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Operadora prevê prejuízo de US$95 mi

Fonte: O Globo

Ações da empresa caem 16% em Londres; custo do seguro pode chegar a US$1 bi, estima analista

Marcio Beck marcio.beck@oglobo.com.br

Proprietária do Costa Concordia, que naufragou no litoral da Toscana, a Carnival Corp. calcula perdas de US$95 milhões com o acidente que deverá deixar o navio fora de serviço pelo menos durante o restante do ano fiscal, que termina em 30 de novembro. A empresa, maior operadora de cruzeiros do mundo, dona das marcas Cunard e Princess Cruises, sofreu a maior queda em suas ações, cotadas na bolsa de Londres, desde 2000.

A ação da empresa encerrou o pregão de ontem a 1,878 libra. A Carnival havia crescido este ano 5,7% no Reino Unido e 5% na Bolsa de Nova York, onde também está listada. Os mercados dos Estados Unidos não trabalharam ontem, por conta do feriado em homenagem ao ativista dos direitos civis Martin Luther King. A redução prevista nos ganhos de 2012 deverá ser de 11 a 12 pence (centavos de libra) por ação, de acordo com a empresa, que afirmou já antecipar "gastos que não podem ser determinados neste momento".

Dependendo das alegações de responsabilidade, as perdas com seguros podem representar algo entre US$500 milhões e US$1 bilhão, segundo estimativas de Joy Ferneyhough, analista de seguros do banco de investimento Espírito Santo. O valor superaria as perdas do desastre do petroleiro Exxon Valdez, ocorrido em março de 1989.

Abav: preços de cruzeiros não devem subir

O acidente com o Concordia pode provocar migração de investidores para a Royal Caribbean, disse Tim Ramskill, analista do Credit Suisse em Londres, à agência Bloomberg. Ontem, a Royal Caribbean também registrou queda nas ações, ainda que menos acentuada que a da Carnival, de 7,41%.

- Como se a indústria já não enfrentasse desafios suficientes, como volatilidade dos preços, absorção de capacidade e a fraqueza da economia europeia, este evento infeliz vai reverberar no grupo - afirmou Ramskill.

Segundo Geoffrey d'Halluin, analista da Natixis consultado pela Reuters, o setor de cruzeiros pode sofrer um impacto relevante porque o setor está no momento de alta temporada para as reservas.

O Costa Concordia estava segurado por diversas companhias, entre elas Assicurazioni Generali SpA, RSA Insurance Group Plc and XL Group Plc, segundo fontes próximas à negociação citadas pela Bloomberg. Uma destas fontes, que preferiu não se identificar argumentando que os termos da negociação são sigilosos, afirmou que os seguradores enfrentam custos totais de 405 milhões de euros (US$513 milhões). A Carnival informou que tem seguro próprio contra dano, em aproximadamente US$30 milhões e, para este incidente, o seguro para terceiros teria dedução de cerca de US$10 milhões.

O vice-presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagem (Abav), Edmar Bull, afirmou que não acredita na possibilidade de aumento de preço de seguros nem no consequente encarecimento dos pacotes de cruzeiros. Ele disse que esses riscos já são previstos e cobertos pelos atuais modelos de seguro. Muitas empresas, inclusive, já haviam divulgado a tabela de preços da temporada 2012/2013 e não vão mudar.

O golpe vem apenas um mês depois de a empresa ter anunciado que reduziria os preços de seus cruzeiros de 2012 devido à menor demanda na Europa, causada pela crise econômica na região. A Europa foi responsável por cerca de 38% da receita da Carnival em 2010, último ano para o qual estão disponíveis dados completos separados por região, segundo a empresa. A unidade com base em Gênova, Costa Cruzeiros, é a maior linha de cruzeiro do continente, com base em passageiros e capacidade das embarcações, disse a operadora.

Com agências internacionais

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