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Contribuinte deve vigiar rendimento de plano

Fonte: Valor Econômico

Gianfranco La Greca é provavelmente um dos beneficiários mais antigos da previdência complementar aberta no país. Ele recebe mensalmente seus benefícios há pouco mais de 20 anos, mas é por pura teimosia. Cliente da Golden Cross, ele contribuiu por dez anos com o plano de previdência da seguradora, quando a empresa vendeu carteira previdenciária para ficar apenas com planos de saúde.

"Fui lá, reclamar, mas não fizeram nada", conta La Greca, que não aceitou a migração compulsória para outra administradora. Ao pedir o resgate para o encerramento do plano, ficou surpreso com o valor, que considerou muito baixo para os aportes realizados. Irritado, pediu que os recursos fossem convertidos em renda vitalícia, só para incomodar a empresa que teria de processar mensalmente o pagamento de um valor irrisório.

Desde então, a antiga carteira da Golden Cross mudou de mãos várias vezes. A conta de La Greca está hoje com uma administradora do Rio Grande do Sul, e o aposentado nunca deixou desistiu de seu propósito de receber o benefício. "Hoje, o complemento é de uns R$ 30. Uma fortuna que não cabe no bolso", ironiza.

O caso é atípico, mas ilustra a relação por vezes tensa dos clientes com os planos de previdência. O baixo valor da aposentadoria convertida em renda mensal se explica pelo tempo de contribuição e pelo longo período projetado para o pagamento: La Greca tinha apenas 35 anos de idade quando converteu o fundo em renda mensal.

A primeira lição da história de La Greca é que o tempo de contribuição é um fator importante para aumentar o valor do benefício. Quanto maior for o tempo de acumulação, mais recursos no fundo. E quanto mais tarde o cliente se aposentar, maior o benefício gerado - pois a expectativa de vida é fundamental para esse cálculo.

O professor de Educação Física e personal trainer Maurício Santana começou relativamente cedo. Ele contribui com a previdência privada desde os 29 anos. Hoje, tem 32 e faz aportes mensais de R$ 150, mas pensa em aumentar o volume de contribuições quando a renda permitir. Seu objetivo é se aposentar em algum momento entre os 50 e 60 anos.

"O salário de professor é baixo e não sei se vou poder manter a renda extra como personal trainer quando estiver mais velho", explica Santana. O professor ainda não tem certeza do que fará com os recursos no futuro, mas dá preferência por algum tipo de rendimento mensal. Cliente do Itaú, conta que não costuma conferir a evolução de sua poupança previdenciária, ou consultar os simuladores de renda. "Só fiz isso quando contratei o plano", admite.

A postura de Santana é um dos erros mais comuns cometidos pelos clientes de previdência privada, na opinião dos especialistas em finanças pessoais. "O poupador pode até delegar a administração dos recursos, que é o que acontece com um plano de previdência, mas não deve se esquecer do que fez", aconselha Gilberto Braga, professor de finanças do IBMEC-RJ.

Segundo Braga, ao escolher um plano de previdência, o cliente está tomando uma decisão de longo prazo e nesse tempo certamente haverá mudanças de cenário. "O acompanhamento deve ser feito pelo menos anualmente, não apenas para saber o rendimento dos recursos, mas para saber se o perfil do plano está adequado ao objetivo", recomenda o economista.

Braga acrescenta que os clientes devem ficar de olho nas taxas cobradas pelos bancos e seguradoras, e, se necessário, exercer seu direito à portabilidade. Basicamente são dois tipos de taxa: a de administração, cobrada sobre a rentabilidade dos recursos, e a taxa de carregamento, cobrada sobre o valor de cada aporte realizado.

"Como a captação anda baixa por causa da crise, é uma boa hora para negociar as taxas ou eventualmente trocar de plano", observa Braga, como ele próprio já exerceu esse direito uma vez.



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