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Mais enxuto, Fator foca em banco de investimento

Fonte: Valor Econômico

Estratégia Instituição cortou 70 pessoas e R$ 10 milhões em custos

Talita Moreira | De São Paulo

O Banco Fator passou o último ano mergulhado em uma delicada reestruturação interna. Agora, o banco diz estar pronto para voltar ao combate. Com uma estrutura de custos mais enxuta, mudanças na diretoria e a criação de um sistema de metas, quer enterrar os erros do passado e estrear um novo perfil de negócios.

Mais conhecido pela corretora e pela gestora de recursos, o Fator pretende reforçar sua atuação como banco de investimentos. Nas últimas semanas, fechou duas operações em linha com a nova estratégia: assessorou um acionista na venda de 28,5% da Mineração Caraíba para a empresa de commodities Glencore e atuou como coordenador líder em uma inédita emissão de debêntures da Companhia Paulista de Securitização (ver texto abaixo).

Paralelamente, o Fator conseguiu sair do vermelho no primeiro trimestre deste ano. Entre janeiro e março, o banco teve lucro líquido consolidado de R$ 8,2 milhões, comparado a uma perda de R$ 8,3 milhões no mesmo período do ano passado.

As coisas estão acontecendo pela maturidade do banco. Estamos saindo da infância para a adolescência, afirma Venilton Tadini, veterano do Fator que assumiu a presidência da instituição em agosto, em entrevista ao Valor. A adolescência, no caso, parece ser tardia, uma vez que o Fator soma mais de 40 anos de estrada. Segundo Tadini, a venda das ações da BM&FBovespa que o banco tinha em carteira, o Fator ganhou fôlego para entrar em operações mais complexas. A meta do banco é fechar o exercício atual com patrimônio líquido de R$ 450 milhões e dobrar essa cifra em quatro anos.

A transição do Fator para chegar ao estágio atual foi bem complicada. O banco controlado por Walter Appel teve prejuízo líquido de R$ 13,9 milhões no exercício de 2011 - o pior resultado em uma década. Ironicamente, o grande vilão do balanço foi sua tradicional corretora, esmagada entre uma pesada estrutura de custos e a pressão da concorrência, que aumentou desde a retomada das ofertas de ações no país.

Para reverter o quadro, o Fator fechou as filiais de Belo Horizonte e Curitiba, que davam prejuízo, e reduziu o escritório do Rio. No total, cortou 70 pessoas e transformou autônomos em funcionários. O modelo de remuneração passou a ser baseado em resultados e não mais na geração de receitas. O banco cortou R$ 10 milhões em custos e tem hoje 400 funcionários.

As mudanças não se restringiram à corretora. Em outra frente, o Fator unificou a área comercial e criou uma controladoria, responsável por acompanhar o cumprimento das metas. Para comandar a nova área, contratou Luiz Fernando Wellisch, ex- Banco do Brasil. Antes disso, já existia uma peça orçamentária, mas não havia uma área nem sistemas para acompanhar o andamento, diz Tadini.

A própria ida do executivo para a presidência é uma amostra do perfil que o Fator pretende adotar. Tadini era o vice-presidente responsável pela área de banco de investimentos e assumiu o novo cargo quando Manoel Horácio Francisco da Silva foi para o conselho de administração, criado no ano passado. Appel também passou a atuar somente no conselho.

Sob o comando de Tadini, intensificou-se um processo que já estava em curso e que tinha como objetivo aumentar a integração entre as diversas unidades de negócios do Fator. Desde o ano passado, resolvemos dar mais musculatura à área de originação, afirma o executivo.

Segundo ele, a corretora tem de atuar como um canal de distribuição para as operações feitas pelo banco de investimentos, assim como a seguradora pode ajudar a abrir portas para a obtenção de novos negócios.

Para isso, o Fator contratou executivos em áreas estratégicas. Fábio Moser, ex-diretor de investimentos da Previ, foi chamado para liderar a área de fusões e aquisições. Rogelio Gonzalez ficou responsável pela corretora. Luiz Eduardo Assis, ex-diretor de Política Monetária do Banco Central, foi convocado para suprir o baque sofrido pela seguradora do Fator com a ida de André Gregori e sua equipe para o BTG Pactual no começo deste ano.

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