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Saúde espera recuperar clientes neste ano

Fonte: Valor Econômico

Por Rita Cirne | Para o Valor, de São Paulo

A saída de 3,3 milhões de beneficiários dos planos de saúde no Brasil, entre 2014 e 2017, impactou as operadoras do setor, mas também deu a elas um senso de urgência na busca de soluções. Segundo Rodrigo Aguiar, diretor de desenvolvimento setorial da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), as operadoras se deram conta, por exemplo, de que precisam investir no monitoramento de doenças crônicas, como a diabetes e a hipertensão, para evitar tratamentos com custos maiores. Elas também perceberam a importância de ter como porta de entrada do sistema médico o médico de família, que é capaz de resolver até 85% dos problemas de saúde de um paciente sem exames de radiação ou de internações.

A mudança de comportamento das operadoras também é ressaltada por Solange Beatriz Palheiro Mendes, presidente da Federação Nacional de Saúde Complementar (FenaSaúde). Em sua opinião, após a crise econômica dos últimos anos, as operadoras intensificaram o combate à escalada dos custos para manter a operação sustentável, adotando medidas, como a compra direta de materiais médicos, como órteses, próteses e materiais especiais e investindo em campanhas e ações de prevenção de doenças e promoção da saúde, que possibilitam a redução dos gastos assistenciais.

"Em 2018, o mercado deve recuperar entre 700 mil e 1,4 milhão de beneficiários de planos de assistência médica, encerrando o ano com 48,3 milhões de beneficiários - crescimento entre 1,5% e 3%", diz ela. Esse resultado, porém, ressalta, depende da manutenção da atividade econômica e do crescimento da renda das famílias combinada com a redução do desemprego.

A Amil é uma das operadoras que investiu na mudança. Segundo o CEO da empresa, Sergio Ricardo Santos, o cenário econômico desafiador levou a operadora a pôr em prática novos mecanismos de gestão, de aprimoramento dos serviços e de eficiência operacional. Entre as medidas adotadas no ano passado, ele destaca a consolidação do modelo de coordenação de cuidados baseado em atenção primária e medicina de família (hoje uma das especialidades mais procuradas na Amil). A empresa também implementou medidas de combate a fraudes, abusos, erros e desperdícios.

Além da eficiência, algumas operadoras se voltaram para alguns nichos como o de pequenas e médias empresas. É o caso da Bradesco Seguros. De acordo com Manoel Peres, diretor-presidente da empresa, novos produtos foram criados, sob a ótica nacional e regional, para oferecer novas opções de planos com melhor relação custo-benefício. "Acabamos de lançar o Bradesco Saúde Efetivo, um plano direcionado aos segmentos empresarial e de pequenas e médias empresas ("seguro para grupos"), com rede dimensionada para garantir qualidade e eficiência, a custos competitivos", diz ele.

A Porto Seguro Saúde e Odontológico e a SulAmérica são seguradoras que também apostam nesse segmento. Na avaliação de Marcelo Zorzo, diretor da Porto Seguro, boa parte dos resultados da empresa neste ano se deve aos planos para pequenas e médias empresas. A Porto Seguro cresceu 8% no ano passado em número de beneficiários em relação a 2016 e este ano deve crescer entre 8 e 10%. Nos primeiros cinco meses do ano, a receita da empresa aumentou 22% o número de vidas, 10%. "Estamos explorando bem a carteira voltada pra pequenas e médias, já que esse segmento representa 30% do PIB e responde por 27% das nossas vendas", diz Zorzo.

Na SulAmérica, o segmento de pequenas e médias empresas cresceu 10,6% no primeiro trimestre, segundo informa Maurício Lopes, vice-presidente de Saúde e Odonto da companhia. "E no fechamento do trimestre, pela primeira vez em três anos, a movimentação de beneficiários na Sul América é positiva - as contratações nos nossos clientes são maiores que as demissões", afirma. Para ele, a economia está reagindo e a SulAmérica está conquistando clientes novos e mantendo os antigos. "A sensação é que a empresa está saindo fortalecida da tempestade", diz.

Mas na opinião de Rodrigo Bacellar, CEO da Odontoprev, empresa líder do segmento de planos odontológicos, com mais de 6 milhões de beneficiários, o aumento nas vendas ainda está muito aquém do que o esperado. De janeiro a abril, a empresa registrou mais 99 mil vidas, crescendo 5,4% em receita e 18,9% em lucro líquido. "Pelo contato com os clientes conseguimos enxergar mês a mês a movimentação cadastral das empresas, suas contratações e demissões. E observamos que o movimento continua negativo - o número de demissões ainda é maior", afirma.

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