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Previdência: Consumidor mais atento opta pela portabilidade

Fonte: Valor Econômico

Por Katia Simões | Para o Valor, de São Paulo
 
 

                    Marcelo Rea, sócio da For Life: o que pode mudar é o regime de tributação.

Taxas mais baixas, produtos com perfil mais adequado à aposentadoria e até busca por melhor atendimento têm levado muitos brasileiros a trocar seus planos de previdência. De acordo com a Federação Nacional da Previdência Privada (Fenaprevi) as operações de portabilidade têm crescido nos últimos anos. Em 2012, foram 57,7 mil clientes que decidiram mudar seus recursos de seguradora ou mesmo entre fundos de uma mesma companhia. Uma conduta que envolveu valores próximos a R$ 5,7 bilhões, 48% mais do que em 2011. Este ano, o cenário não será diferente. De janeiro a setembro as cifras movimentadas pela portabilidade alcançaram R$ 4,6 bilhões, 14,28% a mais do que no mesmo período de 2012.

Parte desse movimento é explicada, de acordo com especialistas, pelo próprio crescimento do mercado, mas não há como ignorar que o consumidor está mais atento aos rendimentos e à comparação de produtos, buscando melhores ganhos do que os oferecidos pela renda fixa. Essas carteiras ainda representam a maioria das aplicações. Entretanto, os investidores têm buscado produtos que, a longo prazo, tendem a entregar um retorno maior, como maior participação da renda variável, segundo levantamento da Fenaprev.

Foi o que aconteceu com a pedagoga Cristina da Costa Nunes, que há cinco anos, por insistência do gerente do banco, adquiriu um plano de previdência para os filhos. "Como comprei para ajudá-lo a bater suas metas, não me importava em acompanhar os extratos com atenção", conta Cristina. "Um dia parei para ler melhor e constatei que o rendimento era muito baixo. Procurei um consultor financeiro e decidi migrar para outra seguradora."

Exemplos como o da pedagoga Cristina são comuns. Conquistar a confiança de um número cada vez maior de clientes é um desafio não só para seguradoras, como para os próprios bancos. "Produtos de previdência pressupõem relações de 10, 20 e até 30 anos com a instituição e, com o passar do tempo, as expectativas podem ser frustradas", afirma Ricardo Aguida, gerente de departamento da Bradesco Seguros.

"As causas podem ser as mais variadas, desde mudança do perfil do investidor até a vontade de contar com um gerenciamento mais próximo do produto".

Segundo Aguida, de 2008 para cá a portabilidade aumentou 19,6% ao ano (tomando-se por base os períodos de janeiro a setembro), 1,5% nos valores trocados entre entidades, correspondendo a 0,14% do lucro líquido da carteira. "Embora a portabilidade seja importantíssima para o investidor, sempre orientamos nossos clientes a analisar a relação custo/benefício ao longo de 24 ou 36 meses, porque um mês pelo outro não retrata a realidade", afirma.

Qualquer investidor pode migrar seus recursos de um plano para outro sem pagar impostos, desde que a mudança seja feita entre produtos da mesma modalidade. "Quem tiver um Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) não pode passar para um Plano Vida Gerador Benefício Livre (VGBL) e vice-versa", observa Marcelo Rea, sócio da For Life Consultoria, especializada em seguros e previdência. "A única coisa possível de mudar é o regime de tributação, de progressivo para regressivo."

Se a tabela de imposto do plano for progressiva - cuja tributação aumenta quanto maior o valor investido - o percentual de imposto de renda pode chegar a 27,5% sobre o valor total (se o plano for PGBL), para resgates de valores maiores do que R$ 51.259,08. Se a tabela for regressiva, que diminui ao longo do tempo, o imposto de renda pode chegar a ser de 35% sobre o valor total (para planos PGBL), caso o resgate seja feito em menos de dois anos. No caso dos planos VGBL, a regra da tributação é praticamente a mesma, com a diferença de que o imposto de renda incide sobre o rendimento, não sobre o valor total investido.
 

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