citi passou por problemas depois da crise de 2008, foi estatizado e depois voltou às mãos do setor privado, vendeu operações, mas não fez isso com o Brasil. Isso mostra como o país é estratégico para estrangeiros", compara.

Também este ano o Santander vendeu para a Zurich 51% da operação de seguros na América Latina e negócios nos Estados Unidos, o que equivale a um reforço no capital de US$ 2,04 bilhões.

Com Bloomberg

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