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Leilões da ANP e venda de ativos da Petrobras animam seguradoras

Fonte: Valor Econômico 

A nova rodada de leilões da Agência Nacional de Petróleo (ANP), com início previsto na próxima quinta, e o processo de venda de ativos da Petrobras elevaram a demanda por seguros de óleo e gás no país. Segundo executivos do setor, o ano de 2019 deve consolidar a retomada do segmento identificada no ano passado, depois de anos de vendas em queda. 

Dados compilados pela seguradora Austral mostram que os prêmios gerados pelo setor devem somar R$ 700 milhões neste ano, o que representa um crescimento de apenas 5% em comparação a 2018, mas um avanço de quase 140% em relação aos R$ 292 milhões verificados em 2017. O levantamento considera apólices para a atividade de extração, desenvolvimento e produção, com mais representatividade “offshore” (extração no mar) do que “onshore” (na terra), em itens como plataformas, sondas e navios, por exemplo. 

“A retomada dos leilões da ANP é peça-chave para a indústria de óleo e gás, mas o setor de seguros tenta surfar nessa mesma onda”, diz Rodrigo Campos, diretor de subscrição da Austral, empresa que registrou R$ 228 milhões em prêmios emitidos em riscos de petróleo em 2018, mais que o dobro do registrado no ano anterior. 

A ANP deve promover uma sequência de três leilões de óleo e gás em menos de um mês, com início na próxima quinta-feira, dia 10, quando fará a 16ª rodada de concessões. Segundo antecipado pelo Valor, ao todo, 17 petroleiras se inscreveram para disputar 36 blocos para exploração, em águas profundas e ultraprofundas, do litoral Sudeste e Nordeste. Já no dia 6 de novembro está previsto o megaleilão de excedentes da cessão onerosa e, no dia seguinte, a 6ª rodada do pré-sal, para a qual 13 empresas já foram habilitadas. 

Nessa fase dos leilões, as seguradoras costumam ser consultadas para a contratação principalmente do seguro garantia “bid”, que garante que a empresa irá assinar o contrato caso vença o certame. Além disso, elas são procuradas para a venda de seguro garantia de performance, obrigatório para o concessionário ou contratado para fazer frente aos riscos do programa exploratório mínimo, que pode durar até oito anos. 

“Temos sido consultados para a contratação de ambas as garantias, principalmente de empresas multinacionais”, diz Pedro Mattosinho, líder de seguro garantia da Zurich Seguros. “Agora, do ponto de vista do risco dos seguros garantia de performance, não é algo trivial, porque eles são de longo prazo.” O setor de óleo e gás representa entre 10% e 15% da carteira de exposição de riscos da Zurich, mas o executivo acredita que há espaço para crescimento. 

Segundo Mattosinho, no geral, as taxas desses seguros estão estáveis em relação ao praticado nas rodadas anteriores da ANP. Porém, as seguradoras que tiveram sinistros no passado podem ser mais cautelosas em assumir os riscos. 

Embora no momento do leilão o prêmio gerado pelo setor de óleo e gás para as seguradoras seja baixo - estima-se que, neste novo ciclo, fique em torno de R$ 100 milhões -, com o passar do tempo novas apólices vão sendo contratadas, e não apenas pelos vencedores do leilão, mas por toda a cadeia de fornecimento. Essas empresas foram penalizadas nos últimos anos pelos desdobramentos da operação Lava-Jato. 

A Petrobras também deve contribuir para acelerar as contratações de seguros, por conta das vendas de ativos em curso. A estatal iniciou o processo de venda de oito refinarias, que representam cerca de 50% da capacidade de refino nacional, ou 1,1 milhão de barris por dia de petróleo processado. 

“As empresas que comprarem esses ativos vão ter de começar a contratar programas de seguros, o que deve gerar mais prêmios ao mercado”, afirma Wellington Zanardi, diretor das áreas de grandes indústrias e energia da corretora Marsh Brasil. 

A Petrobras também deve agitar o mercado nesta semana, com recebimento de propostas para seu próprio programa de seguros. No total, são quase US$ 170 bilhões em ativos segurados por 18 meses, com a expectativa de geração de US$ 50 milhões em prêmios, segundo duas fontes consultadas. A franquia é de US$ 180 milhões por ocorrência, o que significa que a estatal absorve perdas até esse patamar.

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