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Câmbio ajuda no seguro de transporte ao exterior

Fonte: Valor Econômico 

Por Chico Santos

A crise econômica e a desvalorização cambial tiveram efeitos inversos sobre o mercado de seguros de transportes, segundo especialistas de algumas das mais importantes empresas que atuam no segmento ouvidas pelo Valor.

Enquanto o ambiente recessivo repercutiu imediatamente no mercado de transportes nacionais (embarcadores), fazendo as receitas de prêmios caírem 14% de janeiro a agosto em relação ao mesmo período do ano passado, a maior competitividade das exportações trazida pelo real desvalorizado elevou em 14% no mesmo período o faturamento do setor com transportes internacionais.

Os dados são de Artur Santos, vice-presidente de operações da corretora Pamcary, uma das líderes no segmento. Segundo Santos, no conjunto o mercado segurador de transportes ainda está positivo, com aumento de 1,94% sobre os oito primeiros meses de 2014, o que gera a expectativa de, mesmo com a crise, um crescimento geral maior em 2015 do que, segundo Santos, o aumento de apenas 0,6% registrado em 2014.

"O crescimento maior em 2015 não se dará, obviamente, pela recuperação da economia, mas em razão de os seguradores praticarem preços tecnicamente mais compatíveis com os riscos que lhes são apresentados", explicou o executivo da Pamcary. Ainda de acordo com Santos, o segmento de seguro de transportes está dividido em 48,9% do embarcador (dono da carga) e 51,1% do transportador (seguro de responsabilidade civil, obrigatório), sendo 49,4% do transportador rodoviário (apenas 1,3% em viagens internacionais).

Em 2014, segundo Sergio Caron, superintendente de transportes da corretora Marsh Brasil, o seguro de transportes gerou R$ 2,48 bilhões em prêmios. Caron disse também que antes da crise o segmento vinha crescendo a taxas bem mais elevadas, em torno de 14% ao ano, mas, agora, além de o percentual de crescimento dos prêmios haver encolhido, a sinistralidade (relação entre o faturamento em prêmios e os pagamentos de sinistros) vem crescendo em índices maiores.

Em roubo de cargas, por exemplo, a sinistralidade passou de 66% em 2014 para 72% nos oito primeiros meses deste ano. Segundo Caron, nem os avanços tecnológicos, como a possibilidade de rastreamento do caminhão, tem sido suficiente para inibir o roubo de carga.

De acordo com Amilcar Spencer, diretor da Chubb Seguros, empresa internacional que começou no ramo de transporte de cargas, as taxas de seguro (preço da apólice) no setor de transporte no Brasil vêm caindo e o crescimento que ainda se registra decorre do aumento do volume. As taxas caem, segundo ele, pelo aumento da concorrência entre as empresas, a redução dos riscos e a abertura do mercado de resseguros que reduziu os custos para as seguradoras.

Spencer disse que a tendência para este ano é que o faturamento do segmento de transportes fique em uma faixa entre R$ 2,5 bilhões e R$ 3 bilhões, realidade que representará uma queda em dólares por conta da desvalorização da moeda brasileira. Segundo o executivo, o setor vinha faturando uma média e US$ 1 bilhão por ano, o que não será possível alcançar em 2015.

Carlos Polízio, superintendente executivo de transportes do Grupo BB e Mapfre disse que este ano a seguradora, uma das maiores do mercado de transportes, deverá fechar com uma produção em prêmios de R$ 280 milhões, cumprindo a meta estabelecida dentro de uma perspectiva de estabilidade.

Eduardo Michelin, diretor de transporte e logística da Willis, disse que o crescimento da sinistralidade é um agravante para a situação do mercado, já muito afetado quando a economia desacelera.

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