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Multimercado é opção para aumentar a rentabilidade

Fonte: Valor Econômico
Por Roseli Loturco | De São Paulo

A mudança no patamar de juro no país e a aprovação de regras mais flexíveis para os planos de previdência têm sacudido o setor desde o fim do ano passado. Com a Selic a 6,5% ao ano e mais de 90% da indústria expostos a fundos de renda fixa, que usa este indicador como referência de remuneração, vários produtos com maior propensão a risco vêm sendo desenhados para atender um investidor insatisfeito com a queda de rentabilidade de suas aplicações.

Nesse sentido, a regulamentação da resolução 4.444, pela Susep, em setembro de 2017, veio para atender a um antigo pleito do setor que se faz mais urgente agora. "Ela é importante, pois permitir a criação de novos produtos tanto para clientes do varejo, que poderá ter até 70% (dos recursos aplicados) em renda variável, quanto para o investidor qualificado, em até 100%", explica Edson Franco, presidente da Fenaprevi. A legislação, até então, proibia mais do que 49% de ativos de renda variável nos planos.

Considerando o atual cenário, a aposta do Bradesco - e de boa parte da indústria - está em uma transição gradativa para os fundos multimercados e na gestão ativa da carteira de investimentos. "A curva de juros baixa precisa de alternativas como os multimercados, que têm ativos que permitem movimentos táticos e velocidade de reação do gestor", afirma Vinícius Cruz, diretor de investimentos do Grupo Bradesco Seguros.


A seguradora é responsável por patrimônio líquido dos fundos de previdência (PGBL e VGBL) de R$ 188 bilhões e, como o resto do setor, sentiu a desaceleração do começo do ano, tendo registrado captação líquida de janeiro a 15 de março de R$ 95,3 milhões, 52% inferior ao mesmo período de 2016. Cruz diz que a diversificação de parte dos ativos em juros, moedas e ações no exterior ajuda a reduzir os riscos de eventuais volatilidades e perdas. "E é muito importante o contato direto com o cliente para entender o que ele espera do produto previdência e se a janela de observação é de fato longa".

Comparativamente, o diretor da Bradesco Seguros diz que enquanto a média dos fundos de renda fixa dá retorno este ano entre 80% e 105% do CDI, os multimercados estão na casa dos 150% líquidos. "Agora há exceções na renda fixa, como os fundos IMA - índices atrelados à dívida pública - que estão pagando mais 200% do CDI, por conta do fechamento da curva de juros. Porém eles têm volatilidade muito alta e são fundos mais engessados", avalia Cruz, que lançou dois novos fundos multimercados desde o fim de 2017.

Já a Caixa Seguradora, que pretende comercializar novos fundos multimercados este ano, acha que o investidor ainda não entendeu totalmente a questão da perda da rentabilidade. "Ele quer a rentabilidade anterior sem risco. Vamos ter que usar todos os canais para explicar ao investidor que ele vai ter que assumir mais risco se quiser rentabilidade maior", afirma Rosana Techima, diretora de previdência da Caixa Seguradora, que no fim de 2017, registrava reservas de R$ 47,7 bilhões e captação líquida de R$ 7,05 bilhões, crescimento de 28,5% e de 121,6%, respectivamente, se comparado a 2016.

Com três lançamentos de fundos multimercados programados para abril, sendo dois com gestores parceiros, a Zurich Santander também vê nesta categoria de investimentos uma alternativa que cai bem para o cenário de juro baixo. "Em ano de alta incerteza e volatilidade - como em 2018 - é melhor delegar ao gestor o 'asset allocation', que escolherá ativos com menor volatilidade para o investidor moderado e um pouco mais alta para o agressivo", avalia Alfredo Lalia, diretor-presidente da instituição, que terminou 2017 com R$ 40 bilhões em reserva, crescimento de 12%, e retração de 40% na captação líquida, que ficou positiva em R$ 1,8 bilhão, se comparados a 2016.

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