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Os planos de fantasia

Fonte: Correio Braziliense

Dados sobre a qualidade do serviço prestado pelas operadoras de saúde contrastam com índices de reclamações no site da ANS. Modo de avaliação deve mudar no próximo ano

Uma pesquisa divulgada ontem mostra um cenário surpreendentemente positivo sobre os serviços oferecidos pelas operadoras de planos de saúde. O número de empresas com nota azul saltou de 566, em 2010, para 913 no ano passado. E o índice das classificadas como muito ruins é de apenas 4,1%. As informações são da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) com base em informações das próprias companhias. No entanto, o resultado confronta com o que o consumidor vê. O registro de reclamações contra essas companhias cresceu 226% de dezembro de 2010 a novembro deste ano, também segundo a ANS. Tanto que muitas delas ficaram proibidas de vender planos, principalmente pelo mau atendimento e pelo aumento de queixas. A partir de 2013, a agência avaliará as operadoras a partir de levantamento feito diretamente com os clientes.

Em 2011, de acordo com os números apresentados ontem, obtiveram as melhores avaliações 735 entidades médico-hospitalares e odontológicas, com quase 46 milhões de beneficiários. Na anterior, eram apenas 482 empresas com 33,7 milhões de usuários. A faixa de notas vermelhas caiu de 383 companhias, em 2010, para 54 (responsáveis por 474 mil pessoas), no ano passado. Em contrapartida, segundo dados da ANS, em dezembro de 2010, o índice de reclamações referente a empresas de grande porte era de 0,33 (varia de 0 a 1), passando para 0,49 em novembro do ano seguinte e 0,86, no mês passado. A coordenadora da Qualidade e do Conhecimento da ANS, Andrea Lozer, afirma que a discrepância entre os dados é reflexo de dois retratos distintos do setor. “O indicador de desempenho é uma foto e o de reclamações, outra. É preciso avaliar o conjunto dos números”, afirma.

Ladeira abaixo
Na avaliação de consumidores, a qualidade tem descido a ladeira em ritmo acelerado. A extensão da rede assistencial se mostra insuficiente para comportar o número de usuários cada vez maior. Em meio a tantos problemas, o engenheiro Hebert Lopes de Souza adotou como estratégia ir aos hospitais com a filha de 4 anos durante a madrugada. Com a exceção de casos de urgência, ele consegue filas menores e atendimento mais rápido. “Considero a infraestrutura boa e o atendimento chega a ser excelente. Mas a parte administrativa deixa a desejar. A rede é sobrecarregada: os profissionais recebem pouco e, por isso, têm que dobrar o expediente. Tudo isso penaliza”, afirma.

Uma alternativa para evitar dores de cabeça com o plano de saúde é se informar sobre cada uma das empresas antes de contratar uma delas. Com um modelo semelhante ao adotado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) lançou, ontem, no site www.ans.gov.br, o espaço da qualidade, no qual o usuário pode consultar informações sobre reclamações, a lista de planos com comercialização suspensa, o Índice de Desempenho da Saúde Suplementar e outros indicadores. Na hora da verificação, o usuário precisa informar o nome da operadora ou o registro dela na agência.

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