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Cobertura para pessoas cresce 12% até abril, com prêmios de R$ 11 bilhões

Fonte: Valor Econômico
Por Roseli Loturco | De São Paulo

Se há uma modalidade que pode lucrar com a crise é a do seguro de pessoas. Essa é uma das explicações mais usadas pelo setor para justificar o avanço de mais de 20% no ano no total de prêmios de alguns produtos, como o prestamista, vinculado à cobertura de crédito.

Em meio a incertezas conjunturais, as pessoas buscam maior proteção e coberturas contra eventuais fatalidades futuras. Nas categorias vida, doenças graves e auxílio funeral, as vendas cresceram um pouco menos no primeiro quadrimestre comparadas ao mesmo período de 2017. Mesmo assim avançaram acima de 10%, segundo levantamento da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi). O segmento como um todo saltou quase 12% e chegou a R$ 11,9 bilhões em prêmios emitidos.

O cenário para o segundo semestre, no entanto, ainda é incerto para arriscar previsões. Além dos fatores geradores de instabilidade macroeconômicos e políticos - com eleições na pauta principal -, o setor aguarda pelo desempenho das concessões de crédito bancário e financiamento do varejo.

O juro mais baixo favorece a tomada de financiamento, mas algumas linhas ainda têm taxas muito elevadas. "E esta operação atinge diretamente o desempenho do seguro prestamista, que representa quase um terço do total de prêmios da indústria", explica Edson Franco, presidente da Fenaprevi. Já o seguro de vida, que detém mais de um terço do total, é mais afetado pelo desemprego.

A indústria já vinha animada com o resultado de 2017, quando os prêmios da categoria superaram pela primeira vez os de veículos e fecharam com crescimento de 11% para R$ 34,5 bilhões. A expectativa é de pelo menos repetir o desempenho do ano passado.

Para o Bradesco, que sozinho detém 50% de participação do mercado de seguros de pessoas, o avanço esteve fortemente atrelado à operação prestamista. O início da volta do crédito e a cobertura que oferece também contra o desemprego justificou boa parte desse avanço, que na carteira da seguradora foi de 17% este ano. "O que deve prosseguir porque o desemprego ainda é bem elevado. Nossa penetração nas operações de crédito que são geradas dentro de casa é da ordem de 70%. Estamos otimistas", diz Claudio Leão, diretor do Bradesco Vida e Previdência.

O crescimento da carteira de vida da seguradora avançou 5,6% este ano, com R$ 2,8 bilhões de prêmios emitidos. Outro produto em que o Bradesco aposta é o de vida resgatável, no qual possui 240 mil segurados ativos e reserva superior a R$ 6,5 bilhões. "É um produto que faz sentido pois além da cobertura de risco, dá de volta o valor investido ao final do prazo de deferimento", indica Leão.

Para fazer frente à força que as seguradoras atreladas a grandes bancos têm por conta da capilaridade de suas agências, as menores fazem campanhas e lançam produtos para atender públicos específicos. A SulAmérica viu sua carteira de vida avançar 12,4% até abril, totalizando R$ 147 milhões, e uma participação de mercado de 1,2%.

A seguradora fechou 2017 com R$ 450 milhões em prêmios e crescimento de 15%. Para continuar avançando este ano criou novas ferramentas de distribuição e alguns produtos. Um deles será lançado em julho e é um seguro de vida com cobertura diária por incapacidade temporária. "É para a pessoa fica impossibilitada de trabalhar por conta de alguma doença. O produto é ideal para profissional liberal, que esteja descoberto pelo INSS ou para quem tem salário superior ao teto - R$ 5,6 mil - para a complementação", explica Fabiano Lima, diretor de Vida e Previdência da SulAmérica. A apólice pode chegar a R$ 34 mil por mês, durante um ano.

A Capemisa, que tem no varejo um segmento que representa 30% de sua receita - de R$ 39 milhões de janeiro a maio - lançou estratégia para ampliar sua presença junto ao segmento. "Criamos modelo de negócio diferenciado, com foco no relacionamento com o balcão. Fazemos desde treinamento e programas motivacionais no estande de vendas até a promoção de eventos para entregas de premiações", explica Fábio Lessa, diretor comercial da seguradora.

A maioria do público que atinge nas três redes em que atua está nas classes C, D e E, e as premiações são, em média, de R$ 2 mil. "Estamos em fase de implementação com mais quatro varejistas. Nosso foco são pequenos e médios e emitimos em torno R$ 700 mil só com este segmento por mês. A meta é dobrar até o final do ano", indica Lessa. Ao todo, são 11 negociações que pretendem implementar ainda este ano, especialmente no Nordeste.

Também com a estratégia de avançar sobre os produtos massificados, a Sompo lançou um programa de fidelidade este mês para motivar a sua força de vendas e premia os corretores que conseguirem dinamizar o seguro de vida neste segmento.

A mecânica da ação foi desenvolvida em parceria com a Dotz, empresa líder em programa de fidelidade no varejo brasileiro. Conforme os corretores comercializam os produtos de vida, acumulam pontos que poderão ser trocados por mais de 50 mil prêmios. "Lançamos também no ano passado o SAT, seguro de amparo ao trabalhador, para atender aos seguros de vida negociados em acordos coletivos. Os produtos são formatados de acordo com o que foi votado pelas diferentes categorias", explica Edglei Monteiro, diretor de benefícios da Sompo Seguros.

O seguro de vida representa 7% da receita da empresa, que em 2017 foi de R$ 3,3 bilhões. A meta é avançar 13% este ano, apostando em produtos de vida para pequenas empresas.

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