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Carteira de seguro auto pede novas medidas

Fonte: Valor Econômico
Por Felipe Datt

A queda de 20,1% nas vendas de veículos novos em 2016 representou não apenas o quarto ano consecutivo de retração, mas significou o patamar mais baixo de emplacamentos desde 2006. Por tabela, atingiu em cheio a carteira de seguro de automóveis.

Dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep) mostram que a arrecadação encolheu 2,4% frente a 2015, para R$ 31,74 bilhões. Com a retomada ainda incerta na venda de carros novos - o principal vetor de crescimento da carteira de seguros - em 2017, as seguradoras apostam no lançamento do auto popular, um seguro com coberturas enxutas e a ampliação dos parcelamentos para atrair um motorista afetado por um cenário de crédito escasso e desemprego ainda crescente.

Tokio Marine e Azul anunciaram no final do ano o lançamento desse seguro que oferece coberturas básicas como incêndio, roubo e colisão e traz como principal novidade a possibilidade de utilizar peças alternativas (novas, similares às originais e com garantia dos fabricantes) além de peças usadas oriundas da desmontagem legal de veículos no reparo de carros acidentados.


Na Tokio Marine, o produto popular foi lançado nas regiões metropolitanas de São Paulo e do Rio de Janeiro para um total de 11 modelos populares e dois utilitários.

A estratégia é, a cada dois meses, incluir novos veículos e regiões. "É preciso ter a oferta das peças usadas no momento do sinistro e ainda não temos peças suficientes para todos os modelos", diz Marcelo Goldman, diretor-executivo de produtos massificados da Tokio Marine.

O prêmio médio do auto popular é de R$ 1.300, ante R$ 1.900 do produto "tradicional".

A Azul também iniciou a comercialização do produto para veículos populares na região metropolitana de São Paulo - a Renova Ecopeças, empresa da Porto Seguro que trabalha com desmontagem de veículos, será fonte de peças usadas. "Enquanto as empresas desmontadoras de veículos não se constituírem, a seguradora não tem como abastecer outros mercados com essas peças", diz o diretor-geral da Porto Seguro, Luiz Pomarole. O desconto no produto pode chegar a 20% e ser parcelado em 10 vezes.

No Brasil, apenas 30% da frota circulante é segurada e a penetração não é uniforme: chega a 80% entre os veículos zero quilômetro e decresce à medida em que o carro envelhece - a partir do quinto ano, apenas 40% dessa frota continua segurada. Assim, o seguro popular é restrito à parcela da frota acima de cinco anos de circulação.

A lógica é que, ao oferecer coberturas com preços mais acessíveis para veículos antigos, a seguradora consiga atrair para a carteira um motorista que nunca contratou seguro - ou manter um veículo cuja apólice se torna salgada com o passar dos anos. Na Tokio, 80% das vendas do auto popular até o momento correspondem a clientes que não contrataram seguro há pelo menos um ano.

Como as peças alternativas e usadas têm custo menor para a seguradora, é possível transferir a redução para o cliente. Mas há limitações. Nem todas as peças, por exemplo, podem ser utilizadas nos consertos - casos de itens de segurança como freio, amortecedor e air bag. "Vamos lançar o produto no meio do ano, mas com expectativa conservadora. O produto ainda tem limitações logísticas importantes. Além disso, não sei se o auto popular terá grande capacidade de trazer novos clientes ou apenas evitar a perda dos atuais nesse momento da economia", diz Murilo Riedel, presidente da HDI Seguros.

Além do seguro popular, as seguradoras têm adotado a estratégia de ofertar produtos com preços mais acessíveis aos consumidores nesse momento de crise. O Bradesco lançou uma versão remodelada do "Auto Assistência Total", uma apólice simplificada, sem vistoria do veículo e perfil do segurado, que cobre danos contra terceiros e custa pouco menos de R$ 500 - não há cobertura de roubo. "O produto continua sendo percebido como uma excelente opção para o segurado que não consegue contratar o produto convencional, servindo como retenção para aqueles que resolvem não mais fazer o seguro de seu veículo", diz Saint'Clair Pereira Lima, diretor-técnico de Auto/RE da Bradesco Seguros.

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