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Resgates feitos pela classe C são desafio na previdência privada


Fonte: Brasil Econômico

Vulnerabilidade do segmento da população está levando seguradoras a mudar estratégia e oferecer produtos específicos

Vanessa Correia 

O ingresso da classe C no mercado de previdência privada aberto tem desafiado as empresas que atuam no setor a reter esses clientes. Apesar da vontade de poupar, esse segmento é bastante vulnerável a momentos de instabilidade econômica e acabam recorrendo aos recursos ao primeiro sinal de dificuldade.

“Essa característica mais volátil é inerente ao segmento, que começou a perceber agora a necessidade de poupar visando o longo prazo”, afirma Lúcio Flávio Oliveira, presidente da Bradesco Vida e Previdência, cuja participação da classe C na base de clientes ainda é inferior a 20%. A fórmula que vem sendo usada para tentar manter esses novos clientes por um período mais longo em sua base é oferecer produtos adequados ao perfil do poupador e, no momento do resgate dos recursos, apresentar alternativas. “Nossa principal preocupação é oferecer produtos cuja capacidade de pagamento será suprida no médio/longo prazo. Se isso acontecer, as chances de saque caem significativamente”, diz Osmar Navarini, diretor comercial da Mongeral Aegon.

Ainda segundo o executivo, o segmento responde por, aproximadamente, 30% da base de clientes da companhia e o potencial de crescimento é enorme, principalmente a partir do momento que esse segmento perceber que a previdência privada é uma das poucas alternativas de constituir um patrimônio com pequenos aportes mensais, que, em algumas seguradoras, começam em R$ 30,00.

Renato Terzi, vice-presidente da SulAmérica Seguros e Previdência, chama a atenção para uma característica da classe C. “Eles são mais disciplinados nas contribuições se comparado aos demais segmentos da população. Enxergam na previdência privada o cofre eletrônico e gostam do instrumento justamente pelo difícil acesso ao resgate, ante os demais tipos de investimento.”

Na Brasilprev, braço de previdência privada do Banco do Brasil (BB), a classe C resgata mais se comparada às classes de maior poder aquisitivo. Mas, de acordo com Sandro Bonfim da Costa, gerente de inteligência de mercado da companhia, o percentual tem reduzido gradativamente. “Esse segmento da população está cada vez mais consciente da importância de poupar visando, principalmente, o futuro dos filhos. Tanto é que 54% dos clientes com perfil próximo à classe C têm planos voltados aos menores de idade”, explica o executivo.

Além de tentar reter clientes, principalmente os da classe C, o sistema de previdência privada aberto tem o desafio de trazer novos poupadores, principalmente os mais jovens. Prova disso é que a fatia de clientes entre 18 anos e 30 anos é de 14,89%, segundo levantamento da Fenaprevi. Em contrapartida, os clientes com faixa etária superior a 40 anos respondem pela maior parcela do mercado, 51,7% do total. “Temos percebido maior preocupação desse segmento com o futuro. Já não há a memória inflacionária, quando tudo o que era poupado perdia valor rapidamente”, diz Osvaldo do Nascimento, vice-presidente da entidade.

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