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Governança deve ser processo sem volta

Fonte: Valor Econômico

Por Denise Bueno | Para o Valor, de São Paulo

Como evitar o dano à marca e reputação? Há seguro para isso? E se os dados de clientes forem roubados por hackers, qual o dano que isso pode causar? Até que ponto as dificuldades financeiras dos governos e municípios com menos verba para segurança, saúde e infraestrutura podem interferir no dia a dia da empresa? Qual o plano de contingência em caso de um incêndio como o de Portugal? Esses são alguns dos questionamentos dos acionistas e executivos que têm demandado encontros promovidos pelos corretores e seguradores com grandes empresas.

De cara já dá para contar que o dano à marca e reputação não é segurável, afirma Marcelo Homburger, vice-presidente de relacionamento da Aon Brasil. Mas existe uma série de práticas - gerenciamento de crise, plano de resposta à mídia entre outras ações que ajudam as empresas a lidar com determinados eventos. A Aon tem notado um aumento significativo das práticas de governança dentro das empresas.

"Esse é um processo sem volta. As exigências de compliance, transparência e prestação de contas à sociedade e aos órgãos reguladores exigem uma governança muito intensa por parte dos executivos e dos acionistas, o que facilita muito o trabalho dos corretores na hora de transferir riscos para seguradoras e resseguradoras".


Glaucia Smithson, diretora de seguros empresariais da Zurich concorda. "Quanto mais clara a governança, melhor para todos". Anualmente, a Zurich investe em pesquisas sobre os riscos que mais preocupam os gestores no mundo todo. A revolução tecnológica também preocupa, uma vez que é difícil mensurar seus impactos e consequências. "A internet, junto com as novas tendências representadas pelo uso do big data, cloud computing e internet das coisas, traz uma gama sem precedentes de benefícios econômicos e sociais. O grande desafio é gerenciar o risco sem eliminar o potencial de inovação que envolve o uso das tecnologias", afirma Glaucia, que conta com o apoio das equipes que atuam nos 170 países onde a Zurich está presente.

No Brasil, as principais preocupações dos acionistas são ligadas aos riscos financeiros, como o seguro de responsabilidade civil, que minimiza o temor do pagamento de indenizações a terceiros, e a apólice de garantia judicial, que alivia o balanço financeiro neste momento de economia em baixa, uma vez que substitui os recursos provisionados na reserva financeira. "Ao entender as preocupações, fazemos um plano de ação para que o cenário de risco não aconteça. E, se acontecer, estaremos presentes para restaurar a retomada do negócio com produtos sob medida para cada tipo de negócio".

O setor elétrico é um dos que têm buscado identificar melhor os riscos, mitigá-los e participado de road shows para conquistar parceiros de longo prazo. Cristina Weiss Tessari, coordenadora de seguros corporativos da CPFL Energia, conta que o grupo tem um comitê interno de seguros, formado pela equipe de seguros corporativos e por representantes indicados pelas vice-presidências responsáveis pela gestão dos ativos. Como o grupo CPFL atua em todo segmento de energia (distribuição, comercialização, geração e serviços), é necessário criar soluções customizadas para cada tipo de negócio.

"Mesmo com a crise atual, o seguro para grandes riscos ainda apresenta taxas bem competitivas, embora as franquias apresentadas estejam cada vez mais elevadas", comenta. Cristina ressalta que é importante considerar que o seguro não deve ser considerado apenas uma ferramenta de transferência de riscos às seguradoras, mas também um aliado na gestão dos riscos, no qual é necessária uma proteção financeira para eventos súbitos e inesperados que ocorrem, mesmo sendo seguidas todas as recomendações de manutenção e protocolos de segurança.

Esse tipo de conscientização conta pontos com as seguradoras e resseguradoras e é o que tem ajudado a reduzir o preço do seguro para grandes corporações. Até o final deste ano, a consultoria de riscos e seguros Marsh concluirá uma extensa agenda de 150 encontros, programados no Brasil e no exterior, com diretores executivos e conselheiros de grandes empresas nacionais e multinacionais, conta Marcelo Elias, diretor executivo da Marsh Brasil. Segundo ele, a agenda de encontro foi intensificada este ano em função da maior demanda das empresas por consultoria de riscos. "Temos a missão de conscientizar mais os executivos da necessidade de elaborar uma matriz de riscos e colocar em prática estratégias para entender as ameaças que podem afetar o dia a dia da empresa e a partir disso ofertar serviços que tratem e mitiguem os riscos", afirma Elias.

A JLT Brasil fez road show com dez grandes empresas dos setores de bebidas e alimentos, energia, química e petroquímica, operador portuário e linha aérea no primeiro semestre deste ano, mais do que no mesmo período de 2016. O mais recente foi este mês, diz o CEO da área de seguros, Alvaro Eyler. O gestor de risco faz uma apresentação para o mercado e a empresa apresenta o plano de negócios. A maioria das empresas reconhece o valor do road show e percebe durante a renovação da apólice ganhos significativos tanto na precificação quanto no escopo de coberturas, limites e franquias.

A preocupação das seguradoras é que dentro de um contexto de crise as empresas cortem recursos de áreas como a manutenção, reposição de maquinário e gerenciamento de risco. O trabalho de gestão é cada vez mais complexo, mas também é o mais necessário às empresas, especialmente naquelas em que há interesses internacionais, diz Wilson Tonetto, CEO da área regional Brasil do grupo segurador espanhol Mapfre, em entrevista publicada na Mapfre Global Risks. "Os riscos de ontem são diferentes dos riscos que enfrentaremos amanhã e, para isso, os gerentes de riscos devem estar preparados, bem como o mercado de seguros tem o desafio de oferecer soluções adequadas".

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