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Setor de seguros é atraente para os investidores estrangeiros

Fonte: Valor Econômico 

Por Suzana Liskauskas
Luis Ushirobira/Valor
Rafael Ohmachi: seguros têm potencial de crescimento em relação ao PIB

Os papéis de companhias que pertencem ao setor de seguros no Brasil estão entre os preferidos dos investidores. A razão do interesse está diretamente ligada ao comportamento desse setor, que tende a ser menos cíclico quando comparado a áreas ligadas ao crédito. Segundo os analistas, trata-se de um segmento com potencial de expansão em relação ao PIB, o que estimula a procura por esses papéis. Além disso, as taxas de juros mais elevadas impulsionam o resultado financeiro das seguradoras, deixando o setor mais atraente aos olhos dos investidores.

Elias Zoghbi, sócio-líder da indústria de seguros da Deloitte no Brasil, diz que o setor cresceu, em média, 16% nos últimos cinco anos e que a previsão de crescimento para este ano está acima de 12%. Ele chama atenção para a rentabilidade dos papéis do setor nos últimos dois anos. Segundo Zoghbi, nenhum dos papéis do setor apresentou rentabilidade menor que 20%, enquanto o Índice Bovespa (Ibovespa) ficou abaixo de 15%.

"Entre 21 de outubro de 2013 e 21 de outubro de 2015, a rentabilidade da BB Seguridade foi de 22,57%; da Porto Seguro, 30%; da SulAmérica, 32,79%, e da Cia de Seguros Aliança da Bahia, 21,39%, enquanto o Ibovespa ficou em menos 15,39% no mesmo período. Mas isso tem um fundamento: as seguradoras vêm sendo eficientes e têm aproveitado a capacidade de crescimento do mercado. Por isso, o Brasil tem atraído muitos investidores estrangeiros. Eles sabem que a rentabilidade do setor aqui é grande, o que se tornou extremamente relevante para operações internacionais", diz Zoghbi.

Rafael Ohmachi, analista da Guide Investimentos, explica que, mesmo sofrendo os impactos do fraco desempenho da economia brasileira, o setor de seguros apresenta um grande potencial de crescimento, impulsionado por sua baixa penetração sobre o PIB. "No Brasil, os prêmios diretos sobre o PIB representam 3,9%, em média, enquanto em termos mundiais essa taxa sobe para 6,2%", detalha.

De acordo com uma análise de dados extraídos da base da Sigma Swiss Re referentes a 2014, feita pela Guide Investimentos, entre as economias emergentes, o Brasil está atrás do Chile e da Coreia do Sul quando o tema é prêmios diretos sobre o PIB. Segundo Ohmachi, no Chile essa taxa está em torno de 4,2% e, na Coreia do Sul, chega a 11,3%.

Eduardo Nishio, analista do Brasil Plural, comenta que, em um cenário com previsão de PIB negativo para os próximos dois anos, todo mundo vai sofrer os reflexos da crise. Porém, Nishio ressalta que o segmento de seguros é, em geral, um pouco menos cíclico que o relacionado ao crédito. Portanto, em um cenário mais conturbado, é menos impactado.

"Trata-se de um setor que tem espaço para crescer com relação à penetração sobre o PIB e, em tempos de Selic alta, os balanços dessas empresas são favorecidos. Soma-se a isso a configuração da pirâmide brasileira, com uma base ainda grande da população entre 20 e 30 anos. São pessoas que estão adquirindo ativos, como carros e imóveis, e vão precisar de segurar tudo isso. Depois, partirão para a compra de produtos de previdência privada", diz Nishio.

Segundo ele, em mercados emergentes, há um crescimento do segmento de seguros nos canais de distribuição dos bancos. Ele explica que, geralmente a expansão começa nesse canal. O banco oferece crédito ao cliente para a compra de um ativo, que depois precisa ser segurado.

"O crédito cresce primeiro, depois vem o seguro. Foi o que aconteceu no Brasil a partir de 2002. Os bancos compensaram a queda da Selic e do spread, com volumes maiores de crédito. Agora estão tentando rentabilizar essa base de clientes. Como os bancos têm hoje uma necessidade alta de capital e estão bem alavancados. Uma maneira de rentabilizar, sem usar muito o capital, é a oferta de seguros. Uma corretora não precisa de capital para crescer, gera lucro em cima da distribuição da base de clientes do banco", detalha Nishio.



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