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Planos têm desafio de preservar os aportes

Fonte: Valor Econômico
Por Adriana Aguilar | Para o Valor, de São Paulo

No primeiro semestre de 2017, a entrada de recursos nos planos de previdência superou, mesmo que pouco, o volume aplicado nesses fundos no mesmo período do ano passado. O esforço para a manutenção dos aportes sinaliza a preocupação dos participantes com o planejamento da aposentadoria, acirrada com a discussão da reforma da Previdência. Apesar do registro de aportes positivos, ainda chama a atenção o resgate nos planos no semestre, maior do que o observado em meses anteriores, provavelmente por falta de recursos dos investidores na hora de aperto no bolso.

Segundo Edson Franco, presidente da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), o baixo crescimento de novos depósitos (4,81% superior ao montante acumulado nos primeiros seis meses de 2016) pode ser explicado por vários fatores. Em primeiro lugar, o volume de arrecadação é influenciado pela renda disponível das famílias e sua propensão a investir, variáveis que foram afetadas negativamente no primeiro semestre. "O movimento da taxa de juro menor também promove uma redistribuição do fluxo de poupança doméstica entre os diferentes produtos de captação", diz.

A captação líquida no período apresentou um saldo positivo de R$ 24,33 bilhões, volume 4,94% inferior aos R$ 25,59 bilhões verificados de janeiro a junho do ano passado. Os resgates totalizaram R$ 30,13 bilhões, valor 14,28% maior que o contabilizado no primeiro trimestre de 2016 (R$ 26,37 bilhões). "Apesar do baixo crescimento, a sustentação da captação líquida positiva representa uma performance positiva, especialmente se considerada a demora da recuperação do nível de emprego no mercado formal de trabalho", afirma Franco.


Na SulAmérica, a captação líquida andou junto com a média de todo o mercado. "Esses recursos voltados à previdência privada não são para serem usados em emergências. São acessados se esgotados os recursos prioritários, quando há necessidade. Ainda assim, vejo com otimismo o setor à medida que o consumidor fica mais confiante e que os eventos de curto prazo perdem força", afirma o diretor de Vida e Previdência da SulAmérica, Fabiano Lima.

Paulo Valle, presidente da Brasilprev, diz que "o ano passado foi muito forte para a arrecadação dos planos de previdência". De acordo com ele, "a perspectiva para 2017 é de a previdência privada continuar com crescimento robusto, seguindo o movimento dos últimos dez anos. A queda da taxa de juros favorece o investimento de longo prazo".

O diretor de produtos de previdência da Icatu Seguros, Felipe Bottino, diz que, no primeiro semestre de 2017, as reservas de caderneta de poupança não apresentaram crescimento. O dado é emblemático porque reforça a resiliência de boa parte do público que coloca dinheiro nos planos de previdência e que, mesmo diante do período de aperto no bolso, manteve os aportes. "Acreditamos que vamos manter o ritmo acelerado de crescimento, em 2017, em dois dígitos. Vemos cada vez mais pessoas interessadas em conhecer os benefícios do produto, um fluxo maior de novos participantes, como funcionários públicos, que nunca pensaram sobre o assunto e, agora veem a necessidade."

O economista e professor Marcos Silvestre, que acaba de lançar o livro "Previdência particular: a nova aposentadoria", explica que o maior volume de resgate no primeiro semestre está longe de significar despreocupação das pessoas com a aposentadoria.

Segundo Silvestre, o plano de previdência é apenas um dos itens que vão compor o planejamento da aposentadoria, junto a outros ativos (imóveis, Tesouro Direto, ações etc). "Cerca de 50% das pessoas que me procuram, como consultor, apresentam desconfiança em relação aos planos. Há um desconhecimento das vantagens do VGBL e PGBL, tabela regressiva ou progressiva. Por esse motivo, os fundos de previdência são pouco procurados. As instituições financeiras têm de se mexer", diz.

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