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Volatilidade deve marcar desempenho do setor este anônimo

Fonte: Valor Econômico

Por Felipe Datt | De São Paulo

Há duas leituras distintas para o desempenho do mercado segurador nos quatro primeiros meses de 2017. No primeiro trimestre, os prêmios avançaram 13,9% ante igual período de 2016 - uma performance que, se replicada nos trimestres posteriores, levaria o setor a um avanço superior ao entregue em 2016, de 10,5%. Em abril, entretanto, o volume de prêmios caiu quase 9%, também na comparação anual, desacelerando a alta no agregado para 8,8%. A resiliência do setor à recessão continua, mas, assim como ocorreu nos dois últimos anos, a volatilidade deverá ser a marca de 2017.

As projeções de desempenho são cada vez mais afetadas por indicadores econômicos conflitantes. De um lado, há um Produto Interno Bruto (PIB) que cresceu no primeiro trimestre após oito quedas seguidas, uma inflação controlada e uma Selic em trajetória de queda. De outro, uma taxa de desemprego de 13,7%, o alto endividamento das famílias, o crédito ainda restrito e uma crise política que posterga a recuperação econômica, o que impacta na contratação, sobretudo, de produtos de risco. Mesmo diante das incertezas, a Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais (CNseg) mantém as projeções do fim de 2016: avanço nominal entre 9% (cenário pessimista) e 11% (otimista). Mas com ponderações.

"Não dá para ter uma previsão firme do desempenho do mercado este ano em face do cenário", diz o presidente da confederação, Marcio Coriolano. Algumas seguradoras também mantêm as projeções inalteradas. "Nosso guidance está em linha com o que foi divulgado no início do ano, de alta entre 8% e 12%", diz Octavio de Lazari Junior, presidente do Grupo Bradesco Seguros. Há indícios de que os mesmos ramos que entregaram desempenho mais robusto em 2016 repetirão a dose este ano: vida individual, previdência privada, seguro garantia e o seguro rural.


"O agronegócio foi o responsável pelo crescimento do PIB no primeiro trimestre e deve terminar o ano novamente bem", opina o presidente do Grupo Segurador Banco do Brasil e Mapfre para as áreas de vida, rural e habitacional, Roberto Barroso. "Acredito que cresceremos dois dígitos no seguro rural este ano", diz. Já a principal carteira nos ramos elementares, a de automóveis, até apresentou leve melhora em 2017: R$ 10,38 bilhões no primeiro quadrimestre, alta de 4,43% ante igual período de 2016. Mas a situação está mais ligada a políticas de correção tarifária das seguradoras - por conta de aumento de sinistros de roubo e colisões - do que necessariamente à venda de novos seguros.

A carteira sofre com os quatro anos seguidos de queda nas vendas do zero quilômetro, o principal vetor que alimenta a venda de seguros. Sem novos carros vendidos, as seguradoras dependem basicamente das renovações. Segundo a Fenabrave, no acumulado do ano até maio as vendas ficaram no azul, com alta de 1,57% sobre os cinco primeiros meses de 2016. Mas um crescimento mais forte não deve ocorrer este ano. Conforme Luiz Pomarole, diretor-geral da Porto Seguro, a troca de um usado por um zero km depende de crédito, mas os bancos ainda estão restritivos para financiar. "Um ciclo de troca de carros não deve ocorrer em menos de um ano. Assim, não acredito em aumento na quantidade de vendas de seguros em 2017", diz.

Quem mantém o expressivo crescimento é a previdência privada. A arrecadação, que em 2016 atingiu R$ 114,7 bilhões, alta de 19,48% sobre o ano anterior, cresceu 19,41% no primeiro quadrimestre, ante igual período do ano passado. As discussões sobre a reforma da previdência despertam a atenção para a importância de constituir reservas financeiras capazes de complementar a aposentadoria. "Essa demanda tem significado um importante indicador de crescimento para o setor", diz Lazari Junior, da Bradesco Seguros. Para este ano, novo crescimento de dois dígitos é previsto. A Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi) observa dois fenômenos: além do aumento da base de clientes, cresce o nível de recursos individuais alocados.

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