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Cresce a participação de mulheres, mas salários são menores

Fonte: Valor Econômico

Por Renata Batista | Do Rio
 
 

A executiva Maria Helena Monteiro, da Funenseg, foi a primeira mulher a fazer parte da diretoria da SulAmérica.

Primeira mulher a ingressar - no sentido literal e no figurado - Clube do Bolinha da área de seguros, a diretora da Escola Nacional de Seguros (Funenseg), Maria Helena Monteiro, ainda não deu por encerrada sua cruzada para ampliar a participação e o reconhecimento das mulheres no mercado.

"Em geral, as mulheres ganham 70% menos do que um homem no mesmo cargo. Mas, no mercado segurador, ganham 60%. São quatro mulheres gerentes para cada dez homens e uma diretora para cada cinco diretores. Ainda há muito a avançar", diz a executiva, que lança amanhã a primeira pesquisa "Mulheres no mercado de seguros no Brasil", realizada pela Funenseg.

Maria Helena foi a primeira mulher na diretoria da SulAmérica Seguros, em 2001. Em 2005, passou a frequentar as reuniões mensais de um grupo de executivos do mercado, conhecido como Clube do Bolinha, que existe há mais de 60 anos, sempre com a presença apenas de homens. Quando observa o setor, porém, ainda vê muito espaço para as mulheres. "É só olhar a foto da diretoria da Confederação Nacional de Seguros. São todos homens, todos engravatados", diz.

Os dados levantados pela pesquisa mostram que houve alguns avanços. As mulheres, por exemplo, já são 57% dos profissionais do setor, contra 49% em 2000. Mas o crescimento, explica, aconteceu nos cargos com salários mais baixos. "Nos cinco maiores níveis hierárquicos das companhias, os homens ainda ocupam 69% dos cargos", ressalta.

De acordo com Maria Helena, ao contrário do que se imagina, a maternidade não chega a tirar tantas profissionais do mercado - apenas 2% não voltam após a licença-maternidade. É o dia a dia e as exigências de conciliar os horários de trabalho com as novas atividades de casa que levam a essa decisão. Ao final do primeiro ano de maternidade, 32% deixaram a carreira.

"Esse movimento é característico das camadas intermediárias, entre as que estão ascendendo na carreira. Nas faixas mais baixas, muitas ficam porque precisam trabalhar. As executivas, que já se estabeleceram, têm mais condições de manter uma estrutura, com creche e babá, que permite manter a atividade", explica a diretora. Ela já morou em dois países (Estados Unidos e Inglaterra) com os três filhos e a babá e conseguiu incorporar à política da Shell um subsídio para babás que já existia para empregados expatriados viúvos ou divorciados com filhos.

Na avaliação de Maria Helena, o problema para as mulheres que deixam o setor é a rápida evolução tecnológica. "Quando elas retornam, a tecnologia mudou totalmente. A evolução é muito rápida", afirma.

Por isso, a maior demanda das profissionais é por flexibilidade, principalmente de horário. O problema, segundo ela, é que a legislação brasileira ainda é muito restritiva e acaba punindo as empresas mais flexíveis - embora reconheça que a prática de banco de horas avançou e já existe na maior parte das empresas do mercado.

O resultado é que muitas mulheres acabam voltando ao mercado, mas na atividade de corretagem. "Espero que o estudo sirva de base para que as seguradoras adotem mudanças nas suas políticas", ressalta, acrescentando que a Funenseg já atua na conscientização das profissionais por meio de palestras. "A mulher já está mais consciente de seu poder de barganha. O risco para as empresas de perder uma bom profissional hoje é grande em ambos os sexos."
 
 

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