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Seguro de executivo migra para novo nicho

Fonte: Valor Econômico

A maior atuação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre as empresas de capital aberto e a crescente competição têm feito as seguradoras que atuam com apólice de responsabilidade civil para executivos (D&O, na sigla em inglês) reverem suas estratégias. As companhias têm buscado estender a oferta desse tipo de seguro para empresas de médio porte e que estão em cidades fora do eixo Rio-São Paulo.

Esse tipo de apólice protege o executivo em caso de reclamações de terceiros - seja órgão regulador, funcionário, fornecedor ou acionista - relacionadas às suas responsabilidades como administrador de empresa, muitas vezes exigindo ressarcimento amparado em seu patrimônio pessoal.

Seguradoras tradicionais, como Liberty e AIG, têm buscando vender seguros para empresas não financeiras de médio porte, que possuem riscos menores, mas que também geram menos receita por apólice. "Nos últimos 12 meses, o crescimento em receita foi superior a 20%, mas o aumento no número de apólices foi de 45%. É preciso vender mais para obter a mesma receita", diz Lucas Scorpeti, gerente de linhas financeiras da AIG.

A Liberty definiu neste ano uma mudança na estratégia e está diversificando sua distribuição, privilegiando empresas com faturamento anual entre R$ 5 milhões e R$ 100 milhões. Os bancos de médio porte, no entanto, seriam, para algumas seguradoras, exceção. "A regulação nas instituições financeiras é muito forte", diz Renato Rodrigues, diretor de grandes riscos da Liberty.

A Liberty recrutou profissionais especialistas em riscos corporativos para suas filiais no Rio, Paraná, Minas e Rio Grande do Sul para treinar corretores dessas regiões. Já a AIG tem planos de abrir filiais fora do eixo Rio-São Paulo.

A mudança de rota ocorreu, principalmente, devido à crescente competição com a entrada de novas seguradoras no ramo de D&O e à forte regulação nas empresas de capital aberto - grandes compradoras desse tipo de seguro.

De acordo com dados da Liberty, apesar do aumento no número de contratações, o mercado de D&O no Brasil reduziu o seu tamanho no primeiro semestre por causa da queda do preço do seguro.

A capacidade do mercado de absorver riscos cresceu com a entrada de novas seguradoras no ramo nos últimos anos, como Fator, J. Mallucelli, Fairfax e Argo. As novatas estão focando nichos específicos, já que as líderes (Itaú Seguros, Zurich, AIG e Ace Seguros) estão consolidadas.

"A concentração é grande em poucas seguradoras e os novos [competidores] estão olhando para outros nichos", diz Eduardo Pitombeira, diretor de desenvolvimento de negócios e linhas financeiras da Argo. Ele observa que os maiores consumidores desse seguro ainda são as grandes empresas, companhias de capital aberto e aquelas que lidam com o setor público - mercados em que o risco a que o executivo está exposto é mais evidente.

A Argo foca pequenas e médias empresas. "Os produtos disponíveis estão "contaminados" pelas necessidades das grandes empresas", diz Pitobeira. Ele argumenta que as empresas menores, de capital fechado, não estão sujeitas à CVM e o nível de exposição ao poder público é outro. Para elas, o risco de processos trabalhistas, tributários e ambientais são muito mais próximos, explica o diretor da Argo.

Segundo o vice-presidente da J. Malucelli, Nery Silva, a estratégia da seguradora envolve a distribuição de seguros para empresas médias no Sudeste e no Sul do país e, no ano que vem, operar também com grandes riscos.

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