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Previdência Privada: Captação líquida cresce 49% no 1º bimestre

Fonte: Valor Econômico

Previdência Privada: Saldo de aplicações dos planos PGBL e VGBL chegou a R$ 3,5 bilhões no ano, com destaque para as carteiras conservadores.

Os fundos de previdência aberta, que recebem aplicações de planos PGBL e VGBL, captaram R$ 3,5 bilhões no primeiro bimestre do ano, um aumento de 49% em relação ao mesmo período de 2010. Só em fevereiro, mês mais curto, a captação líquida foi de R$ 1,7 bilhão, com alta de 45,6%, aponta levantamento da consultoria NetQuant.

O desempenho positivo do mercado de previdência reflete os bons rumos da economia, aponta o vice-presidente de Vida e Previdência da SulAmérica, Renato Russo. Com indicadores de atividade positivos, como crescimento de renda e emprego formal, há uma tendência de expansão natural da formação de poupança, até por inércia, afirma. O consultor de previdência da MDS Corretora, Marcello Rudge Ribeiro, destaca ainda o amadurecimento do próprio setor, com a conscientização do investidor e das instituições acerca do papel da previdência no portfólio de investimentos.

Em relação ao perfil das aplicações, as carteiras de renda fixa e multimercados sem ações foram o grande destaque no bimestre, atraindo R$ 3,18 bilhões - no mesmo período do ano passado, o saldo das aplicações nesse segmento foi de apenas R$ 162,5 milhões. O crescimento da captação líquida foi puxado pelo aumento das contribuições. Enquanto as entradas nos fundos sem renda variável aumentaram 128,3% no período, de R$ 2,5 bilhões no primeiro bimestre de 2010 para R$ 5,7 bilhões, os resgates evoluíram apenas 7,63% no período, para R$ 2,5 bilhões.

Já os fundos com ações registraram aplicações neste ano, mas de apenas R$ 314,4 milhões. O resultado representa queda de 85,6% se comparado à captação líquida dessas carteiras no primeiro bimestre do ano passado. Além de o segmento registrar recuo de 38,5% nos aportes - de R$ 2,7 bilhões no primeiro bimestre de 2010 para R$ 1,7 bilhão neste ano -, os resgates cresceram de forma significativa: 136,5%, passando de R$ 587,3 milhões para R$ 1,4 bilhão na mesma comparação.

Levando em conta as subcategorias dos fundos com renda variável, os mais arriscados, com até 49% em ações, encerraram o primeiro bimestre com o melhor desempenho na categoria, ao atrair R$ 401,4 milhões. Os fundos com até 15% registraram captação líquida de R$ 132,3 milhões, mas os intermediários, que destinam parcela de até 30% para a renda variável, amargaram resgates de R$ 219,3 milhões.

O fraco desempenho das carteiras com ações, em termos de captação de recursos, é reflexo da maior aversão a risco, devido ao fraco desempenho da bolsa em 2010. O Ibovespa, principal índice do mercado, encerrou o ano passado com ganho de apenas 1,04%. Já em 2009, o retorno do índice foi de 82,66%, o que explica o forte apetite do investidor pelos fundos com ações no começo daquele ano. Mas isso durou até abril, quando a bolsa voltou a registrar perdas depois de dois meses de ganhos.

Desde maio de 2010, os fundos mais conservadores são os grandes destaques de captação mês após mês. No acumulado de 2010, para se ter ideia, as carteiras de renda fixa e multimercados sem ações atraíram R$ 17,4 bilhões, ante R$ 6,8 bilhões dos fundos com uma parcela em ações.

Os dados mostram que o investidor ainda olha o passado para selecionar o perfil de risco de suas aplicações. Neste ano, essa estratégia tem dado certo, já que os fundos de renda fixa e multimercados sem ações registram o melhor desempenho. No primeiro bimestre, os retornos ficaram em 1,36% e 1,37%, respectivamente. No universo das carteiras com renda variável, as que aplicam até 15% em ações registraram ganho médio de 0,61% e as com até 30%, 0,27%. Já os fundos com até 49% tiveram perda média de 0,50% no bimestre.

Mas, o horizonte de longo prazo característico da aplicação parece ter sido assimilado pelo aplicador, hoje em sua grande maioria pessoas físicas (mais de 80%). Russo, da SulAmérica, conta que é crescente a procura por planos com tabela regressiva de imposto de renda - cuja alíquota diminui conforme maior o prazo -, o que funciona como um retentor dos recursos, além de atestar a visão de longo prazo do investidor.

Para Ribeiro, da MDS Corretora, o fato de o mercado contar com a participação maciça da pessoa física, parte importante das contribuições está em débito automático, o que revela a fidelidade desse investidor. E também o amadurecimento do mercado, acrescenta. Tanto investidores como seguradoras e instituições financeiras acabaram entendendo que a previdência não concorre com as demais alternativas de poupança.

Um sinal disso, aponta o consultor, é a entrada de pequenos gestores e family offices na oferta de planos de previdência privada para complementar a prateleira de produtos, em parceria, principalmente, com seguradoras independentes. Apesar de representarem parcela pequena do mercado, essas instituições trabalham com investidores endinheirados, que contribuem com valores elevados.

Ribeiro lembra, ainda, que a base do mercado de previdência é relativamente baixa se comparada ao setor de fundos, representando cerca de 11% do patrimônio total. Isso acaba puxando as taxas de crescimento, explica. No fim de fevereiro, segundo a NetQuant, o patrimônio dos fundos de previdência somava R$ 187,5 bilhões, alta de 26% em ante o mesmo período de 2010.

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