Breaking News

Chartis volta a ser AIG e mira varejo no Brasil

Fonte; Valor Econômico

Um dos personagens emblemáticos da crise financeira de 2008, a seguradora AIG mudou de nome depois que recebeu socorro financeiro do governo americano e teve suas operações reestruturadas. Em 2009, as operações em todo o mundo passaram a se chamar Chartis, que em grego significa "mapa". Agora, que está voltando a apresentar resultados positivos e pagando sua dívida com o governo dos Estados Unidos, a companhia decidiu voltar a adotar o nome AIG.

No Brasil, a marca virá acompanhada de um novo comando das operações. O mexicano Jaime Calvo vem do AIG na Argentina para assumir a presidência executiva da seguradora no Brasil. Guillermo León, que ocupava essa cadeira, vai comandar a resseguradora do grupo no país. Calvo também assume a diretoria de operações para a América Latina da AIG.

"A companhia está reforçando a estrutura gerencial com profissionais que têm experiência global. Fazendo transformação de uma companhia que pretende ter escala no país nos próximos anos", diz.

No ano passado a AIG faturou R$ 200 milhões no país, bem longe dos prêmios bilionários da época da "joint venture" que teve com o Unibanco por dez anos. A meta é atingir receita de US$ 1,3 bilhão no prazo de cinco anos, segundo Calvo, que projeta que a companhia feche 2012 com US$ 300 milhões em receita. Como virar bilionária? Se tornando uma seguradora de varejo, com produtos para pessoa física. Esse será o principal desafio do novo presidente.

Depois que desfez a parceria e vendeu sua parte para o banco brasileiro em 2008, como consequência da fragilidade financeira da matriz, a seguradora passou a atuar no país apenas com seguros corporativos, como uma espécie de "butique".

O projeto de varejo começou a ser costurado em 2010, mas o principal produto desse novo perfil, o seguro de automóvel, só deve ser lançado no início de 2013. O piloto começou a ser testado em meados deste ano. A companhia também vai atuar em outros produtos para pessoas físicas, como residencial, acidentes pessoais, vida, garantia estendida e apólice para produtos eletrônicos, entre outros.

A AIG quer trazer também coberturas ainda inéditas no Brasil, a exemplo do que fez com riscos corporativos - trouxe o seguro ambiental e de responsabilidade civil para executivo (D&O, em inglês). Um exemplo é o seguro de ingresso ("no show") criado na Alemanha, que paga o valor do ingresso caso a pessoa não consiga comparecer ao espetáculo.

Para isso, a companhia mais do que dobrou o número de funcionários, contratando 150 no último ano. Hoje, a equipe é formada por 250 profissionais.

Para distribuir os produtos para a pessoa física, a companhia vai contar com corretores e com uma plataforma on-line. Calvo conta que também está nos planos abrir sucursais e buscar parceiros comerciais, como redes de varejo.

"Num mercado tão competitivo como o brasileiro, será difícil quadruplicar o faturamento, que é a nossa meta, somente com crescimento orgânico. As maiores [seguradoras do mercado] têm parceiros, nós também analisamos oportunidades", diz Calvo.

Sobre possíveis aquisições, o presidente foi cauteloso e lembrou que a companhia está recomprando suas ações do Tesouro americano. Ele indica, porém, que será necessário investimento em capital nos próximos anos para crescer no ritmo planejado. Hoje, a seguradora tem capital de R$ 170 milhões. "Será necessário um investimento mínimo de US$ 220 milhões até 2017", projeta Calvo.

Os planos da AIG no varejo, porém, não significam que a seguradora vai deixar a operação de riscos corporativos. Segundo o novo presidente esse é um segmento que continua sendo fundamental. Recentemente, a companhia criou uma divisão para pequenas e médias empresas.

A resseguradora local do grupo, que passa a ser comandada por Léon, pode ter o seu escopo expandido. Hoje, ela atua quase que exclusivamente para a seguradora do grupo no país. Segundo Calvo, a possibilidade é atuar também para o mercado em geral.

No terceiro trimestre, a AIG teve lucro líquido de US$ 1,9 bilhão, uma forte reversão do prejuízo de US$ 4 bilhões observado no mesmo período do ano anterior. Foi a primeira divulgação de resultado depois que o Tesouro dos EUA deixou de ser o sócio majoritário da companhia. Em setembro, o Tesouro vendeu US$ 18 bilhões em ações da companhia, abrindo, assim, mão do controle da empresa. Na operação, a AIG recomprou US$ 5 bilhões das ações vendidas. Para financiar essa recompra, ela vendeu parte da fatia na seguradora asiática AIA.

Nenhum comentário

Escreva aqui seu comentario