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Lucro operacional terá mais relevância para seguradoras

Fonte: DCI

Marcelle Gutierrez

SÃO PAULO - O mercado segurador fechou o primeiro trimestre de 2012 com o total de R$ 28,920 bilhões em prêmios de seguros, alta de 18,6% e queda de 0,66% na comparação com o primeiro e quarto trimestre de 2011, segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep). A perspectiva para o restante do ano permanece na expansão de dois dígitos, mas as seguradoras terão o novo desafio de melhorar a eficiência do resultado operacional, já que o financeiro - proveniente das aplicações dos recursos financeiros - deve diminuir com a tendência de queda da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 9% ao ano, podendo chegar a 8,5% na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

O analista da Fator Corretora, Iago Whately, prevê um ano de desafios. "Como a taxa de juros tende a cair, reduz o resultado financeiro e terão que vir com melhor resultado operacional."

Apesar da redução da rentabilidade com a aplicação financeira, o mercado caminha de forma positiva com a venda dos produtos, segundo Whately. "No operacional deve continuar a crescer, sim, principalmente nos ramos de vida, automóveis e previdência com o aumento da renda e baixos índices de desemprego."

O diretor-financeiro-administrativo da Marítima Seguros, Milton Bellizia, detalha que as seguradoras mantêm uma postura conservadora, ao permanecer em títulos públicos ou Certificados de Depósito Bancário (CDBs), cuja rentabilidade vem da Selic, e Certificados de Depósito Interbancário (CDI). "Com a queda dos juros, tem que buscar resultado operacional, pois receita financeira virá menor."

No primeiro trimestre de 2012, a Marítima manteve boa rentabilidade com as aplicações dos recursos dos prêmios, de R$ 35 milhões, acréscimo de 24,9% ante o mesmo período do ano passado, quando somou R$ 28 milhões. "Mas o mercado terá que correr atrás do operacional", enfatiza Bellizia.

No que diz respeito à arrecadação em prêmios de seguros, a Marítima somou R$ 397,3 milhões de janeiro a março deste ano, alta de 21,5% sobre os mesmos meses do último ano. Do total, obteve expansão de 45,2% no ramo de automóveis, 13,1% em riscos patrimoniais, 12,9% em vida, 11,7% em saúde e 6,3% no DPVAT. "Temos a perspectiva de crescer 17% em 2012", finaliza o diretor.

Entre as seguradoras de capital aberto, a SulAmérica foi a primeira a divulgar balanço deste ano. Em prêmios, a companhia reportou o total de R$ 2,5 bilhões, crescimento de 14,5% contra o mesmo período de 2011, mas redução de 0,8% ante o quarto trimestre. Na comparação anual, o lucro líquido cresceu 10,6%, para R$ 112,8 milhões. Mas no trimestre, houve queda de 48,3%.

Para o analista da Fator Corretora, Iago Whately, o resultado veio abaixo do esperado devido o fraco desempenho operacional em função do elevado índice de sinistralidade das carteiras de saúde e automóveis. O lado positivo veio com a carteira de investimentos, financeiros, com retorno de 117,7% do CDI, para R$ 158,1 milhões.

Diante da mudança de cenário no ano, com queda dos juros e necessidade de aumentar a eficiência operacional, Whately revela que deverão rever as projeções. "Antes estávamos com expectativa de lucro acima do mercado. Mas devemos rever isso."

No mesmo caminho deverá vir o resultado da Porto Seguro, a ser divulgado no dia 14 de maio. Segundo projeções da Fator Corretora, o lucro será de R$ 145 milhões, uma alta de 1,2% ante o primeiro trimestre e 24,5% inferior ao quarto trimestre de 2011. "História mais ou menos parecida com a SulAmérica e afetada por automóveis. Mas o resultado não será do operacional, mas um melhor desempenho financeiro." No último balanço divulgado, de outubro a dezembro de 2011, os ganhos com aplicações financeiras foram de R$ 225,2 milhões, acréscimo de 30,9% ante o mesmo período de 2010, com rentabilidade de 100% do CDI.

Fitch Ratings

Ontem, a agência internacional de classificação de risco Fitch Rating elevou as notas internacionais e nacionais da SulAmérica Seguros. Em IDRs (Issuer Default Ratings), de probabilidade de inadimplência do emissor, o rating foi elevado de "BB+" para "BBB-", com perspectiva estável. E o rating nacional de longo prazo subiu para "AA+", de "AA", também com perspectiva estável.

Segundo nota da Fitch, a elevação dos ratings reflete a forte franquia, presença em automóveis e saúde, consistente e favorável desempenho operacional ao longo dos ciclos econômicos, boa liquidez, capitalização adequada e estável, bem como as contínuas melhoras em suas práticas de administração de risco. "Uma nova elevação dos ratings está limitada, a curto prazo, e dependerá da habilidade de consolidar ainda mais a recém expandida rede de distribuição, diversificar a base de prêmios e reduzir a alavancagem, medida pelo índice passivos/patrimônio líquido.".

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