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Juro menor vai afetar renda de ativos

Fonte: Valor Econômico 

O primeiro corte da taxa básica de juros (Selic) em quatro anos serviu de sinal para a indústria da previdência. Confirmada a tendência de queda, os rendimentos futuros e a composição de ativos dos fundos serão afetados diretamente. Tudo vai depender da intensidade da redução da taxa e se este será o caminho que o Banco Central seguirá daqui para frente. Esta é uma decisão que depende de outros fatores para que seja efetiva e perene, como a queda da inflação, reforma da previdência e ajuste fiscal.

Hoje 91,7% dos R$ 613 bilhões dos planos têm títulos de renda fixa, com destaque para as NTN-Bs mais alongadas. A de 2030 pagava há alguns meses IPCA + 7% ao ano de prêmio. Alguns gestores dizem que este é um bom momento para a tomada de decisão. "Os investidores que fizerem aportes usando parte do 13º ou outros rendimentos poderão incluir em suas carteiras tais títulos de menor risco e ganho alto", diz Claudio Sanches, diretor de investimentos e previdência do Itaú Unibanco.

Com a redução da Selic para 14% ao ano e a indicação no mercado futuro de juros de queda mais acentuada até o final de 2017, esses títulos hoje estão pagando um pouco menos, mas ainda assim são considerados atraentes. Até o meio do ano, o Itaú administrava um patrimônio de R$ 117,4 bilhões alocados em previdência, a terceira maior carteira do mercado, atrás da Brasilprev e do Bradesco.


Apesar do senso de oportunidade do momento, o fato de a renda fixa remunerar menos levará os gestores a sair da zona de conforto e se mexer. O que deve acontecer gradativamente. Repensar a composição de seus planos com um pouco mais de agressividade e risco. "O fechamento da curva, com taxa de juros menor, serve de instrumento de fortalecimento de outros ativos. Vamos ver a diversificação de portfólio em cinco, dez anos", afirma Edson Franco, presidente da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida.

Este cenário de queda de juros tende a mudar a composição inclusive dentro da renda fixa. A tendência dos fundos será ter ativos mais diversificados e de longo prazo. "E, no longo prazo, ele pode se dar ao luxo de correr mais risco. Mas terá de parar de olhar a volatilidade de alguns papéis no dia a dia", afirma Rudolf Gschliffner, superintendente executivo do Private Banking do Santander.

Em um ambiente de juros menores, com tendência de valorização da figura do gestor, entram em cena os gestores independentes dos bancos disputando o cobiçado mercado de previdência. Um deles é a Infinity Asset Management, que não espera trabalho fácil. "O gestor vai ter de mostrar rendimento. E, quando perder, terá de explicar. Mesmo com a renda fixa, o mercado tomou uma lavada em 2013 e mostrou despreparo por parte dos gestores", afirma Jason Vieira, economista-chefe da Infinity.

Vieira se refere à inversão da curva de juros ocorrida naquele ano que levou alta volatilidade aos fundos de previdência, aumento inesperado dos saques e captação líquida negativa no mês de julho daquele ano. O mercado na época se assustou e percebeu que falhava na orientação e aconselhamento do investidor, que não sabia que renda fixa não era tão fixa assim.

O economista lembra que com a taxa de juros alta, fica muito fácil a administração dos fundos, sejam abertos ou fechados. "Mesmo com os juros virando, é fácil. É só sair do pós e ir para o pré-fixado até a Selic chegar a 10%. O que dá spread de 40% que é á diferença de 14,25% para 10,25%. Até aí, vai realizar lucro", observa Vieira.

Com a estabilização dos juros no futuro, o mercado se divide. Se a taxa cair a 10% ao ano, com inflação de 4,5%, o juro real ainda compensaria, mas pouco. É quase uma meta atuarial que os fundos estariam pagando. Para ter ganhos maiores, os fundos terão de olhar para Bolsa de Valores, se tornarem financiadores de empresas e considerarem ETFs e COEs, para turbinar retorno. "E certamente vai ter um jogo de rouba monte dos gestores independentes em relação aos bancos. Porque o investidor também vai ficar mais crítico, exigir retorno e taxas menores", avalia André Leite, sócio da TAG Investimentos. Nesse sentindo, a resolução 4.444 vem para facilitar a diversificação de alternativas de ativos a serem alocados em carteira. Antes, não havia distinção do investidor comum e do qualificado. "Para o qualificado há mais instrumentos. Pode ter até 100% de exposição em ações, investimentos no exterior até 10% do patrimônio."

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