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Lucratividade dos planos de saúde cai

Fonte Valor Econômico

As operadoras de planos de saúde e odontológicos viram seus custos dispararem no ano passado. Praticamente todo o setor assistiu a um avanço dos gastos médico-hospitalares superior ao crescimento da receita, mesmo com os reajustes elevados para os usuários. Com isso, houve queda nos lucros ou prejuízo. Segundo as entidades que representam as operadoras, as internações têm puxado a alta dos custos médico-hospitalares e representam cerca de 40% dos gastos totais. "Nos últimos cinco anos, as despesas assistenciais cresceram 125%. Já os custos com internações aumentaram 215%", disse José Cechin, diretor-executivo da FenaSaúde.

As operadoras de planos de saúde e dental viram seus custos com hospitais, médicos, dentistas e laboratórios dispararem no ano passado. Praticamente todo o setor amargou um crescimento com gastos médico-hospitalares superior ao crescimento da receita, mesmo com os altos reajustes repassados no preço dos convênios médicos em 2012. O resultado desse desequilíbrio foi prejuízo ou queda nos lucros.

Levantamento realizado pelo Valor Data mostra o desempenho de nove grandes operadoras do setor de saúde, que serve como um espelho de como se comportou o setor em 2012. Elas atendem pouco mais de 22 milhões de pessoas - quase a metade dos 47,9 milhões de usuários de planos de saúde cadastrados no país no ano passado (ver tabela). Do grupo de nove empresas analisadas, oito tiveram aumento das despesas superior ao crescimento da receita. Para cinco do grupo, o lucro caiu. E duas tiveram prejuízo.

A Bradesco Saúde viu o faturamento aumentar apenas 2,9% - os custos subiram 21,2%. Na Amil, a disparidade entre esses dois indicadores não foi tão expressiva - os gastos cresceram 18,6% e a receita subiu 16,2%. Ainda assim a Amil teve prejuízo de R$ 161,2 milhões devido a uma forte elevação nos gastos administrativas.

A Unimed-Rio é uma exceção. Conseguiu crescer mais em faturamento do que em despesas médica-hospitalares. Mas amargou uma queda de 56,8% no lucro por conta da construção de um hospital na Barra da Tijuca.

Segundo as entidades que representam as operadoras de planos de saúde, o que tem puxado a alta dos custos médico-hospitalares é a internação que representa cerca de 40% das despesas totais. "Nos últimos cinco anos, as despesas assistenciais cresceram 125%. Já os custos com internação aumentaram 215%", diz José Cechin, diretor-executivo da FenaSaúde. "Nas internações, há o uso de materiais modernos e medicamentos especiais importados. No Brasil, paga-se entre oito e dez vez mais por uma prótese ou órtese em relação aos Estados Unidos", diz Arlindo Almeida, presidente da Abramge.

A Unimed-Rio teve resultado melhor na relação entre despesas e receita pois tem unidades próprias de atendimento. "Tenho dois pronto-atendimentos próprios, com equipamentos modernos para exames de tomografia e ressonância e leitos de repouso. Em hospitais credenciados, muitos pacientes que entram pela emergência e precisam fazer esses mesmos exames são internados, não há um leito de espera, o que acaba encarecendo os custos para a operadora", diz Humberto Modenezi, superintendente-geral da Unimed-Rio.

OdontoPrev e Qualicorp também foram afetadas. Segundo a OdontoPrev, muitas companhias deixaram de conceder o plano dental a seus funcionários por causa do forte reajuste no preço dos convênios médicos em 2012. Por conta desse aumento, muitas pessoas deixaram de pagar o plano de saúde. A Qualicorp, empresa que vende e administra planos de saúde, viu a sua inadimplência subir 82,5% no quarto trimestre em relação a um ano antes. Essa alta é confirmada pelos dados da ANS que mostram que 700 mil usuários cancelaram seus convênios médicos, entre setembro e dezembro.

Segundo as consultorias Aon e Marsh, que juntas administram a carteira de planos de saúde de cerca de 1.000 empresas no país, o reajuste médio dos convênios médicos oscilou de 14% a 16,8%. "Desde 1998, acompanhamos o setor e o reajuste do ano passado foi um dos mais altos. Outros períodos de alta foram na crise de 2009 e na época da inflação", disse Francisco Bruno, consultor sênior da área de saúde da Mercer Marsh Benefícios.

Em relação aos planos de saúde individuais (cerca de 10 milhões no país), o reajuste ainda não foi definido pela agência reguladora, o que deve acontecer até o próximo mês. Mas ao que tudo indica o aumento deve ser expressivo.

Dados do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) mostram que os custos médicos nessa categoria de plano de saúde aumentaram 16,4% no acumulado de 12 meses encerrado em junho do ano passado, índice muito acima da inflação (IPCA) que ficou em 6,1% no mesmo período. "A variação dos custos médicos é sempre superior à inflação. Mas desta vez, a diferença foi muito alta, mais de 10 pontos percentuais. É a maior alta desde 2007, quando começamos acompanhar", disse Luiz Augusto Carneiro, superintendente-executivo do IESS.

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