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'Insurtechs' apostam em apólice feita sob medida

Fonte: Valor Econômico
Por Danylo Martins

A tecnologia começa a chacoalhar, ainda que de maneira tímida, o setor de seguros. Parte desse movimento tem sido capitaneada pelas chamadas insurtechs, empresas que se valem de recursos tecnológicos para ofertar seguro de maneira inovadora. O pontapé inicial ocorreu há alguns anos com a criação das corretoras digitais, seguindo uma tendência observada principalmente na Inglaterra, destaca Raphael Araújo, líder da área de seguros da Accenture.

Iniciativas mais recentes vão além da venda e passam a analisar o comportamento de um potencial segurado para, assim, ofertar o produto que seja mais adequado ao perfil da pessoa. Por meio da telemetria, um conjunto de variáveis ajuda a determinar o preço do seguro. "Quem dirige mal tende a pagar mais pelo seguro do que paga atualmente", diz Araújo.

Previsto para ser lançado no fim deste mês, o aplicativo thinkseg trabalhará com o conceito de individualidade, segundo André Gregori, idealizador do negócio e CEO da startup. "O mercado de seguro como um todo faz uma medição do grupo de risco. Para nós, o risco isolado é o que vale", observa. Com ajuda de um conjunto de algoritmos, a plataforma usa redes sociais para traçar o perfil dos clientes. O comportamento do usuário vai se refletir no preço do seguro, tanto na contratação quanto a renovação da apólice. Por exemplo, motoristas mais responsáveis no volante e no trânsito terão desconto no seguro de automóvel, diz o executivo, ex- BTG Pactual.


Com expectativa de investimento de R$ 100 milhões nos próximos cinco anos, a thinkseg começará a operação com o seguro auto e seguro pet. Ainda este ano, a previsão da empresa é ampliar o leque com apólices nos ramos de viagem e dispositivos eletrônicos (gadgets), além de um "seguro para família", que incluirá diferentes riscos num só produto, segundo Gregori. Em 2018, a startup espera ofertar seguro saúde. Todos os produtos serão contratados via aplicativo. "Somos um 'marketplace' de seguros totalmente mobile", reforça. Atualmente, a empresa trabalha em parceria com quatro seguradoras.

Projeto comandado por José Carlos Macedo, executivo com passagens por Bradesco Seguros, Aon e Pan Seguros, a Ô Insurance começou a operar em janeiro, mas o lançamento oficial da marca ocorreu na última sexta-feira. O comportamento das pessoas na web também será determinante para a oferta de seguro na plataforma. "O brasileiro ainda não se acostumou a comprar seguros pela internet. Nosso objetivo é conhecer os consumidores, a partir do cruzamento de informações em redes sociais, para depois desenvolver os produtos", explica.

O family office Forest Holding - presidido por Macedo - e o fundo TreeCorp investirão R$ 50 milhões no negócio. "Precisamos ter novos canais de distribuição que usem tecnologia, e nossa ideia é trazer pequenos corretores para fazer a venda on-line", afirma. Como a proposta não é ter "produtos de prateleira", o executivo diz que a empresa trabalhará com poucas seguradoras.

Criada no ano passado, a Youse, da Caixa Seguradora, trabalha com o modelo de oferta direta, sem a intermediação do corretor. Na plataforma, disponível em versão para computador ou aplicativo de celular, há produtos de vida, auto e residência, que podem ser contratados a partir de diversos parâmetros selecionados pelo cliente - são mais de mil combinações possíveis para montar a apólices. Atualmente, a fintech espera aprovação da Superintendência de Seguros Privados (Susep) para poder operar como seguradora independente.

Apesar dos projetos que começam a ganhar força, a contratação de seguros pela internet ainda depende do elemento humano, avalia Marcelo Blay, CEO da corretora Minuto Seguros. Isso é explicado, segundo ele, tanto pela falta de experiência do brasileiro em comprar seguro quanto pela complexidade dos produtos. "O cliente quer falar com alguém, e esse atendimento é primordial para explicar o que é e como funciona cada tipo de seguro", diz.

A opinião é compartilhada por Rodolpho Gurgel, CEO da Bidu Corretora, que também atua no ambiente on-line. "O grande desafio é traduzir os produtos de maneira fácil e tecnicamente precisa", destaca. A integração entre o sistema das corretoras com o das seguradoras é outra barreira que precisa ser enfrentada, segundo os executivos. "O fluxo operacional ainda é muito travado", afirma Blay.

Em suas plataformas, Minuto e Bidu oferecem desde seguro de automóvel a produtos para pequenas e médias empresas, passando por residencial, vida, previdência, entre outros ramos.

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