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Seguradoras miram novos estádios de futebol

Fonte  Valor Econômico

Os 14 novos estádios que serão entregues até 2014 despertaram o interesse das grandes seguradoras, como a alemã Allianz, que adquiriu o direito de batizar a arena do Palmeiras. A companhia dará ênfase à oferta de seguros de eventos, segundo Edward Lange, presidente

Os 14 novos estádios que estão sendo entregues neste ano e em 2014 para os grandes eventos esportivos no Brasil representam oportunidades de negócios milionários para seguradoras e corretoras, interessadas em oferecer seguros para as empresas que vão operar essas arenas. Nomes como Zurich, Allianz, BB Mapfre e Bradesco Seguros e as corretoras Marsh e Aon já iniciaram conversas com os operadores dos estádios para vender apólices de seguro patrimonial e de responsabilidade civil - que cobre danos causados a terceiros -, em um total estimado em R$ 8,75 bilhões em coberturas.

A percepção dos participantes do setor é que o regime de concessão de estádios permitirá o fomento do mercado segurador, pelo fato de as estruturas passarem a contar com operadores privados, mais interessados em preservar receitas, segundo Mauro Leite, líder de práticas de responsabilidade civil da corretora Marsh Brasil. A previsão é que os contratos sejam fechados em alguns meses, diz.

Para o seguro patrimonial, o valor de cobertura de cada estádio deve ficar entre R$ 500 milhões e R$ 600 milhões, enquanto para responsabilidade civil, em R$ 25 milhões, estima Bruno Amorim, diretor comercial da Aon.

Dos estádios previstos para a Copa do Mundo, Castelão (CE), Mineirão (MG), Fonte Nova (BA), Mané Garrincha (DF), Maracanã (RJ) e Arena Pernambuco (PE) foram entregues. Além dos que serão usados no evento do ano que vem, também está em obras o novo estádio do Palmeiras (SP), enquanto o do Grêmio (RS) foi entregue em dezembro.

As arenas que já têm concessionários para operá-las - normalmente os grupos de construtoras que ergueram as estruturas - são Mineirão, Fonte Nova, Arena Pernambuco e Maracanã. Essas operadoras são os clientes-alvo das seguradoras e corretoras.

A suíça Zurich já tem a apólice do seguro de risco de engenharia das obras do Maracanã, Mané Garrincha, Fonte Nova e Arena Corinthians (SP), e agora pretende participar da concorrência para oferecer seguro patrimonial e de responsabilidade civil, afirma Fabio Silva, superintendente de riscos de engenharia da seguradora. A previsão é que os quatro estádios possam gerar até R$ 6 milhões em prêmios.

A Zurich não descarta concorrer pela apólice de outros estádios que estão sendo entregues, mas pretende aproveitar as vantagens competitivas nas arenas que já tem em carteira, diz Octávio Luiz Bromatti, diretor de responsabilidade civil da seguradora. "À medida que os estádios forem entregues, vamos buscar participar da concorrência."

Como o perfil dos novos estádios é diferente dos antigos, com capacidade para menos espectadores, mais lojas e equipamentos tecnológicos, a avaliação de risco das seguradoras teve que mudar. Se por um lado há menos torcedores, há mais equipamentos a serem segurados, avalia Bromatti.

Para o diretor geral de grandes riscos da BB Mapfre, Wady Cury, esta é uma "nova geração de estádios com uma nova geração de riscos", e que abrigarão outros eventos além de jogos de futebol. "As arenas precisam ter pacotes de seguros bem desenhados para dar ao contratante uma segurança adequada."

A BB Mapfre está apresentando programas de seguros para quatro estádios - negociações que o executivo não revela, mas que devem ser definidas até agosto. Além dos tradicionais seguros patrimonial (que cobre danos materiais causados por incêndio, alagamento etc) e de responsabilidade civil, a seguradora também oferece apólice por lucro cessante. É o tipo de indenização que pode ocorrer quando um clube fica impedido de receber público em uma partida, ou em opções para "no show", que garante despesas com o cancelamento de um evento.

De acordo com o diretor de negócios da consultoria Golden Goal, Ricardo Hinrichsen, outra novidade que deve chegar ao mercado brasileiro é o seguro de performance, que garante que a operadora do estádio cumprirá os termos do contrato de concessão. "Esse seguro é comum na construção de estradas concedidas", compara Hinrichsen.

A seguradora alemã Allianz estuda, por exemplo, oferecer o seguro de performance para a WTorre, uma das operadoras do estádio do Palmeiras. "Hoje no Brasil esse seguro é pouco comum. Mas, se eles decidirem contratar, vamos estudar a possibilidade", diz Edward Lange, presidente da Allianz. "É um seguro mais financeiro, tem que ter resseguro, e teríamos que trabalhar com a casa matriz."

A experiência no exterior com estádios de futebol é o diferencial vendido pelas seguradoras estrangeiras que decidiram atuar nesse mercado no Brasil. Cury, da BB Mapfre, por exemplo, vê no conhecimento internacional uma vantagem na hora de analisar os riscos. "A carteira maior e a experiência trazem segurança", enfatiza. Para ele, no entanto, qualquer seguradora pode entrar no negócio, "pois 90% da capacidade de resseguros mundial já está no Brasil".

Fernando Cheade, superintendente-executivo da Bradesco Seguros, considera que as brasileiras podem ser até mais competitivas por conhecerem bem o risco local. Segundo o executivo, corretoras especializadas já iniciaram conversas com a instituição para elaborar pacotes para os estádios. A Bradesco fez o seguro das obras do Mineirão e do Castelão, em parceria com outras seguradoras.

Entre as grandes brasileiras do setor de seguros, o Itaú Unibanco resolveu ficar de fora, por considerar a receita com prêmios potencialmente baixa em relação aos riscos envolvidos, segundo o diretor executivo de soluções corporativas em seguros do Itaú Unibanco, Antonio Trindade. "Não é um risco que nos atraia, em termos de custo-benefício."

A Allianz, que adquiriu o direito de batizar o estádio do Palmeiras, terá preferência para oferecer os seguros que serão contratados pelo operador, a Nova Arena, empresa formada pela construtora WTorre, pelo próprio clube Palmeiras e pela empresa de entretenimento americana AEG. A previsão é de que as obras sejam concluídas no início de 2014.

A seguradora alemã dará ênfase à oferta de seguros de eventos, já que a maior parte das receitas desse estádio virá de shows. "A previsão é que sejam realizados de seis a dez megashows por ano no estádio, com até 55 mil pessoas. Além de outros 35 shows menores, com até 20 mil pessoas", diz Lange, presidente da Allianz Seguros.

 

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