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Microsseguro terá forte impacto no setor

Fonte Valor Econômico

Estudo da FGV indica potencial para atingir 90 milhões de pessoas com novos produtos até 2016

É de 128 milhões de brasileiros o mercado potencial para a venda de microsseguro no Brasil, segundo estimativa do Centro para Regulação e Inclusão Financeira (Cenfri), da África do Sul, que considera pessoas com renda de até três salários mínimos. Para atender a um público tão grande, o tema é debatido há mais de quatro anos no país.

A troca de conhecimento com outros países é intensa. Brasileiros viajam para o exterior e especialistas das maiores seguradoras do mundo que atuam com o público de menor renda, como Allianz, Hannover Re e Munich Re desembarcam no Brasil para saber como podem ajudar a desenvolver o mercado local.

O microsseguro será um marco para a indústria, aposta Luciano Portal Santanna, titular da Superintendência de Seguros Privados (Susep). Segundo ele, ainda neste semestre a Susep divulgará as circulares que regulamentarão o segmento, que tem como princípio a simplicidade operacional e a educação financeira.

O microsseguro pode ser a tábua de salvação para muitas empresas que precisam aumentar a base de clientes e assim compensar a queda do ganho financeiro com a redução das taxas de juros. Segundo dados da FGV, o mercado de microsseguros no Brasil tem o potencial de atingir 90 milhões de pessoas até 2016 com produtos de vida, acidentes pessoais, funeral e riscos diversos. Isso faria o setor, que atualmente responde por 3,5% do PIB, dobrar de tamanho.

Temos muita gente interessada em atuar e tenho certeza de que os produtos serão lançados ainda neste ano, garante. Se depender da Bradesco Seguros, no mesmo dia em que o Diário Oficial publicar a circular um pacote de produtos será colocado na mesa do técnico da Susep para aprovação.

Eugênio Velasquez, diretor da Bradesco Seguros e presidente da Comissão de Microsseguros da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais (CNseg), acredita que a regulamentação sai em abril. Participante ativo do mercado nos debates com a Susep, Velasquez acredita que muitas empresas irão ingressar no ramo.

Existe a possibilidade de atuar com uma empresa à parte, a qual terá o equivalente a 20% do capital exigido para um seguradora tradicional, ou então separar a operação dentro da companhia. No Bradesco ainda não decidimos qual estratégia iremos adotar, comentou. O capital mínimo para uma seguradora tradicional é de R$ 15 milhões e para a de microsseguro será de R$ 3 milhões.

Boa parte da comunicação focada em educação financeira bem como os produtos já estão no forno. Já fizemos mais de 86 pesquisas para desenvolver produtos e uma comunicação adequada, conta. A percepção de risco de cada região do país tem características próprias. Ninguém tem medo de chuva tropical no Cerrado nem de malária em São Paulo, diz.

Por isso, para garantir o retorno financeiro é preciso ter visão de risco diferente para cada região.

Muitas seguradoras já se movimentam para atender a população de menor renda. A BB Mapfre trabalha no desenho de um produto para ofertar no Banco Postal, segundo Bento Zanzini, diretor geral de riscos de pessoas do grupo. Experiência é que não falta para isso. A Mapfre tem dois projetos em estágios avançados. Um deles é o Crediamigo, do Banco do Nordeste, com apólices de R$ 25 por ano. Mais de 150 mil bilhetes já foram vendidos.

A Zurich tem uma parceria de sucesso com o Banco Palmas, também da região Nordeste. O seguro, denominado Palmas Microsseguro, foi formatado especialmente para a população de menor renda. Com custo anual de R$ 35, o seguro tem coberturas de vida, assistência funeral e sorteio. Lançado de forma pioneira em Fortaleza em novembro de 2010, a meta agora é expandir para outras cidades por meio da Rede Brasileira de Bancos Comunitários.

Adriano Arruda, superintendente de supervisão de seguros do Itaú Unibanco, conta que o banco preferiu seguir um caminho diferente de seus concorrentes. Enquanto Bradesco e Banco do Brasil buscam desenvolver apólices com baixo tíquete para correntistas ou portadores de cartões de crédito, o Itaú busca nas comunidades os não bancarizados, ou seja, as pessoas que fogem dos bancos.

Temos muitas pessoas com boa renda e que optam por não ir ao banco pois sentem-se intimidadas pela falta de terno e gravata ou pela porta giratória, comenta. Diante disso, a estratégia do banco foi incluir o seguro prestamista, que cobre o pagamento da dívida em caso de morte ou invalidez no custo do microcrédito.

No futuro, o banco pretende desenvolver outros seguros no ramo patrimonial para vender para esse público. Segundo ele, são vendidos cerca de 700 contratos por mês de microcrédito.

Segundo o diretor comercial da Vayon Insurance Solutions, Valdemir Navarro, o microsseguros já é uma realidade no Brasil. Desde a publicação das normas em novembro, as seguradoras começaram a se preparar, afirma ele, responsável pelo desenvolvimento de tecnologia para o projeto Proteção Bradesco Fácil Acesso de vendas de seguros por meio de telefonia móvel e de POS (Point of Sales).

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