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Durante a tempestade, vem a bonança

Fonte IstoÉ Dinheiro

 Desempenho do mercado segurador surpreende em 2012, ano em que a economia cresceu pouco, e alcança inéditos 5,7% do PIB. E o melhor: isso é apenas o começo

Por Andrea ASSEF

O ano de 2012, com seu PIB esquelético de 0,9%, foi decepcionante para muitos setores da economia brasileira. Não foi o caso da indústria de seguros, que remou contra a maré e fechou mais um ano de crescimento pujante. No ano passado, o mercado brasileiro de apólices e coberturas – formado pelos segmentos de seguros gerais, de pessoas, previdência aberta complementar, capitalização e saúde suplementar – movimentou R$ 255,7 bilhões, um crescimento de 14% sobre o ano do “pibinho”. Com essa performance, o mercado segurador alcança a inédita marca de 5,7% de participação no PIB. É apenas o começo, dizem os executivos do setor. 


“Este resultado comprova o dinamismo do setor e o imenso potencial ainda a ser explorado, com a inserção de novos clientes e a criação de produtos”, afirma Jorge Hilário Gouvêa Vieira, presidente da Confederação Nacional das Empresas de Seguros (CNseg). A ascensão de quase 40 milhões de pessoas à classe média, nos últimos dez anos, continua sendo a principal mola propulsora do avanço do ramo segurador no Brasil. “Por isso estamos construindo estratégias e produtos que atentem para as especificidades dessa nova classe média, como a possibilidade de contratar um seguro que caiba no bolso do cliente e atenda as suas necessidades”, diz Felipe Gomes, direto- executivo de gestão de mercado e estratégia da Allianz Seguros.

A diversificação do mercado com o microsseguro, a garantia estendida, os seguros massificados, as apólices odontológicas e o seguro garantia são importantes vetores de crescimento. O microsseguro, apólice de pequeno valor voltada para a população de menor renda, é um segmento novo, mas com elevado potencial de crescimento. “A expectativa é de que, em alguns anos, até 100 milhões de pessoas possam ser impactadas por esse produto”, diz Eugênio Velasques, diretor-executivo do grupo Bradesco Seguros. Nas próximas semanas, chega ao mercado o Microsseguro Bradesco Proteção em Dobro, o primeiro do tipo a ser lançado. No formato “combo”, inclui apólice residencial, de acidentes pessoais e assistência funeral (opcional). 

                Felipe Gomes, da Allianz: estratégia inclui seguro que cabe no bolso da nova classe média

O novo produto terá três faixas de preço: R$ 4,50, R$ 5,50 e R$ 7,50 ao mês, para coberturas de R$ 10 mil, R$15 mil e R$ 24 mil, respectivamente. Os seguros massificados também estão entre os mais aquecidos do mercado. Dentre eles, apólices de vida, de desemprego, de residência e outras são ofertadas através de parceiros, como lojas de varejo e revendas de carro. A expectativa é de um crescimento em torno dos 25% dos massificados nos próximos cinco anos. A BNP Paribas Cardif, líder de seguros desse tipo no Brasil, ultrapassou R$ 1 bilhão de faturamento em 2012 e pretende dobrar de tamanho nos próximos cinco anos.

“Estamos focados em ferramentas inovadoras para dar suporte à força de vendas de nossos parceiros”, afirma Márcio Mainardi, diretor-comercial da BNP Paribas Cardif, que trabalha com 15 mil pontos de venda no País. Outra modalidade que ganha espaço no mercado é a de garantia estendida. É aquela cobertura adicional contratada na hora da compra do produto, que garante reparos ou substituição do aparelho danificado. Nesse ramo, o crescimento médio tem sido de 20% nos últimos anos. “É um produto acessível à nova classe média. Como esse tipo de consumidor compra em várias parcelas, imagine se o produto quebra quando não há mais garantia de fábrica? Ele fica pagando o carnê e ainda tem que bancar o conserto”, diz André Rutowitsch, diretor da Garantec, operação de seguro de garantia estendida do Itaú Seguros. 


Líder do segmento no País, a companhia tem mais de 50% de participação de mercado e 45 milhões de clientes. Atualmente, uma das portas de entrada da nova classe média no mercado de seguros tem sido o segmento de planos odontológicos. Segundo Cássia Gil, diretora da Metlife, em média, um plano odontológico custa R$ 11 ao mês se for corporativo e R$ 30, no caso de um plano individual. É bem mais barato do que um plano de saúde tradicional. “No Brasil, apenas 5% da população tem plano odontológico, o que indica uma grande fatia que o mercado pode explorar”, afirma Cássia Gil. Mas nem só de classe C vive o segmento de seguros.

Na ponta da pirâmide, a classe AAA está cada vez mais exigente. “É um público que requer um tratamento exclusivo, com demandas únicas”, afirma Acacio Queiroz, CEO da Chubb, seguradora voltada à turma de alta renda. O seguro residencial, por exemplo, pode englobar até a jardinagem. “Uma palmeira real custa R$ 50 mil; por isso, muitas vezes os jardins são segurados”, diz Queiroz. E não para por aí. “Temos casos em que a pessoa faz seguro de sua coleção de sapatos.” No segmento automotivo, a Chubb só faz seguros de carros com valor acima de R$ 60 mil. Geralmente, bem acima.“Já fizemos um seguro de uma Mercedes McLaren, que custa R$ 3 milhões”, conta ele.


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