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Queda dos juros coloca renda vitalícia no radar

Fonte: Valor Econômico

Um tema relevante para as empresas de previdência privada em 2013 é a renda vitalícia. Até então, com taxas de juros elevadas, os participantes de planos de previdência não mostravam interesse pelo produto. A preferência era sacar os recursos e viver do rendimento da aplicação previdenciária. Agora, num cenário de juro baixo e vida longa, ter uma renda vitalícia passa a despertar mais interesse, afirma Luciano Snell, vice-presidente comercial da Icatu Seguros.

Há interesse em complementar a renda, pois é difícil viver com o valor da aposentadoria oficial em um cenário de custos mais elevados nas idades mais avançadas. A melhor solução seria comprar uma renda vitalícia para complementar o benefício garantido pelo governo.

Nilton Molina, membro do conselho da Mongeral Aegon e um dos principais debatedores do assunto no Brasil, explica que a grande incógnita é saber quantos anos a pessoa vai viver, com o avanço da tecnologia da saúde, e como se comportará o mercado financeiro num período tão longo. "Temos dois grandes riscos. Nós e os clientes do Brasil e do mundo: o risco da longevidade e o risco da taxa de juros", diz.

Quem compra os planos PGBL ou VGBL tem a opção de no final do contrato optar por sacar todo o valor acumulado, reverter em pagamento de renda por um período determinado ou transformar o patrimônio do fundo em renda vitalícia. A questão é: vale a pena? Essa é uma questão difícil de ser respondida e deve ser analisada caso a caso, levando-se em conta muitos pormenores técnicos e conjunturais, como a saúde do participante na época do resgate, núcleo familiar e cenário macroeconômico.

Para Molina, além dos fatores tempo e juros, o fator psicológico pesa muito na hora da decisão. "As pessoas ainda têm na memória fatos passados de falência dos montepios que faliram por não considerar correção monetária para corrigir os valores e agora ficam reticentes de pegar todo o valor acumulado e entregar para uma instituição financeira que promete pagar um valor mensal até o fim da vida dela", argumenta.

Se os mais velhos têm a memória dos montepios, os mais jovens têm da crise financeira de 2008, quando os ativos em bolsa derreteram. Tal volatilidade torna um investimento de longo prazo realmente uma decisão difícil. E se a taxa de juros subir em 2013? E se a inflação disparar? E se a empresa quebrar? A insegurança e também o elevado custo hoje das rendas no Brasil, com cálculos sinalizando que o aposentado poderia conseguir uma melhor remuneração ao investir seu dinheiro em vez de comprar renda, inibe a decisão de entregar todo o dinheiro para um terceiro em troca de uma promessa de renda vitalícia.

Há outro detalhe importante. Estamos falando de longevidade. Mas se a pessoa morrer? A renda vitalícia acaba sendo uma aposta. A seguradora estima um período de vida para o cliente e a partir disso faz o cálculo de quanto vai cobrar para administrar os recursos. Se o cliente viver muito mais do que previa a tábua atuarial, prejuízo para a seguradora. A contrapartida é que se ele viver menos, lucro. "Se a pessoa morrer seis meses depois de ter comprado a renda vitalícia, o dinheiro fica com a seguradora, pois foi um contrato de risco", explica Molina. A saída tem sido criar produtos mais flexíveis, considerando-se um seguro para que a família continue recebendo a renda caso o participante venha a falecer. A recomendação dos consultores é negociar muito com as seguradoras e contratar a renda vitalícia com uma parte dos recursos acumulados e manter a outra parte aplicada.

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