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'Insurtechs' chegam para dar agilidade às vendas

Fonte: Valor Econômico

Por Guilherme Meirelles | De São Paulo
Claudio Belli/Valor


Luis Ruivo: startups em seguros precisam de altos recursos em tecnologia

Para que uma insurtech - empresas que usam tecnologia para ofertar seguros de modo inovador -- decole no mercado brasileiro, não basta uma boa ideia na cabeça e equipamentos de última geração na garagem. Por ser um setor fortemente regulado e que tem no componente "risco" a sua principal característica, o número de empresas que se apoiam em plataformas digitais para venda de seguros ainda não cresce no mesmo ritmo das fintechs, que tomaram conta do mercado financeiro de 2013 para cá. O mais recente levantamento da FintechLab, divulgado em fevereiro, aponta a presença de 247 fintechs no Brasil, das quais apenas 6% são consideradas insurtechs.

Segundo Luis Ruivo, sócio da consultoria PwC, além da regulamentação determinada pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), há a desconfiança do mercado em relação à saúde financeira de uma insurtech. "Ao contrário das fintechs, que podem operar em nichos, as startups da área de seguros precisam contar com vultosos recursos em tecnologia e ter em seu comando pessoas com comprovada experiência no setor financeiro para passar confiança às seguradoras e aos investidores."

Em outros países, diz Ruivo, o quadro está em estágio mais maduro. Segundo o estudo Global Insurtech 2017, produzido pela PwC com 189 companhias de seguros de 40 países (incluindo o Brasil), 45% das empresas já fazem parcerias com insurtechs. "Os investimentos globais atingiram US$ 1,7 bilhão em 2016. As seguradoras são as principais investidoras."


Estima-se que haja cerca de 800 insurtechs no mundo, a maioria nos Estados Unidos, país em que já se observa casos de startups agindo em nichos, como seguros específicos para permanência em imóveis alugados pelo Airbnb ou em carros particulares que trabalham pela Uber em determinados horários.

De acordo com o estudo da PwC, 56% das seguradoras têm se mostrado apreensivas com o avanço das insurtechs e preveem perda de receita de até 20% nos próximos cinco anos para tecnologias disruptivas. Para Ruivo, a tendência é que a convivência siga o mesmo caminho trilhado pelas fintechs. "Eram vistas com rejeição, depois como concorrente e hoje são consideradas parceiras".

No Brasil, as insurtechs precisam lidar com a tradicional relação intermediada pelo corretor de seguros, que já causou constrangimentos no setor. Em novembro passado, a Caixa Seguradora lançou a plataforma digital Youse para venda dos ramos de autos, residencial e vida sem a presença do corretor. A iniciativa provocou reação de sindicatos ligados à categoria, que foram à Susep pedir esclarecimentos. Segundo a assessoria de imprensa da Youse, a empresa está registrada como uma plataforma de vendas on-line e visa "quebrar as barreiras e questionar os velhos hábitos mostrando que a tecnologia é sinônimo de evolução e expansão do setor de seguros".

Para quem é do ramo, a convivência entre o digital e a participação do corretor é vista com naturalidade. "Quando abri a empresa, em 2011, sabia que haveria necessidade da presença humana", diz Marcelo Blay, fundador da corretora on-line Minuto Seguros, que há 15 anos desligou-se do grupo Porto Seguro. Hoje, a Minuto Seguros conta com 250 funcionários no atendimento (chat, telefone e SMS) para suporte às vendas on-line. No total, são 450 funcionários, com 80 novas vagas até o fim do ano. O modelo on-line já atraiu investidores, como o fundo Redpoint e.ventures, e deve fechar o ano com R$ 180 milhões em prêmios e cerca de 100 mil contratos, predominante em autos. Segundo Blay, o público alvo é formado por homens, com carros acima de quatro anos, que não possuem referências para a indicação de seguros e que utilizam buscadores (como o Google) para informações dos planos.

Com um investimento de R$ 100 milhões, Andre Gregori, ex-sócio do BTG Pactual, lançou, em maio, a plataforma digital Thinkseg, que integra cinco seguradoras, corretores e clientes na venda de seguros para veículos. A novidade está no aplicativo de monitoramento, baixado pelo cliente. Por meio do sistema de telemetria e geolocalização do aplicativo, criado a partir de algoritmos, cada cliente é monitorado conforme seu comportamento na direção, podendo ser recompensado com descontos na renovação do seguro, conforme o seu escore. "Temos quatro mil corretores cadastrados para a venda digital", diz Gregori, que espera faturar R$ 1 bilhão em cinco anos.

Em tempos de crise e desemprego, o modelo lançado pela plataforma Segurize, agrada àqueles que buscam uma renda extra. Idealizado por Keyton Pedreira, sócio da corretora KLP, o Segurize trabalha com a indicação de potenciais clientes, que por sua vez fecham o contrato na rede de corretores credenciados.

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