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Planos remuneram 91 mil pessoas

Fonte: Valor Econômico 

O número de pessoas que recebem benefícios de aposentadoria dos planos de previdência complementar aberta ainda é baixo dentro da carteira total de clientes das empresas, mas o volume de beneficiários cresce a cada dia. Ao todo, são 91,3 mil pessoas num universo de 12,19 milhões de participantes em todo o país - 9 milhões em planos individuais. É um momento decisivo para a indústria. O aumento de escala no número de beneficiários e no volume de pagamentos atrai a atenção da sociedade - estimulando quem já possui plano há algum tempo e alertando quem não começou a formar a própria poupança previdenciária.

As seguradoras observam, no entanto, que ainda é relativamente pequeno o número de participantes que solicita o benefício de renda vitalícia mensal. Muitas vezes isso acontece porque, na hora do resgate, o cliente considera o valor do benefício muito baixo.

Mas por que ocorre essa discrepância entre o que os planos oferecem no momento da venda e o benefício real no momento do resgate? Geralmente, os simuladores dos planos de previdência fazem suas projeções considerando um benefício médio ideal de 60% da renda do participante, descontado o que ele receberá do INSS. No entanto, os clientes devem ver com reservas as projeções feitas no momento da venda do produto. Na prática, o valor real do benefício vai depender de uma série de variáveis ao longo do período de acumulação, como a curva salarial do participante, o valor dos aportes, o comportamento da taxa de juros e do cenário econômico, o tempo de contribuição, entre outros.

Outro motivo que leva os clientes a fazer o resgate do valor integral em vez de receber a renda mensal é a possibilidade de usar os recursos acumulados para outros fins. Segundo estudo realizado pela Brasilprev sobre sua base de clientes pessoa física entre 2013 e 2014, um total de 89% afirmava ter outros planos para o dinheiro. Ao todo, 40% mencionaram ter a intenção de destinar os recursos do fundo previdenciário para outras aplicações financeiras, 32% para outras despesas como pagamento de dívidas ou contas, e 17% tinham planos para outros tipos de investimento, como compra de imóveis e reforma da casa, entre outros.

Para Sandro Bonfim, superintendente de produtos da Brasilprev, esse fenômeno acontece porque a indústria de previdência complementar no país ainda é relativamente jovem. "São pouco mais de 20 anos", diz. "Não é a maioria da base de participantes que tem reservas tão expressivas para optar por um benefício de renda vitalícia."

Esse cenário, no entanto, começa a mudar lentamente. "Tem havido mais consciência da parte dos clientes, que começam a enxergar o caráter previdenciário desse investimento, que é de longo prazo e não é uma poupança para ser sacada a qualquer momento", avalia Fernanda Pasquarelli, superintendente de vida, previdência e investimentos da Porto Seguro.

Segundo Fernanda, isso tem feito aumentar a parcela dos clientes que buscam benefícios mensais em vez de sacar a totalidade do dinheiro. Hoje, cerca de 5% da carteira total de clientes da Porto Seguro que recebem benefícios optaram por alguma modalidade de renda mensal. De acordo com a executiva, o valor médio desse complemento fica entre R$ 2 mil e R$ 3 mil.

Carlos Eduardo Sarkovas, diretor-executivo corporate da Bradesco Seguros, por sua vez, não revela o valor médio dos benefícios concedidos aos participantes de sua carteira de clientes. Ele alega que a média pode ser enganadora, já que o valor real da aposentadoria complementar dependerá do valor acumulado pelo cliente, da idade do beneficiário e de sua expectativa de vida.

Para Sarkovas, um dos motivos que leva muitos clientes a declinar da renda mensal vitalícia é que a poupança acumulada não é transferida aos herdeiros quando o beneficiário vem a falecer. Muita gente se assusta quando descobre que o benefício cessa com a morte e o dinheiro restante fica para a seguradora. "Há uma cultura muito forte de herança no Brasil", observa.

Esse hábito, segundo Sarkovas, faz com que muitos participantes optem por outras modalidades de benefício, como a chamada renda financeira sem fator atuarial, que também começa a ser oferecida por alguns fundos fechados de previdência complementar. Nesse tipo de benefício, o cliente faz retiradas mensais de acordo com sua necessidade e o benefício cessa apenas quando o dinheiro acumulado acaba. Se ele vier a falecer antes, o valor é passado para os herdeiros. Outro tipo de aposentadoria mensal diferente da renda vitalícia é a chamada renda por prazo certo, em que o valor do fundo previdenciário é dividido em cotas mensais a ser pagas num período acordado entre o cliente e a seguradora.

De todo modo, as próximas gerações de clientes da previdência privada devem ficar atentas para conseguir atingir seus objetivos sem decepções. "É importante que o participante esteja atento à solidez da instituição financeira em que aportará seus recursos e que planeje corretamente para acumular os recursos necessários para a realização de seus projetos ou para a manutenção do seu padrão de vida pós-carreira laboral", conclui Bonfim, da Brasilprev.


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