Breaking News

Desemprego afeta contratos de planos coletivos pelo segundo ano

Fonte: Valor Econômico 

Por Guilherme Meirelles | Para o Valor, de São Paulo

O desaquecimento da economia trouxe como consequência uma queda nos volumes de prêmios e contribuições da previdência coletiva aberta. De acordo com dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), a modalidade movimentou R$ 6,68 bilhões até julho, o que projeta um volume nos mesmos termos ou abaixo do montante registrado no ano passado, que ficou em R$ 13,74 bilhões. O recorde histórico havia sido registrado no ano anterior, quando atingiu R$ 14,74 bilhões.

A FenaPrevi estima que os planos coletivos - aqueles contratados por pessoas jurídicas em favor de pessoas físicas, conforme previsto nas leis complementares 108 e 109 do Artigo 202 - representem 10,91% do mercado. Apesar do recuo, as principais companhias acreditam em uma recuperação nos próximos meses.

Segundo Edson Franco, presidente da FenaPrevi, o principal fator foi o crescimento do desemprego. "Os planos coletivos dependem basicamente da oferta de empregos formais", afirma. Em 2017, a geração de novos postos de trabalho foi afetada pelo fraco desempenho da economia. "O fenômeno se repetiu este ano. Temos atualmente no país 13 milhões desempregados e uma taxa de desemprego da ordem de 12%. Isso afeta o segmento de planos coletivos de previdência privada. Esperamos retomar o crescimento neste nicho assim que a economia voltar a dar sinais de recuperação", afirma o executivo.

Para o curto prazo, o mercado não projeta alterações significativas. "As principais companhias já possuem seus planos e o que pode haver são movimentações via portabilidade, o que representa mais um estreitamento de relacionamento entre a empresa, o banco e a seguradora", estima Jorge Pohlmann Nasser, diretor-presidente da Bradesco Vida e Previdência, segundo colocado no ranking de previdência coletiva da Fenaprevi, com 31,13%, atrás apenas da Brasilprev, que detém 38,45%.

De acordo com dados próprios, a Bradesco Seguros atua junto a 26.567 empresas, com cerca de 2,9 milhões de participantes, um patrimônio de R$ 24,3 bilhões. Desse total, cerca de 70% estão alocados na modalidade PGBL, tipo mais comum entre os contratados pela CLT e que fazem a declaração completa do Imposto de Renda, já que permite abater da base de cálculo do imposto até 12% da renda bruta anual tributável.

Segundo o estudo "Pesquisa de Benefícios", da seguradora Aon, 56% das empresas ofereciam, em 2016, opções de planos de previdência complementar, das quais 61% optavam pelo modelo aberto (planos comercializados por bancos e seguradoras), e as demais pela previdência fechada, nos tipos multipatrocinado (com mais de uma empresa) e fundos de pensão, com fundo exclusivo.

Segundo Roberta Porcel, líder em previdência e serviços atuariais da Aon Brasil, a possível reforma da Previdência deverá proporcionar uma reflexão ao setor. "Vai ficar mais claro tanto para as empresas como para os funcionários que os pagamentos do INSS serão insuficientes para garantir um futuro com qualidade de vida", afirma.

De acordo com o estudo, 96% das empresas participam em conjunto com os funcionários nas contribuições, a grande maioria na proporção de R$ 1 para cada R$ 1 aplicado.

Com mais de 50 clientes, 70% conquistados por meio da portabilidade nos dois últimos anos, a Zurich aposta em três diferenciais. "Gerenciamos o plano em conjunto com o RH das empresas no portal da seguradora, atendemos com agilidade as dúvidas dos funcionários e temos plataforma aberta com 12 fundos disponíveis para todos os perfis, por meio de parcerias com oito assets", afirma Carlos Tejeda, diretor de vida e previdência da Zurich.

Com tradição em previdência coletiva, a Icatu tem buscado novas oportunidades por meio de seu portfólio de planos, que conta com asset própria e 60 gestoras independentes. Segundo Guilherme Hinrichsen, vice-presidente comercial da Icatu, grandes escritórios de advocacia e empresa de TI tem demonstrado maior adesão aos planos. A seguradora ocupa hoje a ªquinta posição no ranking da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida.

O mais recente entrante do ramo é a BTG Pactual Vida e Previdência em conjunto com o BTG Pactual digital (plataforma on-line do banco). Segundo Marcelo Flora, head do BTG Pactual digital e da BTG Pactual Vida e Previdência, a base de clientes deve impulsionar o crescimento. "Começamos este ano com cinco empresas, mas temos R$ 110 bilhões na área de wealth management, que podem ser contatados", afirma.

Com a atuação voltada exclusivamente para previdência fechada, a Mongeral Aegon atua junto a 38 fundos de pensão, com cerca de 200 mil participantes, e oferece oito planos para empresas que aderiram ao modelo multipatrocinado. Segundo Eugênio Guerim Junior, diretor de previdência complementar da companhia, o mercado tem se mantido estável, com forte adesão dos funcionários.

Nenhum comentário

Escreva aqui seu comentario