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Setor de grandes riscos tem carência de mão de obra

Fonte: Valor Econômico

O mercado de seguros de grandes riscos, que em 2013 movimentou aproximadamente R$ 7 bilhões em prêmios, sofre hoje no Brasil do que o corretor Gustavo Cunha Mello, sócio da Correcta Consultoria, chamou de "apagão de mão de obra". Os negócios cresceram e a disponibilidade de técnicos especializados não acompanhou a demanda. "Faltam bons subscritores de risco", diz Mell. Segundo ele, para se conseguir bons contratos nessa área "o pulo do gato" é ter mão de obra capaz de fazer corretamente a análise de normas técnicas e interpretar corretamente os riscos envolvidos.

Mello explica que a área é muito ampla, destacando, basicamente, o seguro aeronáutico (aviões), o seguro marítimo (navios), o seguro de grandes obras, incluindo exploração de petróleo (perfuração) e o de plantas industriais. Entre estas, as instalações para produção de petróleo no mar têm características próprias. A área de petróleo é uma daquelas nas quais o mercado vem percebendo maior problema de escassez de mão de obra no setor de seguros.

De acordo com o especialista Roger Torbergsen, da empresas de serviços para a área de petróleo e gás Agder Offshore, há hoje no país carência de profissionais de seguros com experiência reconhecida em instalação de linhas submarinas, um do riscos mais presentes na produção de petróleo e gás no mar.

Para Mello, o despreparo faz com que o profissional de seguro siga o que está estritamente na cartilha, sem ter sensibilidade para enxergar situações especiais. Mas o problema, de acordo com o especialista, também está do lado das empresas, onde falta conhecimento técnico para identificar a melhor apólice para seu caso e para fazer o gerenciamento adequado dos riscos do seu projeto. "Seguro não é a solução para tudo, é um pedaço de um processo de gerenciamento de risco", pondera.

O economista Claudio Contador, diretor de Ensino Superior e Pesquisa da Escola Nacional de Seguros (Funenseg), acha forte o termo "apagão" usado por Mello, mas concorda que no mercado de seguro de grandes riscos "a demanda por profissionais está crescendo mais do que a oferta".

Segundo Contador, as deficiências de mão de obra nessa área ficaram despercebidas por algum tempo no Brasil, até que foram potencializadas por dois fatores: o primeiro foi o grande crescimento da indústria de petróleo e gás, especialmente no mar, somado ao retorno das grandes obras de infraestrutura, como nas sucessivas versões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

E o segundo foi a abertura do mercado de resseguros, quebrando o monopólio do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), a partir de 2008, que resultou no surgimento de um grande número de novas empresas no setor. Estão autorizadas hoje pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) a funcionar 14 empresas nacionais e 102 internacionais de resseguros.

Contador acrescenta outro fator menos decisivo do que os outros dois, mas relevante: o aumento dos casos de catástrofes naturais no Brasil. E destaca também o forte crescimento dos riscos ambientais, acelerando a demanda por seguros nessa área.



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