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Inflação pressiona balanço de seguradoras

Fonte: Brasil Econômico

Alta de preços em serviços médicos e em conserto de carro resulta este ano em custo maior com indenizações pagas por grupos como Porto Seguro e SulAmérica

Flávia Furlan

A inflação acelerada este ano afetou o desempenho das seguradoras, que sentiram o impacto da elevação de preços no valor pago pelas indenizações, principalmente de suas carteiras de saúde e de automóveis.

Só a Porto Seguro apresentou aumento de 2,9 pontos percentuais na taxa de sinistralidade (volume de indenização sobre arrecadação) no terceiro trimestre deste ano, frente ao mesmo período do ano anterior, para 59,1%. Já o indicador da concorrente SulAmérica cresceu 5,7 pontos percentuais, para 76,2% no período analisado.

Em saúde, houve impacto da inflação médica , afirma o analista da Lopes Filho Consultoria, João Augusto Salles. Os preços de serviços médicos e dentários subiram 8,65% em 12 meses terminados em novembro, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No mesmo período, a inflação geral foi de 6,64%, acima do teto da meta estabelecida pelo governo, de 6,5%, o que mostra a força da elevação de preços no Brasil.

De acordo com Salles, a inflação pesa mais na carteira de saúde porque nela os reajustes de preços são controlados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Neste caso, o repasse ao segurado é mais difícil porque o órgão do governo olha tanto a rentabilidade das empresas quanto o lado do consumidor para determinar os aumentos , pondera.

É por isso que a elevação de preços é mais sentido pela SulAmérica.

Na lista de prêmios de seguros da empresa do terceiro trimestre, 65,6% advêm do ramo de saúde e 23,8%, de automóveis.

No caso da Porto Seguro, a divisão é de 66,7% dos prêmios em automóveis e apenas 9,8% em saúde.

Mas quem atua em veículos também foi penalizado pela inflação neste ano. Para se ter uma ideia, consertar um automóvel ficou 10,76% mais caro no acumulado de 12 meses até novembro, segundo o IPCA.

Autopeças e os componentes de automóveis pressionaram os preços , aponta Salles. Além disso, o setor diz que a mão de obra também ficou mais cara nas oficinas mecânicas.

Pressão nos custos Diante deste cenário de pressão de custos, 2012 será um ano de repasses, de acordo com o vice-presidente de Relação com Investidores da SulAmérica, Arthur Farme D Amoed Neto. A tendência para o próximo ano é de recomposição de preços em saúde e automóveis por aumento de custos e também por um ambiente de taxas de juro menores , explica.

Com a taxa básica de juro (Selic) menor, fica mais difícil para as seguradoras basearem seus resultados na aplicação das reservas técnicas, montante provisionado para pagamento de sinistros que segundo último dado da Confederação Nacional das Empresas de Seguros (CNSeg) estava em R$ 310 bilhões, o que as forçará a sacrificar as margens, inclusive em carteiras competitivas, como é o caso da de automóveis.

Há uma concorrência que é predatória neste setor, em que os preços são bastante agressivos , afirma o analista da Lopes Filho.

A SulAmérica espera fechar 2011 com um crescimento de 13,8% em prêmios emitidos, em linha com o crescimento que o mercado de seguros em geral deve apresentar. Para 2012, no entanto, o crescimento não será na mesma proporção por conta do desafio do repasse de preços. Nós focaremos em rentabilidade e não em receita , pondera o vice-presidente de RI.

Por parte da Porto Seguro, o vice-presidente de Produto, Luiz Pomarole, diz que a carteira de automóveis deve crescer 10% neste ano e registrar o mesmo avanço em 2012. Os prêmios da empresa devem subir 9% , afirma. O executivo aposta para 2012 em um melhor comportamento de carteiras como a de seguro residencial, que subiu 15% neste ano ante uma expectativa inicial de 10%.

Em relação à inflação, a expectativa do mercado para 2012 é de que ela fique em 6,50%, de acordo com o relatório Focus portanto, dentro da meta do Banco Central, cujo centro é 4,5%, com margem de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.

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