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Com retomada lenta do PIB, indústria de seguros prevê repetir resultado

Fonte: Valor Econômico
Por Felipe Datt

A recuperação da economia após dois anos consecutivos de retração, o cenário de inflação em queda e a tendência de maior afrouxamento monetário balizam as projeções da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg) de um avanço nominal entre 9% e 11% na arrecadação do segmento em 2017. Uma previsão que já carrega boa dose de cautela. Caso confirmado, o resultado representará no máximo um empate ou uma leve aceleração em relação ao crescimento nominal de 9,2% nas receitas no ano passado - excluindo saúde suplementar.

Além da tímida expansão do PIB este ano - de 0,48%, conforme a mediana das expectativas dos economistas que compõem a pesquisa Focus, do Banco Central -, a aposta é que um reflexo dessa melhora na recuperação da trinca renda, emprego e crédito, parte primordial da engrenagem que sustentou os crescimentos "chineses" dessa indústria até 2013, ainda levará um tempo para se materializar. "Embora haja indicadores positivos, a recuperação será muito lenta, com os primeiros sinais surgindo no segundo semestre e os efeitos mais produtivos apenas em 2018", diz o presidente da CNseg, Marcio Coriolano.

"Prevejo maior recuperação a partir de 2018. Ainda assim, o cenário é um pouco nebuloso, porque não sabemos se a recuperação da economia será plena", completa o sócio-diretor da Siscorp, Flávio Faggion. Conforme a consultoria, o mercado segurador (incluindo saúde suplementar) deve registrar crescimento real, deflacionado pelo Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), de 5,2% em 2017 e 6,5% em 2018. O consenso é que 2017 será desafiador, o que leva o mercado a apostar em diversas estratégias para enfrentar a tormenta: busca pelo aumento de produtividade, melhoria nas margens e redução das despesas administrativas, novos canais de comercialização (como o mobile) e aposta em produtos que caibam no bolso de um consumidor endividado ou temendo o desemprego.

"A visão do mercado hoje é buscar a regulação de produtos voltados para tempos de dificuldade, mais flexíveis, visando o consumidor que perdeu renda e emprego ou está ameaçado de demissão", diz Coriolano. Há outros desafios. Em 2016, as reservas técnicas do setor (garantias para o pagamento de indenizações) cresceram 19,3%, atingindo R$ 785 bilhões. Via de regra, o grosso das provisões está alocado em renda fixa, remunerado pela Selic. Como a taxa básica de juros deve fechar 2017 próxima a 9% ao ano, o "colchão" das seguradoras diminui. "2017 traz esse desafio adicional. O resultado operacional e a correta precificação passam a ser muito mais importantes à medida que a Selic cai e impacta o resultado financeiro do setor", afirma o presidente da SulAmérica, Gabriel Portella.

Em relação ao desempenho das principais carteiras, 2017 deve repetir tendências verificadas no ano passado. É esperado bom desempenho em ramos como riscos financeiros e seguro rural, respectivamente, o maior e o segundo maior avanço na arrecadação em seguros gerais em 2016. Os aportes em previdência privada somaram R$ 114,72 bilhões em 2016, alta de 19,93% ante 2015, e o crescimento deve manter o ritmo.

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