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Regra mais engessada impõe desafio aos gestores

Fonte Valor Econômico

Por Luciana Seabra | De São Paulo

                         George Wachsmann, da GPS: cogestão em busca de ganhos mais fartos

A responsabilidade de garantir uma aposentadoria tranquila para donos de grandes fortunas tem levado gestores de patrimônio a quebrar a cabeça. O modelo que normalmente usam para investir os recursos de milionários e bilionários - carteiras recheadas de fundos de diferentes gestores - enfrenta entraves regulatórios no universo da previdência. Porém, diante de juros historicamente baixos, os gestores de fortunas têm buscado formas de aproveitar a experiência dos gestores independentes de recursos, principalmente na renda variável, sem perder a capacidade de manejar as carteiras dentro de casa, adaptando-se ao cenário e ao perfil de cada cliente.

"Hoje na previdência, quando você escolhe um plano, acaba escolhendo um só gestor. A diversificação seria positiva porque você pode ter um bom gestor de renda fixa e outro de renda variável, por exemplo", diz George Wachsmann, sócio da GPS. Um impedimento para montar o tradicional fundo de fundos é que a regulamentação de previdência proíbe que uma carteira compre outra que já tenha taxa de administração. Ou seja, as regras inviabilizam a remuneração dos gestores selecionados.

Na Bawm, incorporada pela GPS em dezembro do ano passado, a solução encontrada foi recorrer à cogestão, permitida pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), mas ainda pouco utilizada pelo mercado. Há nove meses, a Bawm fez uma parceria com a Brasil Capital para que a gestora, especializada em renda variável, cuidasse da seleção de ações do fundo de previdência da casa, o Legado, hoje na prateleira da GPS. No formato, a taxa de administração é divida pelos dois. Poderia ser o começo de uma carteira formada por vários gestores.

O modelo da cogestão, entretanto, tem um limite. É permitido somente um gestor por estratégia e a distinção deve ser explícita. O Legado não poderia incorporar mais um gestor de ação, por exemplo, a fim de diversificar o risco na renda variável. A possibilidade de criar fundos de fundos, considera Wachsmann, aumentaria a presença da gestão independente na previdência, que muitas vezes oferece ganhos mais robustos.

Também na gestora de patrimônio Taler, a discussão no momento é como tornar os fundos de previdência mais eficientes. "Todos os nossos modelos de alocação passam pelos fundos de fundos, em que detemos a tomada de decisão. Faria sentido ter essa mesma dinâmica na previdência", diz Richard Ziliotto, sócio da Taler e presidente do comitê de gestão de patrimônio da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Dentro dessas grandes carteiras, o gestor de fortunas ganha liberdade para manejar estratégias rapidamente. Ele não precisaria entrar em contato com cada investidor, por exemplo, para trocar temporariamente uma estratégia focada em títulos indexados à inflação para uma com maior presença de ações.

As próprias regras da previdência, como limite para alocação em renda variável ou concentração em um emissor, entravam a criação dos fundo de fundos. Isso porque é difícil garantir que a carteira final esteja enquadrada quando cada gestor que a integra age de forma independente. "Você praticamente não consegue fazer isso se cada fundo estiver em uma seguradora", diz Zillioto.

Uma saída que tem sido pensada pela Taler é montar uma carteira com fundos que estejam na prateleira de uma mesma seguradora, e não cobrem taxa de administração. "Mesmo assim, você tem que chegar com um volume representativo de recursos", diz. Além disso, pode ser necessário recorrer a fundos de um mesmo gestor, ganhando somente a prerrogativa de passear entre estratégias segundo a conjuntura.

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