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Mudança de estilo de vida requer disciplina

Fonte: Valor Econômico

Com a reforma da Previdência avançando e a aposentadoria dependendo cada vez mais do indivíduo, a atividade de planejador financeiro, comum em países desenvolvidos, deve ganhar espaço no Brasil. Esses profissionais ajudam pessoas e famílias a organizarem suas vidas financeiras, definindo estratégias para cada objetivo, de curto, médio ou longo prazo. E podem ser muito úteis tanto para quem não tem dinheiro, e precisa sair de uma dívida, por exemplo, quanto para definir a melhor forma de guardar para uma aposentadoria tranquila ou para aquele sonho de viajar, comprar um imóvel ou pagar a faculdade dos filhos.

O 13º pode ser um motivo para despertar a pessoa para a necessidade de planejamento. Mas não basta buscar uma assessoria apenas porque se recebeu um dinheiro extra, uma herança ou uma promoção, afirma André Novaes, CFP, diretor da Associação Planejar, antigo IBCPF, que reúne os profissionais de planejamento financeiro e concede a certificação internacional Certified Financial Planner (CFP) no Brasil. "O planejamento deve ser uma decisão de mudar o estilo de vida, de torná-la mais intencional e planejada", diz.

Assim como o médico não é só para quando se está doente, Novaes defende que o planejamento de vida tem de ser um costume, uma prática de se organizar para o futuro. "É o equilíbrio entre o hoje e o amanhã, é gastar sabendo que se vai poder continuar fazendo isso mais adiante", diz.


A abordagem é diferente da organização financeira apenas, que vai definir o que fazer com as aplicações, apesar de o planejamento também incluir isso. Tanto que o planejamento não é só para quem tem muito dinheiro guardado, mas para organizar os fluxos das famílias. E isso quer dizer que cada um deve buscar entender qual o papel que esse dinheiro tem num grande projeto de vida. "Só guardar dinheiro e fazer orçamentos acaba se tornando uma coisa chata e sem incentivo", afirma ele.

Novaes recomenda cautela, porém, ao escolher um planejador, pois existem muitos profissionais que são apenas o que ele chama de "envelopes". "São pessoas que usam a atividade de planejador por fora, mas por dentro vendem produtos financeiros", diz. Um jeito de identificar os verdadeiros planejadores é pela forma com que são remunerados, diz Novaes. "Só existe planejamento quando o cliente remunera diretamente o prestador de serviços", explica.

O fato de o planejador possuir uma certificação, como a CFP, é também importante. "A certificação é uma marca de distinção pois, para consegui-la, é preciso uma longa preparação em várias áreas que torna o profissional mais capacitado", diz. Além disso, a certificação exige atualização constante e adesão a um código de ética que os CFP são obrigados a cumprir. Hoje no Brasil há 2.944 profissionais CFP certificados.

Quem tem plano chega lá. Mas é precisa ter o plano certo, alerta Mauro Calil, especialista em investimentos do Banco Ourinvest. Além disso, o plano tem de ter uma margem de manobra e ser revisado periodicamente, no máximo a cada 6 meses, e no mínimo, uma vez por ano, salvo se ocorrer algo inesperado. Por isso, é preciso também ter seguros, de vida ou de patrimônio, para essas emergências.

Atuando como consultor desde 2009, Fernando Meibak, da Sunrise Investments, aprendeu que poucas pessoas são organizadas financeiramente, mesmo as de alta renda ou com bastante estudo. A desorganização é grande mesmo quando se trata do orçamento da família, o primeiro passo do planejamento. "Quando levantamos todas as despesas, as pessoas se assustam, pois nunca prestaram atenção nisso", diz. Em alguns casos, a descoberta do problema só ocorre quando a renda cai e falta dinheiro para os compromissos. "Temos hoje muito mais gente com problemas provocados pela crise econômica", diz Meibak.

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